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sábado, abril 21, 2018

Dono de construtora diz à PF que transferiu R$ 35 milhões para Aécio por meio de empresa de amigo do senador tucano

Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito que apura se Aécio recebeu propina de construtoras. Senador diz que doações da empresa foram legais.


Por Vladimir Netto, TV Globo, Brasília
Um dos donos da Andrade Gutierrez diz ter repassado R$ 35 milhões a Aécio Neves
Um dos donos da Andrade Gutierrez diz ter repassado R$ 35 milhões a Aécio Neves.
 
Um dos donos da construtora Andrade Gutierrez, o empresário Sérgio Andrade, disse nesta semana em depoimento à Polícia Federal que repassou R$ 35 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB).
 
Segundo informou o jornal "O Globo", Sérgio Andrade afirmou que o contrato firmado em 2010 entre a construtora e uma empresa de um amigo de Aécio tinha como objetivo fazer com que o dinheiro chegasse ao senador. 
 
O empresário foi ouvido no inquérito que apura se Aécio recebeu propina das construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht para beneficiar as empresas na construção da usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, em Rondônia. 
Outros executivos da Andrade Gutierrez também podem ser chamados a depor. 
 
Aécio disse que as doações da Andrade Gutiérrez e da Odebrecht, foram declaradas à Justiça Eleitoral e que ele não teve participação no leilão e nas obras da usina de Santo Antônio. 
 
De acordo com as investigações, as empresas sabiam que existia um pedido de propina para Aécio Neves relacionado a essa obra. 
 
No depoimento, Sérgio Andrade disse que o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht avisou a ele que Aécio Neves o procuraria para confirmar os pagamentos. 
E que Aécio realmente entrou em contato. 
 
De acordo com o depoimento, os pagamentos ao senador foram feitos com base em um contrato fraudulento de R$ 35 milhões assinado em 2010 com a empresa de Alexandre Accioly, amigo de Aécio. 
 
Accioly disse que a Andrade Gutierrez tem participação minoritária em sua empresa, que, segundo afirmou, jamais distribuiu dividendos porque os resultados continuam sendo investidos na companhia. 
 
A Andrade Gutierrez não quis comentar sob o argumento de que a investigação está sob sigilo. 
A Odebrecht disse que já reconheceu seus erros e que está colaborando com a Justiça. 
 
Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal transformou Aécio Neves em réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça. 
Ele foi acusado em denúncia da Procuradoria Geral da República de pedir propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da J&F, em troca de favores políticos e de tentar atrapalhar o andamento da Operação Lava Jato.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante sessão no plenário do Senado (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado) 

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante sessão no plenário do Senado (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado).

Partidos

O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, também prestou depoimento nesta semana e disse ter repassado R$ 110 milhões ao senador tucano em 2014 como forma de garantir o apoio dele no futuro. 
 
O pagamento teria sido dividido entre os partidos que apoiavam o candidato na campanha eleitoral. 
Joesley Batista entregou aos investigadores uma planilha com uma relação das doações e também notas fiscais e recibos para comprovar os pagamentos. 
 
Ele detalhou como foram feitos os repasses, que no total somaram R$ 110 milhões:
  • R$ 64,6 milhões para o PSDB
  • R$ 20 milhões para o PTB
  • R$ 15 milhões para o Solidariedade
  • R$ 10,3 milhões a diversos candidatos e partidos.
Joesley Batista disse que os valores pagos a PTB, Solidariedade e candidatos diversos eram para comprar o apoio político à campanha presidencial de Aécio Neves. 
 
O empresário contou ainda que mesmo após o acerto dos R$ 110 milhões foi procurado novamente por Aécio, que pediu mais R$ 18 milhões – a eleição já tinha acabado.
 
Segundo Joesley Batista, Aécio precisava do dinheiro para cobrir dívidas de campanha. 
Para mascarar a transação, eles discutiram, de acordo com o empresário, a compra de um prédio em Belo Horizonte.
 
Sobre o depoimento de Joesley Batista, Aécio Neves diz que o empresário tenta confundir a Justiça e a opinião pública para evitar que o Supremo Tribunal Federal analise a rescisão do acordo de delação do empresário; que os R$ 110 milhões citados pelo empresário são doações oficiais registradas na Justiça Eleitoral feitas ao PSDB e outros 12 partidos.

Aécio diz ainda que a compra de um prédio é uma afirmação falsa de Joesley Batista, que, segundo afirmou, será facilmente demonstrada na Justiça. 
 
A defesa do atual presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, disse que cabe a Aécio Neves, presidente da legenda em 2014, esclarecer os repasses ao partido citados por Joesley Batista e que cabe à Justiça julgar os fatos. 
 
Em nota, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou que as doações recebidas da JBS foram indicadas por Aécio Neves e declaradas à Justiça Eleitoral.
 
O Solidariedade diz que não recebeu recurso ilegal e não declarado.

quinta-feira, abril 19, 2018

Estudantes indígenas são os que menos contam com apoio público para pagar a universidade

63% dos indígenas não conseguiram vaga gratuita ou não foram selecionados pelo Fies ou pelo Prouni para custear faculdade privada, mostram dados do Censo 2016.

Por Carolina Dantas, G1
Os estudantes indígenas formam o grupo com menor percentual de atendimento nas três principais políticas públicas de acesso ao ensino superior. 
 
Segundo os dados mais recentes do Censo da Educação Superior, 63% dos indígenas que estavam matriculados em 2016 não conseguiram vaga na rede pública, não foram selecionados para contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e nem para obter bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni) para custear faculdade privada. 
 
Apoio do governo para estudar
Com base nas autodeclarações de raça/cor, percentual de acesso a rede pública, Fies ou Prouni (%).
 
Com base nas autodeclarações de raça/cor, percentual de acesso a rede pública, Fies ou Prouni (%)
% entre o total de matriculados37374545484852526060IndígenasBrancosAmarelosPardosPretos010203040506070
Pretos
% 60

% entre o total de matriculados37374545484852526060IndígenasBrancosAmarelosPardosPretos010203040506070
Brancos
% 45
Fonte: INEP
Os dados que mostram a participação dos indígenas no ensino superior integram o detalhamento do mais recente Censo disponível, organizado pelo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
 
O perfil dos universitários segundo suas autodeclarações de cor/raça foi analisado pelo G1 a partir de um levantamento de dados feito pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional). 
 
Dos mais de 49 mil índios no ensino superior, 12.348 estão na rede pública (25%) e 36.678 estão nas universidades privadas (75%). 
 
Esses números incluem os cursos presenciais e a distância. 
 
A divisão com maioria na rede privada está dentro da média geral dos universitários brasileiros: em 2016, o país tinha 8,048 milhões de universitários e 6,05 milhões estavam na rede privada (75,3%). 
 
Matrículas no ensino superior
Total de universitários em cursos de graduação por cor/raça autodeclarada
Brancos: 3.079.779Pardos: 1.928.238Pretos: 485.793Amarelos: 123.601Indígenas: 49.026Não informado*: 2.382.264
Fonte: Censo da Educação Superior 2016 - *Em “Não informado” o Inep agrupa aqueles classificados como “não declarados” ou “não dispõe de informação”.
 
Se o levantamento considerar exclusivamente o total de universitários na rede privada que não contam com nenhum tipo de financiamento e nem bolsa do Prouni, o percentual de indígenas que banca sua própria mensalidade chega a 71%. 
 
O índice é praticamente idêntico ao dos autodeclarados negros (70,5%). 
 
Essas realidades são vistas com histórias como a de Ingrid e Fetxawewe, dois indígenas moradores de Brasília. 
 
Leia mais abaixo. 
 
Estudam na rede privada sem financiamento ou Prouni
Com base nas autodeclarações de raça/cor, percentual extraído do Censo 2016
Porcentagem entre os matriculados por raça717170,370,359,359,3505047,847,8IndígenasPretosPardosAmarelosBrancos020406080
Fonte: Censo da Educação Superior 2016.

Vestibulares e localização

Os processos seletivos, as políticas de permanência e a localização dos campus são pontos apontados por especialistas como impeditivos para mais matrículas das diferentes etnias indígenas na rede pública.
“A maior presença em universidades particulares pode ter a ver com o fato de elas serem realmente mais acessíveis.
Não tem o funil de alguns vestibulares, e muitas vezes elas estão em localidades mais próximas das terras indígenas.” - 
Antonella Tassinari, pesquisadora e antropóloga
Ao mesmo tempo, a pesquisadora e antropóloga aponta que as políticas implantadas com reservas de vagas ajudaram a diminuir a distância entre os estudantes indígenas e as universidades públicas. 
 
As políticas de permanência precisam, no entanto, de uma análise permanente.
"Ficar na universidade é uma grande batalha dos estudantes indígenas. 
(...) Os primeiros meses são sempre uma batalha de como eles vão se manter." - Antonella Tassinari, antropóloga
Em algumas universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a questão do processo seletivo é levada em conta. 
 
Uma prova específica é aplicada para os estudantes indígenas que pretendem concorrer às vagas extras criadas – além do número separado pela lei de cotas, outras 10 vagas são destinadas no total.
 
O processo seletivo, segundo pesquisadores, apresenta questões que na maior parte das vezes estão ligadas a um cotidiano que não reflete a cultura indígena. 
 
"Até 2008 não tínhamos o registro de indígenas cursando uma graduação na universidade. 
 
Nenhum estudante na UFRGS em 80 anos de universidade. 
 
Só isso já é um avanço. 
 
Hoje, a gente tem em torno de 75 indígenas cursando as graduações”, afirma Michele Doebber, pesquisadora da universidade gaúcha que analisa a política de recepção dos indígenas.
"Só o impacto dessa presença no cotidiano já traz questionamentos. 
As mulheres que levam para aula os filhos, essa presença que de alguma forma provoca na sala de aula o ponto de vista indígena." - Michele Doebber

Na universidade privada

Filho de uma mãe Guajajara, povo do Maranhão, e de um pai Fulni-ô, de Pernambuco, o estudante de Direito Fetxawewe Tapuya escolheu pagar uma universidade privada. 
 
Por ser calouro, no primeiro semestre do curso, recebe 25% de desconto na mensalidade de R$ 1,2 mil. 
 
Depois, o valor passará a ser integral.
Fetxawewe Tapuya é estudante de Direito em uma universidade particular de Brasília (Foto: Fetxawewe Tapuya/Divulgação) 
 Fetxawewe Tapuya é estudante de Direito em uma universidade particular de Brasília (Foto: Fetxawewe Tapuya/Divulgação).
 
Fetxawewe mora em Brasília e conta que preferia estudar na Universidade de Brasília (UnB). 
 
Chegou a prestar vestibular com o interesse na reserva de vagas, mas ficou em 5º lugar. 
 
Eram duas vagas. 
 
No lugar de tentar outra universidade menos concorrida, em outro estado, ele achou que valeria a pena ficar junto com a mãe na capital federal. 
 
Eles moram no Santuário dos Pajés, região a parte noroeste de Brasília com frequente disputa por território. Para ele, ficar é importante. 
 
Além disso, ele conta que naturalmente é mais fácil estudar na cidade onde se vive. 
 
Para um indígena, mais ainda.
"O indígena calouro sofre muito.
Eu, como já moro em Brasília, sofro menos. 
Mas quem é de fora passa por uma avalanche de preconceito." - Fetxawewe Tapuya
"Os preconceitos mais frequentes são os mais descarados. 
 
Eles perguntam: 'Se você é realmente é indígena, o que você está fazendo na universidade?' 
 
E tem povos que ainda tem mais problemas com a fala, porque aprenderam o português mais tarde e junto com outra língua", completou.

Na universidade pública

Ingrid da Silva, de 19 anos, estuda direito na Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Marília Marques/G1) 
 
Ingrid da Silva, de 19 anos, estuda direito na Universidade de Brasília (UnB) (Foto: Marília Marques/G1).
 
O outro lado, dos que arriscam mudar de cidade e ir atrás de uma universidade pública, também existe. 
 
Ingrid Rodrigues, de 21 anos, do povo Paumari localizado perto do Rio Ituxi, no Amazonas, comemorou quando conseguiu ingressar no curso de direito da Universidade de Brasília (UnB) – mesmo que, com a pouca grana, não saiba até quando deve ficar na cidade. 
 
Ela conta que foi a primeira Paumari a ingressar no curso, sendo que existem 1,8 mil da mesma etnia. 
 
Começou as mudanças cedo, aos 5 anos, quando precisou sair da aldeia e ir para a cidade mais perto – ela e os pais foram para o município de Lábrea. 
 
Segundo Ingrid, a família precisou mudar para conseguir estudar em uma escola melhor.
"Eu aprendi português desde criança, sempre com a minha língua junto.
Eu falo arauá, mas tem coisas que eu já esqueci por causa da mudança", disse.
Para chegar a Brasília, o Coletivo Purus fez uma “vaquinha” para pagar a passagem nas redes sociais. 
 
Ainda sem resposta sobre a residência universitária, ela vive o primeiro mês na casa de outra indígena que faz pós-graduação. 
 
A grana que conseguiu, vale para mais um mês. Até lá, ela tenta uma bolsa permanência da universidade e todas as opções disponíveis do governo. 
 
Ela come no restaurante universitário e precisa de uma vaga na residência. Saiba mais sobre a história da Ingrid.
 (Foto: Roberta Jaworski / Editoria de Arte) 

  
(Foto: Roberta Jaworski / Editoria de Arte).

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