Caderno foi encontrado durante ação da Polícia Civil e do Ministério Público. Parlamentar afirma que anotações fazem parte de campanha da igreja.
Por G1 DF e TV Globo
Uma agenda apreendida na casa da deputada Sandra Faraj (sem partido)
revela os projetos políticos e pessoais da distrital.
As anotações foram
encontradas em abril do ano passado, durante uma operação da Polícia
Civil e do Ministério Público do Distrito Federal.
O G1 e a TV Globo tiveram acesso ao conteúdo do caderno nesta segunda-feira (3).
Em cada página, a deputada escreveu um desejo.
Em uma delas, o pedido é
de proteção para ela e o, então chefe de gabinete, Manoel Carneiro.
Ele
se tornou a principal testemunha contra a parlamentar na denúncia de
desvio de recursos de verba indenizatória da Câmara Legislativa do
Distrito Federal (CLDF).
"[...] me livre de toda improbidade administrativa ou ação do Ministério Público, do Tribunal de Contas do DF e das polícias civil e federal."
Outro desejo escrito no caderno é o de que o irmão – Fadi Faraj –, e a
família sejam próximos do governador Rodrigo Rollemberg.
"[...] que o
governador nos dê a Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho, a
Administração de Taguatinga, subsecretarias da cultura, conselhos
[...]".
Procurada pela TV Globo, a deputada disse que o caderno dos sonhos é
pessoal, "parte de uma campanha anual da igreja".
Afirmou, ainda, que
registrou "orações e pedidos pessoais", e que não têm nada a ver com o
processo em questão.
Lista de desejos
O texto demonstra, ainda, o interesse da deputada na diretoria da
Terracap, acessos na Secretaria de Saúde, no Banco Regional de Brasília
(BRB), na Companhia Energética (CEB), na Secretaria de Habitação, na
Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) e outras estruturas, com mais
de 600 cargos diretos.
Sandra Faraj também escreve para que o irmão, Fadi, se torne senador.
Atualmente, ele é segundo suplente do senador, pelo DF, Antônio Reguffe
(sem partido).
Condomínio em Miami, avião...
Para além do âmbito político, a distrital escreveu o desejo de ter uma
casa em um condomínio em Miami (EUA), onde alguns imóveis chegam a
custar R$ 3 milhões.
Em Brasília, o desejo é "uma mansão na QL 6 do Lago
Sul, uma lancha, e um avião pra mais de sete pessoas".
Nas anotações, Sandra Faraj revela pretender ser presidente da Câmara
Legislativa e também do partido Solidariedade.
Apesar dos desejos, no
fim do mês passado, a distrital foi convidada a se retirar da legenda pela executiva nacional e, atualmente, está sem partido.
Investigações
Sandra Faraj é suspeita de ter fraudado notas fiscais e assinaturas
para receber cerca de R$ 150 mil de verba indenizatória da CLDF.
O
dinheiro era para, supostamente, pagar serviços de publicidade e informática da empresa NetPub.
Apesar de liberada pela Câmara, o dono da empresa afirma que nunca recebeu a verba da deputada.
A denúncia contra Faraj vai ser analisada na terça (6)
pelo conselho especial do Tribunal de Justiça.
O Ministério Público,
autor da denúncia, disse que o conteúdo da agenda está na ação penal
para demonstrar a "personalidade da deputada".
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