
Saques, quebra-quebra e violência pelas ruas: opositores do presidente Evo Morales nos estados mais ricos estão rebelados em protesto contra a nova lei do gás.
A Bolívia está em clima de guerra civil. O país se desintegra e se divide em duas partes. Manifestantes de cinco estados ocuparam usinas de gás e invadiram prédios públicos. O governo enviou tropas para conter a violência. A origem da crise? Os governadores da chamada Meia-Lua, os estados mais ricos, querem autonomia – sempre a quiseram – e não aceitam o corte de receitas da produção do gás determinado pelo presidente Evo Morales. Em Santa Cruz de La Sierra, os enviados especiais da TV Globo, Rodrigo Bocardi e Rogério Rocha, acompanham a crise que já provocou a redução do fornecimento de gás ao Brasil. Logo na chegada, já foi possível ver que a situação é de graves conflitos. Depois de percorrer apenas um quilômetro e meio, é preciso descer do carro, pegar as malas, caminhar a pé, atravessar um portão e uma barreira de segurança e pegar outro táxi. Aí sim dá para dizer que se saiu do Aeroporto de Santa Cruz de La Sierra para chegar à Bolívia dos conflitos. “Foi a maneira que encontramos para preservar os vôos, proteger os passageiros e evitar a invasão das pistas”, disse o gerente do aeroporto. Em outro ponto da cidade, são encontradas pedras, paus e vidros quebrados. No maior terminal de Santa Cruz de La Sierra, os ônibus saem para várias cidades do interior da Bolívia. Às 20h, horário é de maior movimento, o saguão está vazio, com as lojas fechadas e nenhum passageiro. Os manifestantes, depois de muito conflito com a policia, ocuparam o terminal às 15h. Foi mais um dia de conflitos. Opositores de Evo Morales atacaram e saquearam diversos prédios públicos. A origem dos confrontos é a divisão dos impostos gerados pelo gás. O governo central quer diminuir a parcela que cabe às províncias para criar um programa de pensão. Os cinco estados mais ricas do país, onde o gás é abundante, se rebelaram. “Esse governo central se recusa a reconhecer o direito do povo e a sua determinação pela autonomia departamental”, afirmou o governador de Santa Cruz de La Sierra, Ruben Costas. Os opositores de Evo Morales conseguiram bloquear uma válvula do gasoduto Transierra, que abastece o gasoduto Brasil-Bolivia, e paralisaram a produção em outra unidade: a de Volta Grande. O prejuízo foi estimado pelas autoridades bolivianas em 10% de todo gás que abastece automóveis e indústrias no Brasil. Em nota, o Itamaraty afirmou que o governo brasileiro acompanha com grande preocupação os acontecimentos. Na Bolívia, as autoridades prometeram mais soldados nas usinas de gás. No Brasil, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, garantiu que não haverá desabastecimento. Um plano de emergência estaria pronto para ser posto em operação pela Petrobras. “O fato é que já temos um plano de contingência. Nós vamos tirar de funcionamento algumas térmicas que são da própria Petrobras e que funciona a gás. Nesse novo lugar, nós temos as térmicas da Eletrobras, do Sistema Petrobras e de outras térmicas até privadas que, paulatinamente, deixarão de funcionar a gás, mas poderão funcionar a diesel. Em última hipótese, nós temos ainda o próprio gás da Petrobras, que é injetado nos poços para produzir petróleo”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.
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