Tudo que o autor deste livro previu que ia acontecer com a implantação do Projeto Grande Carajás no Pará a quase trinta anos atrás, estamos vendo acontecer agora e de forma mais trágica e dramática do que está profetizado neste livro que foi publicado em 1989 e foi proibido seu lançamento a nível nacional. Confiram aqui.
Fragmentos de textos do estudo do geólogo Orlando Valverde em sua obra profética: GRANDE CARAJÁS: Planejamento da Destruição.
“ obra total de Orlando tem sido um longo circuito de trabalhos e reflexões, que envolveu muitas geografias, espaços e tempos. Experiências com geografia regional; sondagem sobre colonização no Sul do Brasil; pesquisas nas regiões semi-áridas brasileiras; estudos das raízes da vida agrária no Brasil tropical atlântico; participação em trabalhos de equipe.
Um permanente efeito das pesquisas na formação de pessoal jovem. Militância nas grandes causas ecológicas. E todo um ciclo de estudos amazônicos: da construção da Belém-Brasília até a implantação dos grandes eixos viários.
Amazônicos estudos: do Acre à Amazônia Oriental; da Rondônia ao Roraima. Para chegar, agora, à percepção dos principais impactos ecológicos e econômico-sociais na faixa Carajás-São Luis, do Sul do Pará ao Norte do Maranhão.
Admirado pelos seus colegas, tratado carinhosamente por seus discípulos, odiado por seus inimigos (trabalhar sempre incomoda!), Orlando Valverde continua simplesmente sua grande missão de geógrafo. Um geógrafo permanentemente a serviço de seu país”. Aziz Nacib Ab`Saber.
“É verdade que a região de Carajás dispõe de uma vastíssima floresta, a qual, transformada em carvão, poderá sustentar um parque siderúrgico por alguns decênios. Nisto, também essa região se assemelha à do Vale do Rio Doce.
Adotando-se porém, o modelo pré-industrial, serão nele repetidos os mesmos erros ocorridos em Minas Gerais. Uma devastação generalizada sobrevirá. As terríveis seqüelas que irão perdurar em suas condições ambientais serão analisadas adiante, em capítulo próprio. Existem, aliás, outras semelhanças entre os dois pólos metalúrgicos brasileiros”.
“Relativamente às condições de sítio, vale a pena prosseguir nas comparações entre as duas províncias metalúrgicas brasileiras, a fim de que não se cometam na Norte os mesmos erros perpetrados na do Sudeste.
Por exemplo: no alto rio Doce, a devastação generalizada da cobertura florestal numa região de relevo enérgico provocou fenômenos violento de erosão acelerada, enchentes avassaladoras, assoreamento de leitos fluviais...As inversões de temperatura, acentuadas com a remoção das matas, causam agora densa poluição atmosférica, pelos “finos” em suspensão no ar, na cidade de Itabira, como ademais em todas as vizinhanças da área de mineração.
No outro extremo da E.F. Vitória-Minas, o material fino levantado na ponta do Tubarão é arrastado pelos ventos do quadrante norte, aí predominantes (alísios de retorno), e vão poluir o ar com pó de ferro na capital capixaba. Na praia de Camburi, outrora a mais sofisticada da cidade, formou-se um banco de ferrugem paralelo às areias, que tornou desagradáveis, senão inviáveis, os banhos de mar”.