Um ano após morte de Loane Thé, família ainda espera julgamento.
Escrivã foi apunhalada no pescoço durante depoimento dentro de delegacia.
Gilcilene Araújo
Do G1 PI
Escrivã Loane Maranhão Thé colhia depoimento quando foi morta (Foto: Reprodução/Facebook)
Nesta sexta-feira (15) faz um ano que a escrivã Loane Maranhão, 32 anos, foi morta a facadas enquanto colhia depoimento de Francisco Alves,
que na época era suspeito de estuprar as filhas, de 17 e 20 anos.
O
crime aconteceu na delegacia da Mulher em Caxias, a 361 km de São Luís,
no Maranhão.
Um ano após o assassinato, Elaine Maranhão e Flavio de
Weimar, pais da escrivã que moram em Teresina, falam que a ausência da
filha nunca será preenchida.
"O sentimento de perda não será preenchido por nada nesta vida. Nem a
condenação, nada preenche o vazio que sentimos.
O sentimento que ainda
temos é de amargura, desespero.
É indescritível não dá para comentar
esta dor”, contou a mãe de Loane.
O crime causou comoção e revolta. Loane Maranhão Thé foi apunhalada no
coração e chegou a ser socorrida pelo noivo Jakson Fonteles, mas não
resistiu aos ferimentos e faleceu antes de chegar ao Pronto Socorro de Caxias.
A família tenta preencher a ausência da filha guardando os objetos dela
em um memorial e aguarda a realização do julgamento do acusado.
Os pais de escrivã aguardam ansiosamente pela condenação do acusado (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
“Aprendi a respeitar a justiça e acreditar que ela funciona.
Estamos
aguardando o julgamento de um recurso da defesa do suspeito, mas
confiantes na condenação dele, pois ele já teve a pena de 72 anos
declarada em relação ao estupro das duas filhas”, afirmou Flavio de
Weimar, pai de Loane.
Os pais da escrivã revelam que vão processar o governo do estado do
Maranhão. “Ele tem uma responsabilidade objetiva pela morte da minha
filha porque permitiu que isso acontecesse.
Ela estava dentro de uma
delegacia.
Em junho vou entrar com processo civil contra o estado. Nós
não temos interesse em receber dinheiro do governo.
Apenas queremos que
ele seja punido e que o estado seja estruturado para garantir a
integridade e segurança dos cidadãos maranhenses", explicou Elaine
Maranhão.
Inquérito
O delegado regional de Caxias, Celson Alvares, afirmou ao G1
que o inquérito foi concluído.
Segundo ele, Francisco Alves foi
indiciado por homicídio duplamente qualificado, além da tentativa de
homicídio contra uma investigadora.
Caso seja condenado, o acusado pode
pegar uma pena de até 30 anos de reclusão.
Delegado afirmou que escrivã estava sozinha com suspeito (Foto: Reprodução/TV Clube)
“O processo está em fase de pronunciamento por parte do Ministério
Público.
Só falta ser marcado o julgamento de Francisco Alves. Ele deve
ir a júri popular”, acrescentou o delegado.
Para o delegado, a morte da escrivã permitiu a mudança de hábitos
inadequados que ocorriam dentro dos distritos policiais de Caxias.
“Houve mudança de comportamento, pois na parte procedimental, a partir
de agora, o delegado e investigador acompanham o depoimento juntamente
com o escrivão.
Estamos mais cautelosos, pois todos os agentes
permanecem com suas armas, elas não são mais guardadas em bolsas ou
dentro de gavetas.
A partir de agora, os plantonistas da permanência
estão tendo o cuidado de averiguar se os suspeitos estão portando
armas”, revelou o delegado.
Saudades e memorial
A família de Loane Maranhão construiu na residência da mãe um memorial
onde guarda alguns objetos pessoais da jovem.
Neste espaço também há
objetos que pertenciam ao irmão dela, Guilherme Rodrigues.
Ele faleceu
após um acidente de avião monomotor, que caiu na cabeceira da pista do
Aeroporto Petrônio Portela em Teresina.
Família de Loane Maranhão construiu na residência
um memorial (Foto: Gilcilene Araújo/G1)
Eliane conta que Loane Maranhão tinha uma coleção de anjos e era
apaixonada por esportes.
A escrivã praticava Muay Thai e Karatê.
“Aqui estão: uma agenda, alguns anjos que tinha na coleção, um copo,
que ainda tem a marca de batom da jovem, as luvas de Muay Thai e faixa
de karatê.
Quando a saudade bate, venho neste local e tento preencher
este vazio”, descreve Elaine.