g1.globo.com
Por G1.
08/07/2019/ 12h29.
Por G1.
08/07/2019/ 12h29.
O bilionário americano Jeffrey Epstein, de 66 anos, foi acusado criminalmente nesta segunda-feira (8) em Nova York, nos Estados Unidos,
de ter abusado de meninas de 14 anos e de operar uma rede de exploração
sexual de menores.
Ele foi preso no sábado (6) e compareceu ao tribunal nesta segunda, onde se declarou inocente.
Ele foi preso no sábado (6) e compareceu ao tribunal nesta segunda, onde se declarou inocente.
Os procuradores federais que trabalham no caso pediram que o bilionário
seja detido até o julgamento, dizendo que ele representa um "risco
extraordinário de fuga" por causa de sua riqueza "exorbitante", posse de
aviões privados capazes de viajar internacionalmente e laços
internacionais significativos, diz a Reuters.
De acordo com a acusação, Epstein coordenou uma rede, entre 2002 e
2005, que pagava centenas de dólares em dinheiro para meninas irem até
suas casas de luxo, em Nova York e na Flórida, e realizarem atos
sexuais, ou para recrutar outras menores com a mesma finalidade.
“Deste modo, Epstein criou uma vasta rede de vítimas menores de idade para explorar sexualmente, muitas vezes diariamente", disse o gabinete da Procuradoria dos EUA em um comunicado à imprensa, de acordo com a CNN.
Os investigadores afirmam terem apreendido fotos de meninas nuas, menores de idade, na mansão que Epstein tem em Manhattan.
Jeffrey Epstein, de 66 anos, foi preso no sábado (6). — Foto: Florida Department of Law Enforcement/Handout via Reuters.
As acusações desta segunda (8), feitas em uma corte de Manhattan, vêm
mais de uma década após um acordo que protegeu o bilionário de 66 anos
de acusações semelhantes na Flórida (veja mais abaixo).
Em documentos anteriores, Epstein havia afirmado que seus encontros com
supostas vítimas foram consensuais e que ele achava que elas tinham 18
anos quando ocorreram.
Segundo a acusação desta segunda (8), entretanto, Epstein "intencionalmente procurava menores e sabia que muitas de suas vítimas tinham menos de 18 anos, inclusive porque, em alguns casos, as vítimas lhe disseram sua idade".
O advogado de Epstein, Jack Goldberger, já havia afirmado, antes de as
acusações serem tornadas públicas, que o cliente se declararia inocente.
Conhecido por socializar com políticos e membros da realeza, Epstein já teve amigos que incluíam o presidente dos EUA, Donald Trump, o ex-presidente Bill Clinton, e, de acordo com documentos da corte britânicos, o príncipe Andrew.
Nenhuma dessas pessoas foi mencionada na acusação, segundo a Reuters.
A casa de Jeffrey Epstein em Nova York. — Foto: Carlo Allegri/Reuters.
Inicialmente, Epstein recrutava as vítimas para fornecer "massagens" —
que elas executavam total ou parcialmente nuas, segundo a acusação.
Os procuradores disseram que os encontros se tornavam cada vez mais
sexuais, às vezes incluindo contato indireto com os órgãos genitais das
vítimas — quando Epstein normalmente se masturbava e pedia que as
vítimas o tocassem enquanto ele o fazia.
Três funcionários anônimos, um em Manhattan e dois em Palm Beach,
ajudaram Epstein a organizar alguns de seus encontros sexuais, disse a
acusação.
Acordo anterior e ligação com Trump
A foto, de julho de 2008, mostra Epstein sob custódia em West Palm
Beach, na Flórida. — Foto: Uma Sanghvi/Palm Beach Post via AP.
Epstein foi investigado pela primeira vez em 2005, depois que a polícia
de Palm Beach, na Flórida, recebeu denúncias de que ele havia abusado
sexualmente de garotas menores em sua mansão.
Em 2007, Epstein enfrentava uma potencial acusação federal por abusar
sexualmente de dezenas de garotas entre 1999 e 2007, instruindo outros a
abusar delas e pagando funcionários para trazer vítimas para ele, de
acordo com documentos judiciais.
No entanto, Epstein fechou um acordo para se declarar culpado por
uma acusação menor, do estado da Flórida, de prostituição.
Ele cumpriu 13 meses de prisão, mas foi autorizado a sair durante o dia para ir a seu escritório e concordou em se registrar como agressor sexual.
Epstein também pagou a restituição às vítimas identificadas pelo FBI.
Ele cumpriu 13 meses de prisão, mas foi autorizado a sair durante o dia para ir a seu escritório e concordou em se registrar como agressor sexual.
Epstein também pagou a restituição às vítimas identificadas pelo FBI.
O presidente americano, Donald Trump, elogiou Jeffrey Epstein em entrevista concedida em 2002. — Foto: Saul Loeb / AFP.
Vários dos que o acusavam, entretanto, contestaram o acordo na Flórida
na Justiça, dizendo que lhes foi negada a chance de expressar suas
opiniões, violando a lei federal de direitos das vítimas de crimes.
Em fevereiro deste ano, um juiz distrital na Flórida concordou, dizendo que o acordo era ilegal.
Mesmo assim, o Departamento de Justiça dos EUA afirmou, em um processo
judicial no mês passado, que não havia motivo para cancelar o acordo.
Entre os procuradores envolvidos no acordo estava Alex Acosta,
então procurador dos EUA para o Distrito Sul da Flórida e agora
Secretário do Trabalho de Trump.
Em abril, quando questionado sobre o papel dele no caso, Acosta afirmou que "entendia a frustração" com o resultado.
Em abril, quando questionado sobre o papel dele no caso, Acosta afirmou que "entendia a frustração" com o resultado.
"É importante entender que ele iria se safar sem prisão ou restituição.
Foi o trabalho de nosso escritório que resultou na prisão dele", afirmou Acosta.
Uma porta-voz do Departamento do Trabalho se recusou, no domingo (7), a comentar a prisão de Epstein.
Em 2002, o presidente americano elogiou Epstein em uma entrevista à "New York Magazine".
"Eu conheço Jeff há quinze anos.
Um cara fantástico", disse Trump. "Ele é muito divertido.
Comenta-se até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são mais jovens.
Sem dúvida, Jeffrey gosta de sua vida social", declarou o presidente americano, segundo a Reuters.
O Departamento de Justiça está investigando se os advogados do governo cometeram má conduta profissional no caso da Flórida.