Hoje, 9 de
agosto, comemora-se, em todo o mundo, o Dia Internacional dos Povos
Indígenas. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas
(ONU), em 1995, por meio de decreto, após uma série de reuniões, em
Genebra, sede da ONU, onde grupos indígenas, marginalizados à época, se
reuniam buscando garantir suas condições de vida e seus direitos
humanos. O movimento resultou na criação da Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada da 107ª Reunião Sessão
Plenária de 13 de setembro de 2007.
“A Declaração das Nações Unidas sobre os
Direitos dos Povos Indígenas estabelece uma referência para os governos
usarem a fim de fortalecerem relações com povos indígenas e protegerem
seus direitos humanos. Desde então, vimos mais governos trabalhando para
reparar injustiças econômicas e sociais, através de legislação e por
outros meios, e assuntos relacionados às populações indígenas
tornaram-se mais proeminentes do que nunca na agenda internacional”,
declarou o secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon.
Segundo ele, o tema escolhido pela ONU para o Dia Internacional dos Povos Indígenas deste ano é Cineastas Indígenas. “Esses
cineastas nos abrem janelas para suas comunidades, culturas e história e
seus trabalhos nos conectam a sistemas de fé e filosofias e capturam
tanto a rotina diária quanto o espírito das comunidades indígenas”,
justificou o secretário-Geral da ONU.
“Enquanto comemoramos essas
contribuições, convoco os governos e a sociedade civil a cumprirem suas
promessas de avançar a situação das populações indígenas em todo o
mundo”, conclamou Ban Ki-Moon.
Em mensagem divulgada hoje a
diretora-geral da Unesco, Irina Bokova lembrou que “em uma época aberta
ao debate sobre uma nova agenda de sustentabilidade global, é preciso
ouvir as vozes dos povos indígenas. É preciso levar em conta seus
direitos, culturas e sistemas de conhecimento”.
Bokova destacou que os povos indígenas
representam 370 milhões de pessoas vivendo em quase 90 países. “Eles são
guardiões de uma grande riqueza de idiomas e tradições. São portadores
de experiência singular em combinar diversidade cultural e biológica de
maneira sustentável. Têm acesso às mais profundas fontes de sabedoria e
criatividade.
No Brasil, o gerente do Memorial dos
Povos Indígenas e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da
Cátedra Indígena Internacional, Marcos Terena, lembra que “situações de
dominação devem despertar nossa revolta e nossa indignação”. “Mais do
que nunca nós, como parte do movimento indígena, devemos relembrar as
conquistas indígenas e, a cada 9 de agosto, jamais permitir que o homem
branco continue falando por nós, tomando nossas ideias e mantendo uma
postura de “grande pai”. Esse tempo já acabou, mas compete a nós
indígenas, fomentar, divulgar e fiscalizar essas ações racistas e
preconceituosas”, protesta Terena.
Políticas Culturais
Desde 2004 que o Ministério da Cultura
tem trabalhado com lideranças das várias comunidades indígenas
existentes no país, cuja população é de aproximadamente 817 mil pessoas,
segundo censo do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE) de 2012.
Essa população está organizada em 270 etnias falantes de 180 línguas
indígenas distintas.
Também em 2004 foi criado, no âmbito do
Ministério da Cultura, um Grupo de Trabalho. O GT, formado por
integrantes de associações dos povos indígenas brasileiros, de
representantes das universidades e do próprio MinC teve como objetivo
ajudar na elaboração de políticas públicas para o segmento. E em
2010,durante a II Conferência Nacional de Cultura, foram eleitos os
primeiros representantes indígenas do Colegiado de Culturas Indígenas.
Os projetos e ações fomentadas pelo
MinC, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural
(SCDC), fazem parte do escopo do Plano Setorial para as Culturas
Indígenas (PSCI), criado em 2010 e vinculado ao Plano Nacional de
Cultura (PNC). O Plano prevê o desenvolvimento de ações voltadas para a
proteção, a promoção e o fortalecimento e a valorização das culturas
indígenas.
Dentre as ações e projetos desenvolvidos
pelo Ministério da Cultura, a partir de 2005, estão os Pontos de
Cultura Indígenas, fomentados pelo Programa Cultura Viva, por meio de
editais. De 2005 até 2007, foram conveniados com o Ministério da Cultura
23 Pontos de Cultura Indígenas. E, em 2010, teve início o processo de
implantação de mais 30 Pontos de Cultura. Atualmente, existem,
aproximadamente, 105 Pontos de Cultura Indígenas implantados ou em fase
de implantação em todo o país. Ainda em 2012, a SCDC lançará nova
Chamada Pública para a seleção de mais 46 Pontos voltados para o fomento
da cultura do segmento.
Em
2007, o MinC abriu o primeiro edital voltado para a premiação de
iniciativas culturais realizadas pelos povos indígenas. Até 2010, foram
realizados três editais com um total de R$ 2,1 milhões pagos a 92
iniciativas premiadas.
Quarup
No Brasil, uma das maiores festas em
homenagem aos povos indígenas reúne, todos os anos no Xingu, vários
povos indígenas para a cerimônia do Quarup. A cerimônia, um ritual de
homenagem aos mortos ilustres celebrado pelos povos indígenas da região
do Xingu no Brasil, é realizada sempre em homenagem a uma figura
ilustre, seja por sua linhagem seja por sua liderança, e é uma grande
honra prestada a esta pessoa, colocando-a no mesmo nível dos ancestrais e
incorporando-a à história mítica.
Neste ano, a cerimônia do Quarup,
homenageará o antropólogo e educador Darcy Ribeiro. O evento acontecerá
nos dias 18 e 19, na aldeia Yawalapati, e contará com as presenças da
ministra da Cultura, Ana de Hollanda e da secretária da Cidadania e da
Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg.
(Redação: Heli Espíndola, Comunicação/SCDC)
(Fotos: Acervo SCDC)
(Fotos: Acervo SCDC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário