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Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, recebeu indicação do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS). Parque Nacional da Lagoa do Peixe contava com chefe ligado ao ICMBio, que foi exonerado em abril.
Parque Nacional da Lagoa do Peixe recebe Festival Brasileiro das Aves Migratórias — Foto: Divulgação João Batista Cardozo.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,
nomeou a engenheira agrônoma e produtora rural Maira Santos de Souza,
de 25 anos, como chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Litoral
Sul do Rio Grande do Sul.
O parque é administrado pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade e, até abril de 2019, contava
com um chefe ligado ao ICMBio.
Filha de fazendeiros conhecidos na região de Mostardas, Maira trabalha
na propriedade de arroz e soja da família.
Ela foi indicada pelo
deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), que também é presidente da
Frente Parlamentar da Agropecuária.
Ao G1,
o deputado disse que alguns nomes foram elencados a partir de uma
demanda dos próprios produtores da região que pediram alguém de
confiança para o cargo.
Maira acabou sendo a escolhida.
"Quando o ministro esteve na Lagoa do Peixe, ele conversou com os
produtores que estavam lá em virtude de que o pessoal do ICMBio não
acompanhou a audiência.
E os produtores pediram que para poder fazer uma
mediação correta precisava ser alguém da região", justifica Moreira.
O deputado diz que o parque foi criado de forma irregular, sem
participação de moradores.
Diante dessa situação, os
produtores rurais defendem duas alternativas.
"Ou de continuar como parque e estabelecer um plano de manejo, e a
utilização turística para ter retorno, já que a terra deles está sem
valor, e eles não conseguem vender em virtude desse problema.
Ou então
uma decisão que eles querem transformar em área de preservação
ambiental, porque aí o plano de manejo permite que eles possam utilizar a
terra adequadamente", detalha Moreira.
Ministro visitou o RS em abril de 2019 — Foto: Reprodução/RBS TV.
A gestão do Parque Nacional da Lagoa do Peixe está cercada de polêmicas
desde que Ricardo Salles participou de um encontro com produtores
locais na unidade em abril.
No mesmo mês, o ministro mandou exonerar
Fernando Weber, que chefiava o parque.
O dirigente também era vinculado
ao ICMBio.
Questionado, na ocasião, sobre as razões que levaram à demissão de
Weber, Salles disse apenas que “cargo de confiança é prerrogativa do
Executivo escolher”.
Antes de demissão de Weber, o então presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, já havia pedido exoneração do cargo após o ministro determinar a abertura de um processo administrativo contra funcionários do ICMBio do Rio Grande do Sul.
O anúncio de Salles foi feito na frente de Eberhard durante a visita do ministro à região.
O Parque Nacional da Lagoa do Peixe é reconhecido internacionalmente
como um santuário para centenas espécies de aves, que chegam em várias
épocas do ano, vindas de países como Canadá, Estados Unidos, Chile e
Argentina em grandes bandos, em busca de abrigo e alimentação.
Mais de 270 espécies de aves foram catalogadas ali.
Algumas delas
criticamente ameaçadas, como o maçarico-de-papo-vermelho, conhecido por
migrar enormes distâncias entre os hemisférios Sul e Norte.