
imprimir Imagino como os outros policiais devem estar envergonhados por esses atos. Atos certamente praticados por quem não teve em casa o exemplo de pai, da mãe. Nós ficamos com esse vergonhoso retrato. Ficamos entre a polícia e o bandido, ambos ameaçadores.
Policiais com dois “D”: despreparo e desonestidade.
Em Fortaleza, houve despreparo. Ninguém da moto fez qualquer gesto ameaçador aos policiais. Apenas a moto parecia, para os policiais, que não obedecia à ordem de parar. A reação foi matar o filho de um trabalhador, o filho do condutor com um tiro na cabeça.
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Foi um tiro nos nossos direitos, no direito à vida, ao trabalho, de ir e vir e direito à paz. Um gatilho acionado por um homem com a farda que representa a proteção e a lei.
No Rio de Janeiro, exigência de propina ou o espancamento. Não era uma quadrilha que cobra segurança. Eram homens com a farda que deveria ser a proteção, o refúgio do cidadão inseguro.
E o episódio dos dois graduados da PM que liberaram um carro com sinais evidentes de ter atropelado alguém? Um carro que depois, em vez de tomar rumo à delegacia, foi conduzido para uma oficina. Só foi para a delegacia porque o dono do carro descobriu que o atropelamento praticado pelo filho ganhara repercussão. Se fosse um menino do morro, estaria tudo resolvido e esquecido.
A corrupção tem dois lados. Quem cobra, quem paga. O Código Penal inclui os dois: o ativo e o passivo. Tudo isso me faz lembrar um episódio exemplar ocorrido em Brasília. O filho de um poderoso ministro do governo fora preso de madrugada com drogas. O ministro foi chamado à delegacia. Ao constatar que a prisão se justificava, ofereceu advogado ao filho e consolo. Nem por um momento evocou o poder dele.
Também há anos, um ministro fez diferente: escondeu o carro do filho atropelador. Amor de pai educa, pune e ensina que a lei é mais forte até que policial desonesto.
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