
Um grupo de 30 índios, de cinco povos do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, interrompeu a conferência 'A crise e a integração solidária na América Latina, na tenda de Cuba. O ato foi para denunciar uma epidemia de hepatite tipo delta nas aldeias, que já teria matado mais de 100 deles.
O chefe da delegação, Jorge Marubo, pediu desculpas pelo protesto, mas disse que os povos índigenas Urubo, Marubo, Maiuruma, Matiz, Tanamau e Colina estão abandonados pelo Ministério da Saúde e pela Funai. As aldeias estão localizadas no município amazonense de Atalaia do Norte, fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia.
Segundo Jorge Marubo, a única forma que o grupo encontrou para chamar a atenção das autoridades foi fazendo o protesto. Ele informou que o grupo conseguiu uma audiência com uma representante do Ministério Público Federal de Brasília durante o Fórum Social Mundial, em Belém, para que o órgão acione o Ministério da Saúde a tomar providências imediatas. Os índios também conversaram com o presidente da Funai, Márcio Meira, que prometeu pressionar o ministério para mandar as missões de saúde às aldeias.
De borduna, zarabatana e flechas nas mãos, um dos índios do Vale do Javari emocionou os participantes relatando a perda de oito parentes da família, vítimas de hepatite. Segundo o grupo, doenças como malária e tuberculose também estão atingindo a comunidade indígena. 'Estamos pedindo socorro. Estou perdendo meus parentes', disse um dos manifestantes.
Jorge Marubo declarou que desde a década de 1980 os cinco povos do Vale do Javari sofrem com altos índices de hepatite no local e nenhuma ação de saúde foi efetivada para coibir a doença na área. 'Somos a segunda maior terra indígena do Brasil e somos mais de 3,7 mil pessoas abandonadas, porque 80% da nossa população já foi contaminada pela hepatite', revelou, muito aplaudido pelo público da conferência.
Para Marubo, o que acontece hoje com as tribos do extremo oeste do Amazonas é um 'genocídio silencioso'.
Os índios percorreram o campus da UFPA e foram à Casa da Comunicação reforçar a denúncia.
Participantes do Fórum ficam a ver navios no rio
Mais de 100 turistas e participantes do Fórum Social Mundial 2009 ficaram por mais de duas horas no meio do rio Guamá, a 40 minutos da Universidade Federal do Pará (UFPA), depois que a embarcação Zé Ayres, em que estavam, encalhou no canal de acesso ao Porto de Itacuã.
O barco foi contratado pelo Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema) para levar pesquisadores e cientistas da França, Alemanha, China, Inglaterra e Japão a um criadouro de peixes desenvolvido pela instituição.
A embarcação encalhou em razão da vazante da maré. O barco precisava de uma profundidade de 1,40 metro e arrastou no banco de areia a 1,20 m. Como não conseguiu passar pelo canal, os passageiros fizeram a opção por esperar a maré subir. Porém, segundo o major Cláudio Tavernard, do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, depois de uma avaliação criteriosa das condições do barco, constatou-se que a hélice havia empenado, o que inviabilizaria a navegação.
O coordenador do Poema, Thomas Mitschein, estava a bordo e coordenou junto com a equipe do Corpo de Bombeiros a retirada de todos os passageiros. Até às 13 horas, metade das pessoas que estava a bordo foi levada de volta ao trapiche da base fluvial da corporação, no campus Básico da universidade.
Levaram de volta os passageiros para o porto do Poema. Segundo o major Tavernard, a Capitania dos Portos foi acionada para providenciar que o barco fosse rebocado do canal. 'Vai ser preciso uma embarcação de grande porte para puxar', disse. Decepcionados, os turistas e participantes do FSM ainda alimentavam a esperança de conhecer o projeto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário