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terça-feira, maio 22, 2012

Travestis recriam Santa Ceia em calendário; deputado diz que obra é ofensa aos cristãos

Travestis recriam Santa Ceia em calendário; deputado diz que obra é ofensa aos cristãos
Confusão no Ceará. O grupo "As Travestidas" lançou um calendário com transformistas recriando obras clássicas e cenas populares. Entre as 12 imagens "homenageadas" estão as pinturas "Mona Lisa" e "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, e a escultura Pietá, de Michelangelo.

O problema é que um deputado estadual considerou o "Translendário", como foi intitulado o trabalho, um "desrepeito" aos cristãos.

O deputado Fernando Hugo (PSDB-CE) apresentou o "Translendário" na última terça (8) no plenário da Assembleia Legislativa afirmando que as imagens o fizeram se sentir desrespeitado como cristão. "Eles [gays] que tanto querem respeito, deviam primeiro respeitar", disse em entrevista ao portal G1.

"A ideia do Translendário foi fazer um produto com qualidade que pudesse levar uma imagem positiva do universo trans. Uma imagem diferente da lama e da prostituição. Queríamos uma visibilidade positiva e, com uma boa fotografia, produção e design, pensamos em obras clássicas que fossem referência para as pessoas, que já fizessem parte do imaginário coletivo", explica Silvero Pereira, um dos idealizadores do projeto.

A obra ainda investe no humor, a página que traz a cantora Carmem Miranda vem com o título "Disseram que voltei Trans-Operada", já no mês de julho, a imagem que faz referência a capa do álbum "Abbey Road", do The Beattles, vem na versão "Crossdressroad".
Foram impressos 400 exemplares que, desde janeiro, são distribuídos em eventos e ONGs ligadas ao movimento LGBT de Fortaleza. Eles também estão disponíveis para venda pelo valor de R$ 10.
Apesar de contrário ao calendário, o deputado Fernando Hugo disse não ter nada contra os gays. "Porém, como cristão, sem ser piegas ou carolista, posso dizer que os travestis desrespeitaram o mundo cristão", afirma.
Segundo Silvero Pereira, o calendário não tem apelo religioso. "Não tem nada a ver com religião. É uma releitura artística, das obras de arte, assim como é feita em outras artes. Michelangelo e Da Vinci nem católicos eram", diz.

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