Inquérito é relacionado a um desdobramento da Operação Lava Jato e apura supostas fraudes em empréstimos consignados aos servidores públicos federais.
Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília
A Polícia Federal concluiu um inquérito que tem a senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR) entre os investigados e, no relatório, afirma ter
encontrado evidências de que a presidente do PT recebeu R$ 1 milhão em
propina.
Em nota, Gleisi criticou o "vazamento" de informações sobre o
relatório, acrescentando ser "vítima de calúnia e de perseguição" (leia detalhes mais abaixo).
O relatório da PF foi enviado em março ao ministro Dias Toffoli, do
Supremo Tribunal Federal (STF).
Neste inquérito, o ex-ministro do
Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo também é investigado –
ele é marido de Gleisi.
O inquérito é relacionado a um desdobramento da Operação Lava Jato e
apura supostas fraudes em empréstimos consignados aos servidores
públicos federais.
A empresa Consist, que administrava o programa de computador usado nos
empréstimos, é suspeita de ter repassado R$ 100 milhões ao PT e a
políticos.
Há também a suspeita de que a companhia fez pagamentos ao escritório do
advogado eleitoral Guilherme Gonçalves, suspeito de repassar o dinheiro
a Gleisi.
O relatório.
A informação sobre a conclusão do relatório da PF foi divulgada no site
da revista Veja nesta quinta e confirmada pela TV Globo.
Segundo as investigações, há pagamentos e movimentação de valores
ligados a Gleisi que chegam a R$ 1 milhão e teriam origem no suposto
esquema que envolve a Consist.
A Polícia Federal viu indícios de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
No relatório, a PF afirma: "Existem indicativos de que Gleisi Helena
Hoffmann de alguma forma colaborou para ocultar ou dissimular a
natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade
de bens, direitos ou valores oriundos do esquema criminoso Consist, pois
foram identificados diversos registros de pagamentos feitos em
benefício da senadora Gleisi Helena Hoffmann ou de pessoas relacionadas a
ela e/ou ao marido Paulo Bernardo entre os anos de 2010 e 2015."
Ainda de acordo com a PF, R$ 390 mil registrados como pagamentos feitos
por Paulo Bernardo e Gleisi ao advogado eram, na verdade, dinheiro da
Consist.
Latam.
No relatório, a Polícia Federal também aponta o possível pagamento de caixa 2 pela companhia aérea Latam a Gleisi.
A PF identificou o pagamento de R$ 300 mil pela companhia em 30 de
agosto de 2010 ao escritório de Guilherme Gonçalves, que afirma não ter
prestado serviço à Latam.
Para a Polícia Federal, o contrato foi simulado, e a conduta pode configurar crime de falsidade ideológica eleitoral.
No documento, a PF afirma: "Existem indicativos de que Gleisi Hoffmann,
com a participação de Marco Antonio Bologna (ex-presidente da TAM),
Luiz Claudio Mattos de Aguiar (ex-diretor jurÍdico da TAM) e Guilherme
Gonçalves (advogado da área eleitoral), ao menos omitiu, em documento
público ou particular, a saber a prestação de contas relativa à campanha
ao Senado Federal de 2010, declaração de que recebeu, em 30/08/2010, R$
300.000,00 (trezentos mil reais) da empresa TAM para fins eleitorais
por intermédio de um contrato de consultoria jurídica simulado entre o
escritório de Guilherme Gonçalves e a empresa TAM sem a correspondente
prestação do serviço, mas com registro de uso como honorário eleitoral."
Versões.
Saiba abaixo o que todos os citados no relatório da PF afirmaram:
A senadora Gleisi Hoffmann
questionou o vazamento do relatório de um processo que corre em segredo
de Justiça, afirmando que lamenta ser vítima de calúnias e perseguição.
A parlamentar declarou ainda que nunca teve as contas pagas por
terceiros nem recebeu dinheiro ilegal para ela ou para as campanhas.
Segundo a senadora, não há qualquer fato ou prova, mas, sim, insinuações
levianas que remetem a terceiros.
A defesa de Paulo Bernardo disse que ele não é investigado neste inquérito.
A empresa Consist declarou que sempre colaborou e continuará colaborando com a Justiça.
A TAM
declarou que forneceu todos os esclarecimentos às autoridades e disse
que reafirma o compromisso com o cumprimento das normas e das leis
vigentes.
A TV Globo não localizou Guilherme Gonçalves, Marco Antonio Bologna e Luiz Cláudio Mattos de Aguiar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário