Decretada prisão de acusados de torturar jornalistas na favela do Batan
Acusados foram denunciados pelos crimes de formação de quadrilha, tortura e roubo.Equipe de reportagem foi feita refém e torturada no dia 14 de maio.
O juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal de Bangu, decretou nesta quinta-feira (31) a prisão preventiva de Odinei Fernando da Silva e de Davi Liberato de Araújo, ambos acusados de torturar uma equipe de reportagem do jornal “O Dia” em maio deste ano, na Favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio. Segundo a Justiça, os dois já estavam presos temporariamente.
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A prisão foi decretada logo após o Ministério Público Estadual oferecer denuncia conta os acusados pelos crimes de formação de quadrilha, tortura e roubo. Segundo o Tribunal de Justiça, o juiz marcou o interrogatório dos presos para o dia 7 de agosto. A prisão dos acusados, de acordo com o juiz, é essencial para garantir a instrução do processo de forma efetiva e concreta e também para dar tranqüilidade e segurança às eventuais testemunhas.
A equipe de reportagem, integrada por uma jornalista, um fotógrafo e o motorista, passou 14 dias na favela do Batan, para preparar uma reportagem para descrever como é a vida numa região controlada pela milícia. No dia 14 de maio, eles foram detidos, torturados e ameaçados. O crime só foi divulgado no dia 1º de junho, para não prejudicar as investigações.
Acusados são denunciados pelo MP
O Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu, nesta quinta-feira (31), denúncia contra Odinei Fernando da Silva e Davi Liberato de Araújo pela prática dos crimes de quadrilha armada, tortura e roubo.
Se condenados, a pena pode chegar a 20 anos de prisão. O Ministério Público pediu à Justiça a decretação da prisão preventiva dos suspeitos.
De acordo com o promotor Horácio Afonso de Figueiredo da Fonseca, da 2ª Promotoria de Justiça, os dois também são suspeitos pela prática de crimes de revenda ilegal de gás, distribuição de sinal clandestino de TV a cabo e de comandar uma grupo armado que atua naquela comunidade.
Socos e choques elétricos
A denúncia de que os jornalistas tinham sido feitos reféns e torturados foi a manchete da edição de 1º de junho de “O Dia”, que chegou no sábado (31 de maio) à tarde às bancas. Uma repórter, um fotógrafo e um motorista foram seqüestrados e mantidos em cárcere privado.Segundo o jornal, a equipe fazia uma reportagem na favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste do Rio, sobre a ação das milícias, que são grupos paramilitares que dão suposta proteção aos moradores em troca de dinheiro e do domínio da região.
A reportagem revela ainda que os profissionais estavam vivendo na comunidade, em uma casa alugada, por um período de duas semanas.
Jornalistas foram capturados em 14 de maio
Eles foram capturados no dia 14 de maio. Segundo o jornal, o fotógrafo, o motorista e um morador foram rendidos por um grupo armado e encapuzados. De lá seguiram até a casa onde estava a repórter. Ela também foi capturada e os quatro foram levados para um cativeiro. De acordo com o jornal, em sete horas e meia de terror, a equipe foi submetida a socos, pontapés, choques elétricos e sufocamento com saco plástico. Segundo a reportagem, os profissionais foram soltos sob a condição de não denunciarem os agressores.
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