“Homens de todas as latitudes e de todas as raças
(...), homens de todas as idades (...), homens de todas as profissões e dos
credos mais diversos (...), devemos, pois, olhar bem de frente essa Esfinge dos
novos tempos, para decifrar-lhe o mistério tremendo que em si mesmo encerra, e
fortalecermo-nos na defesa da Liberdade, que é exigência essencial e
impenhorável da condição humana, para que nem na guerra acabemos por soçobrar,
vencidos, nem por ela mesmo soçobre, afinal, conosco, a Humanidade inteira. ”
General Golbery do Couto e Silva
(um dos criadores do Serviço Nacional de Informações).
A atividade de Inteligência se ocupa de temas do âmbito externo e
interno do país.
No âmbito externo, tem como missão obter e analisar
dados que ofereçam suporte aos objetivos nacionais, tanto na defesa
contra as ameaças existentes quanto na identificação de oportunidades.
Sob a perspectiva interna, a Inteligência enfoca a proteção do Estado,
da sociedade, a estabilidade das instituições democráticas e a
eficiência da gestão pública.
Pode adquirir caráter mais tático, na assessoria ao planejamento de ações policiais, militares, civis, ou de fiscalizações.
Pode ainda ser mais operacional, no apoio a ações efetivas de combate militar, perseguição e busca por criminosos, enfrentamento e prevenção de ilícitos.
Quem se dedica a esse tipo de serviço milenar, além de ter vocação para desempenhar bem essa atividade, tem que ter sangue frio, discrição, muita paciência para se dedicar se possível, anos para concluir uma investigação, porque não existe crime perfeito, o que existe, é exatamente a falta de perseverança e paciência para a elucidação de atos ilícitos praticado de forma individual ou coletiva.
Paralelamente ao mundo de reis, políticos,
diplomatas e generais, há uma realidade pouco conhecida, na qual homens e
mulheres operam, desde sempre, no silêncio, com códigos de conduta próprios,
sob as mais distintas razões, e recorrendo a técnicas conhecidas apenas de
poucos que adentraram nesse hermético plano.
Chamada por alguns de “a arte negra” e também de “o
grande jogo”, essa atividade sempre existiu associada às relações de poder,
influenciando acontecimentos no interior das nações e afetando as relações
internacionais.
Por séculos, homens e mulheres que operavam a “arte
negra” influenciaram as decisões de reis e príncipes, políticos e generais,
homens de negócios e líderes revolucionários.
Por séculos, essa atividade garantiu a ingerência
daqueles que a dominavam sobre os destinos de milhões.
Outrora chamada simplesmente de “espionagem”, esse
ofício é atualmente conhecido como “atividade de inteligência”, e tem em seu
cerne a obtenção de dados negados para a produção de um conhecimento que
assessore o processo decisório nos mais diferentes níveis, de um oficial no
campo de batalha ao chefe da nação mais poderosa, passando pelo empresário que
precisa conhecer o cliente e a concorrência e pelo planejador de políticas
públicas.
Desde que o homem primitivo necessitou pela
primeira vez enviar alguém para a comunidade vizinha para descobrir o segredo
do fogo, os espiões vêm sendo empregados com os objetivos mais distintos.
A História é pródiga nos casos de líderes que
controlavam grandes redes de agentes secretos, fazendo deles instrumentos fundamentais
na arte de governar: Moisés, Alexandre, Augusto, Washington, Napoleão,
Bismarck, Stalin, Kennedy...
Para o bem ou para o mal, esses homens em suas
decisões fizeram uso dos serviços secretos e das informações obtidas de maneira
nem sempre “honesta”.
Com o Estado moderno, o recurso a espiões passou a
ser uma atividade estatal.
Democracias, regimes autoritários, monarquias e
repúblicas, capitalistas, comunistas, fascistas, grandes e pequenas nações,
pobres e ricos, diferentes Governos nos mais distintos pontos do globo
recorreram e recorrem à atividade de inteligência, que se profissionalizou e
alcançou desenvolvimento sem precedentes nos últimos cem anos.
Hoje, o emprego de serviços secretos é visto como
atividade fundamental de defesa do Estado e da sociedade.
No complexo cenário internacional destes primeiros
anos do século XXI, as questões de “alta política” voltaram a assumir grande
relevância.
Nesse sentido, qualquer formulação estratégica deve
levar em consideração como pressupostos as condições do sistema internacional
que se moldam e as relações do país com os principais atores internacionais
dentro do sistema, com atenção para os novos mecanismos de equilíbrio de poder
que se estruturam.
A atividade de inteligência mostra-se relevante
para a construção dessa perspectiva.
Nesse novo contexto, a atividade de serviço de inteligência
também se destaca como instrumento importante de assessoramento das autoridades
governamentais em seu processo decisório, bem como na formulação de
estratégias.
Quanto mais poderoso um Estado, mais relevante se
faz o recurso à inteligência.
Não existe grande potência que não disponha de
serviços secretos.
Claro que, por envolver uma gama significativa de
poder, a atividade de inteligência pode se tornar grande ameaça ao Estado e à sociedade.
Ao operarem no segredo, os serviços de informações
podem cometer abusos, atentar contra a ordem institucional, as leis nacionais,
e aviltar direitos fundamentais.
Nenhuma democracia, por mais consolidada que seja,
está isenta deste risco.
Para se evitar arbitrariedades e abusos por parte
dos serviços de inteligência nos Estados democráticos, é essencial que haja
mecanismos sólidos de controle.
Esse controle assume distintas modalidades.
Começa pela própria legislação do setor, passa por
controles internos – no âmbito dos órgãos de inteligência e do Poder Executivo
nos quais estes se inserem – e chega a mecanismos externos, como o controle judiciário,
o parlamentar e o popular.
No que concerne ao controle parlamentar, o Poder Legislativo
destaca-se.
Fonte de consultas e outros:
Agência Brasileira de