
A ex-secretária da Receita depôs por duas horas no Senado, mas não apresentou provas da suposta reunião.
A ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, reafirmou nesta terça-feira, numa comissão do Senado, que teve um encontro reservado, no Palácio do Planalto, com o ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ministra já negou, várias vezes, esse encontro e tem mantido a posição de que cabe à Lina Vieira provar o que diz. No depoimento desta terça, a ex-secretária da Receita não apresentou provas. Por duas horas, os governistas protestaram contra o depoimento da ex-secretária da Receita Federal e acusaram a oposição de fazer uma armação política. Na sala lotada, o clima esquentou. "Sou tropa de choque sim, estou preparado contra os trombadinhas no poder", afirmou o senador Almeida Lima. Quando finalmente foi chamada para depor, Lina Vieira reafirmou que foi convidada para um encontro reservado com a ministra Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e que, durante a conversa de dez minutos, a ministra fez a ela um pedido especial. "Não me senti pressionada, eu fui ao gabinete da ministra e ela me pediu que agilizasse a fiscalização do filho do Sarney, eu interpretei que era para encerrar a investigação", declarou a ex-secretária.Lina Vieira criticou o suposto pedido da ministra: "Eu entendo que não pode haver ingerência política na administrações tributárias”. O líder do PT foi duro, queria saber por que a ex-secretária não denunciou o caso na época: "ou a senhora prevaricou ou a senhora não está falando a verdade. Vossa Excelência como secretára da Receita tinha a obrigação, pelo artigo 116 da lei, de representar contra a ministra e não o fez", disse o senador Aloízio Mercadante. "O pedido foi descabido, mas não vi nenhuma gravidade porque ela não pediu nem para aprofundar, nem parar de fiscalizar, ela me pediu para agilizar. E verifiquei que a Justiça já havia determinado que a Receita Federal, já que esta fiscalização estava aberta desde 2007 por determinação judicial, também fosse agilizada. Nesse sentido foi que não transmiti a informação e nem a conversa que tive com a ministra para os meus superiores", respondeu Lina. Lina Vieira disse que não se lembrava da data certa da conversa e que não tinha provas do encontro, mas deu detalhes: "Não preciso de agenda pra falar a verdade. O motorista que é terceirizado do Ministério da Fazenda me levou ao prédio do Palácio do Planalto, temos a placa do carro, entrei pela garagem. Tinha uma pessoa que fica no bureau, passei pelo detector de metais, peguei o elevador e subi ao quarto andar. No planalto deve ter a filmagem, eu entrando ou nos andares, lá no quarto andar, entrando na sala. Eu não sou fantasma". Para a oposição, a ministra Dilma Rousseff, que negou o encontro várias vezes, não falou a verdade. "A responsabilidade de contribuir para que a mentira não se consagre como uma arma de blindagens, de irregularidades cometidas no governo", declarou o senador Alvaro Dias. Já o líder do governo, disse que o depoimento de Lina Vieira não conseguiu provar que houve o encontro. "A doutora Lina não se lembra do dia, nem da hora. Acho que essa questão morre com a audiência de hoje", declarou o senador Romero Jucá. O senador Pedro Simon defendeu uma acareação entre Lina e Dilma e a ex-secretária concordou em participar. A ministra Dilma Rousseff passou o dia todo em casa, sem compromissos oficiais. A Casa Civil declarou que não vai se pronunciar sobre o depoimento de Lina Vieira. No final da noite, na CPI da Petrobras, parlamentares governistas conseguiram derrubar o requerimento para a convocação da ex-secretária da Receita.
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