Segundo eles, por causa da paralisação, não há veículos para fazer o escoamento da produção e eles não conseguem estocar a produção por mais tempo.
Por Vanessa Martins, G1 GO
Produtores de leite em Goiás relatam que precisam descartar até 8 mil
litros do produto a cada dois dias por falta de caminhões para escoar a
produção, devido à paralisação dos caminhoneiros.
O protesto está no
quarto dia seguido e tem bloqueios em 26 pontos das rodovias federais que cortam o estado.
A produtora de leite Hevelyn Campos Vieira, de 34 anos, contou que já
perdeu R$ 12.560 por causa dos 8 mil litros que precisou jogar fora
nesta quinta-feira (24).
Segundo ela, não há espaço para mais produto na
propriedade e ela precisa continuar a ordenha.
“Estamos jogando fora na maioria das fazendas.
Conseguimos segurar até
hoje de manhã, mas tivemos que desfazer do leite.
É muito prejuízo, mas a
gente apoia 100% a greve, acho que é um mal necessário”, afirmou.
Também produtor de leite, Sidney Filizzola Borges, de 36 anos, disse
que tem capacidade para 6 mil litros e só consegue manter o estoque até
sexta-feira (25).
Se não conseguir escoar a produção, terá que jogar
fora o equivalente a R$ 8.960.
“Já estou perdido, só tenho espaço para mais uma ordenha.
Tudo que jogo fora é prejuízo”, afirmou.
A empresa responsável pelo abastecimento de energia elétrica em Goiás,
Enel, alertou que "equipes estão tendo dificuldades de deslocamento, por
conta de bloqueios em estradas e falta de combustível".
Segundo nota, a
companhia "está priorizando atendimentos emergenciais até que a
situação se normalize".
Alimentação.
Um supermercado de Goiânia colocou uma placa para os clientes avisando
que “em função da greve dos caminhoneiros” podem faltar produtos.
O
comunicado alerta que a empresa está “buscando alternativas para
minimizar o impacto”.
Na central de distribuição de alimentos em Goiânia não chegam verduras,
frutas e legumes de outras cidades e o estoque também não consegue ser
distribuído.
Para evitar que tudo estrague, comerciantes estão
diminuindo o preço.
A caixa de tomate, por exemplo, passou de R$ 60 para
R$ 40.
Gás de cozinha e combustível
Em uma distribuidora de botijões de gás da capital, só restam 16
unidades e não há previsão de quando haverá a entrega de uma nova
remessa.
“Eu, hoje, fecho as portas e só reabro o dia que chegar gás em
Goiânia”, disse o presidente do Sindicato das Revendedoras de Gás,
Zenildo do Vale.
Conforme apurou a TV Anhanguera, a falta de gás também é sentida em
cidades do interior do estado, como Rio Verde e Luziânia.
Distribuidores
relatam que também não têm previsão de quando receberão novos estoques
dos produtos.
Também por causa da paralisação, postos de combustíveis estão
aumentando os preços.
Em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, há
placas mostrando cobrança de até R$ 5,99 na gasolina e R$ 4,99 no
etanol.
No município de Jataí, equipes da TV Anhanguera flagraram uma fila
quilométirca de carros para abastecer em um posto de combustíveis da
cidade (assista acima).
Voos
O protesto também atingiu o setor de aviação civil.
Dois voos da
companhia Azul que sairiam de Goiânia, com destino a Campinas e Palmas,
foram cancelados por por falta de combustível para os aviões.
Outros
dois que chegariam à capital também não decolaram.
A companhia
disponibilizou a remarcação de bilhtes sem custo para os clientes com
viagens programadas até o dia 31 de maio.
Já a companhia Latam informou que, até as 15h desta quinta-feira não
teve nenhum voo alterado em função da paralisação dos caminhoneiros.
Para minimizar impactos aos passageiros, a empresa vai oferecer isenção
de taxa de remarcação e diferenças tarifárias das passagens para novas
datas.
Um documento da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero) divulgado na quarta-feira (23) alertava para o risco de falta
de combustível, na quinta-feira, para abastecer aeronaves no Aeroporto
Santa Genoveva.
Questionada sobre a situação no terminal nesta manhã, a entidade
informou apenas que "está monitorando o abastecimento de querosene de
aviação por parte dos fornecedores que atuam nos terminais e já alertou
aos operadores de aeronaves que avaliem seus planejamentos de voos para
que cada um possa definir sua melhor estratégia de abastecimento de
acordo com o estoque disponível na origem e destino do voo".
"Aos passageiros, a Infraero recomenda que procurem suas companhias
para consultar a situação de seus voos", orienta a Infraero.
Decisões.
Nesta quinta-feira, a juíza Ítala da Silva determinou, liminarmente,
que os caminhoneiros liberem todas as vias bloqueadas no estado, no
prazo de 24 horas, a partir da intimação dos sindicatos.
Se não
atenderem à determinação, a magistrada ordenou o pagamento de multa de
R$ 200 mil por dia.
Na terça-feira, uma liminar determinou que os caminhoneiros liberassem
as BRs 153 e 060 imediatamente.
O documento do Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás (TJ-GO) prevê multa de R$ 50 mil em caso de
descumprimento da medida.
No entanto, os atos continuam.
O G1 entrou
em contato por mensagem, nesta manhã, com o presidente do Sindicato dos
Caminhoneiros Autônomos do Estado e aguarda posicionamento sobre as
decisões.
Anteriormente, os manifestantes afirmam que só iam liberar os
pontos após as reivindicações serem atendidas.