Banco de dados reúne casos ligados a lavagem de dinheiro e corrupção.
Deputado Paulo Maluf e banqueiro Daniel Dantas estão entre os citados.
Paulo Maluf no dia da diplomação como deputado,
em janeiro de 2011 (Foto: Roney Domingos/G1)
em janeiro de 2011 (Foto: Roney Domingos/G1)
Batizado de "The Grand Corruption Cases Database Project", o projeto reúne informações de cerca de 150 casos em que foram comprovadas movimentações bancárias de pelo menos US$ 1 milhão (R$ 2 milhões) relacionados à corrupção e lavagem de dinheiro.
A ideia teve origem em um relatório publicado pelo Banco Mundial no fim do ano passado. Segundo o estudo, a corrupção movimenta cerca de US$ 40 bilhões (R$ 80 bilhões) por ano no mundo.
O banco de dados coloca à disposição documentos e informações dos processos de cada caso, mas não há um ranking dos mais corruptos ou de qual país concentra casos mais graves e onerosos aos cofres públicos.
De acordo com a descrição no site, o projeto reúne casos de corrupção em grande escala entre 1980 e 2011 "envolvendo o mau uso de pelo menos uma entidade legal ou instrumento jurídico legal para ocultar o beneficiário e dissimular a orgiem ou destinação dos ativos roubados." O montate envolvido em cada caso, segundo o Banco Mundial, é de pelo menos US$ 1 milhão.
Dupla aparição
Entre os brasileiros presentes no levantamento, chama a atenção a dupla aparição do ex-prefeito da capital paulista e deputado federal, Paulo Maluf. Na primeira vez em que aparece no sistema, ele é acusado pelo procurador-geral de Nova York de movimentar US$ 140 milhões no Banco Safra, entre 1993 e 1996.
Em outro processo, é acusado de desviar dinheiro de pagamentos fraudulentos para contas em bancos em Nova York e na Ilha de Jersey, no Reino Unido. O assessor de imprensa de Maluf, Adilson Laranjeira, disse na quinta que "Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior".
O banqueiro Daniel Dantas também é citado no banco de dados criado pelo Banco Mundial pelo caso do Grupo Opportunity, em 2008, quando teve US$ 46 milhões bloqueados em contas do Reino Unido.
Em nota, o Opportunity afirma que esse relatório é datado de 2008 e está desatualizado. Leia a íntegra:
"O Banco Mundial está sendo notificado pelo Opportunity.
Esse relatório é datado de 2008 e está desatualizado. Afora isso, em 2008, a farsa da Satiagraha ainda não havia sido desmascarada em toda a sua extensão.
Por conta de possíveis erros como esse, o Banco Mundial expressamente não garante a veracidade das informações.
A Satigraha foi uma operação encomendada ancorada em provas forjadas e crimes financeiros inexistentes.
Em 9 de novembro de 2010, Protógenes Queiroz, à época delegado e comandante da operação, foi condenado por fraude processual e violação de sigilo funcional pela 7ª Vara Criminal de São Paulo. O Ministério Público entendeu também que ele deve responder pelos crimes de prevaricação e corrupção passiva.
Em junho de 2011, o Superior Tribunal de Justiça decidiu pela nulidade da Satiagraha."
O fundador e ex-presidente do Banco Santos, Edemar Cid, Ferreira também aparece na relação. Edemar rechaçou a publicação, alertando sobre a existência de um disclamer - segundo ele, um aviso da própria instituição de que "as constatações, interpretações e conclusões expressas no banco de dados não refletem necessariamente a opinião dos diretores executivos do Banco Mundial ou dos governos que eles representam".
O caso do propinoduto, que envolveu o ex-subsecretário de Administração Tributária do Rio Rodrigo Silveirinha Correa e outros três fiscais e quatro auditores da Receita Federal, também é citado. "Meu cliente é acusado de corrupção passiva, mas até hoje não foi identificado nenhum corruptor", afirmou o advogado de Silveirinha, Fernando Fragoso. Segundo ele, o fiscal não tomou conhecimento da citação do seu caso na lista.
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