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sexta-feira, maio 01, 2009

Com 350 homens, PF inicia desocupação de reserva

Polícia federal para garantir
a ordem e cumprimento da lei

Líder dos arrozeiros

Máquinas agrícolas retiradas

Começa nesta sexta (1º) a operação montada pelo governo para retirar da reserva Raposa Serra do Sol os não indios remanescentes.

A Polícia Federal mobilizou cerca de 350 homens. Uma parte do contingente integra a Força Nacional de Segurança.

Na tarde desta quinta (30), foram à região 300 policiais. Instalaram-se em bases montadas em quatro localidades: Surumu, Placas, Lago Caracaranã e Passarão.

Na madrugada desta sexta, o superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, comandaria o deslocamento de um comboio com mais 50 policiais.

Se necessário, os não índios serão retirados a força. Expirou na noite passada o prazo dado pelo STF para que os arrozeiros deixassem a reserva.

Segundo José Maria, o mandachuva local da PF, “a desocupação será gradativa”. Os policiais percorrerão, primeiro, as seis maiores fazendas encrustadas na reserva.

Serão divididos em dois grupos –os da linha de frente portarão armamento não letal. Os da retaguarda manusearão armas convencionais, letais.

A operação será acompanhada por três magistrados: o presidente do TRF da 1ª Região, Jirair Meguerian, e dois juízes federais.

Vão à Raposa Serra do Sol munidos de documentos que lhes permitirão expedir, se necessário, mandados de prisão.

Nesta quinta (30), o desembargador Jirair, do TRF-1, visitou a Vila de Surumu. É a porta de entrada na reserva. Um “ponto nevrálgico” da desocupação, segundo ele.

O magistrado joga suas fichas numa desocupação pacífica. É cuidadoso, porém, na escolha dos vocábulos:

“Aparentemente, não haverá conflito em Surumu, mas como é o ponto nevrálgico [...] solicitei que fosse montada lá uma base permanente— 56 policiais estão de prontidão para manter a segurança em Surumu”.

O desembargador foi à reserva como representante máximo do Judiciário.

Disse que, em princípio, a polícia não recorrerá à violência. A menos que seja recebida com animosidade desmedida.

“Não vamos praticar violência. Só haverá necessidade de violência se houver resistência com violência...”

“...Se houver resistência pacífica, vou tentar convencer as pessoas de que não adianta deixar de atender uma decisão judicial...”

“Principalmente da Suprema Corte, que é o último órgão judiciário. Não há mais nada o que fazer, é irreversível, tem que ser cumprido”.

Enquanto o presidente do TRF-1 vistoriava Surumu, arrozeiros promoviam um protesto em Boa Vista.

Estacionaram defronte do palácio do governo uma frota de caminhões e máquinas –colheitadeiras, tratores, plantadeiras, pulverizadores, etc.

Desenrolaram faixas com dizeres contrários à decisão do STF. Enfeitaram os veículos com pedaços de pano preto. Símbolo do luto.

Líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero disse: “Esse é apenas o começo. Vamos entupir isso aqui de máquinas, colocar gado e cavalos na praça pública...”

“...Não temos para onde levá-los. Vamos ficar aqui até quando aparecer solução, até sermos respeitados...”

“...Nós estamos vivos e não estamos com medo das intimidações e ameaças da Polícia Federal e da Justiça. O Supremo e o governo federal vão ter que aprender a respeitar a população de Roraima”.

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