O quarto episódio da série portuguesa explicou como o lar coordenado pela IURD procedeu, ilegalmente, para levar os irmãos para os EUA, onde morava a filha de Edir Macedo, Viviane Freitas
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'segredo dos deuses'.
No relatório fica claro que 'Maria', nome fictício, era soropositiva e usuária de drogas e que as crianças viviam num casa sem condições, onde ficavam sozinhos.
As informações eram mentira, já que 'Maria' não era soropositiva e nem deixava as crianças sozinhas.
Outras pessoas moravam naquela casa, e tomavam conta dos irmãos quando a mãe ia trabalhar.
Numa certa altura, o Lar coordenado pela IURD chega a dizer que as crianças também eram soropositivas e que “negativaram”, o que é ainda medicamente impossível.
Nem 'Maria' nem os filhos eram portadores do vírus HIV, mas, ainda assim, a obrigaram a assinar um documento que ela pensava se tratar de algo de cunho médico, quando eram os papeis nos quais ela abria mão da guarda dos filhos.
A Segurança Social do bairro da Amadora, em Lisboa, encaminha as crianças para a obra social da IURD, onde de lá, elas só sairiam diretamente para a casa do bispo Edir Macedo.
Quando deixou de conseguir ver os filhos, foi duas vezes à polícia local, que não resolveu o caso. Ela, ainda assim, procurou os filhos, desesperadamente, em diversas Igrejas Universal de Lisboa.
Maus-tratos da filha de Edir Macedo.
Por sua vez, Viviane e seu esposo, Júlio Freitas, demonstravam, em atos e palavras, cada vez mais atitudes agressivas com os irmãos Vera e Luis, que já moravam com eles nos Estados Unidos.
Os maus-tratos eram tantos que 'Ana', a babá das crianças, pediu para voltar a morar em Lisboa.
Ela uma vez me chamou e eu fui a casa dela. O bumbum da Vera [estava] todo escuro, inchado, tivemos que pôr o bumbum dela em água quente. A Viviane bateu nela com um sapato. O bispo Júlio [esposo de Viviane] chegava a casa todos os dias à meia noite. O menino já estava dormindo, ele pegava no cinto e batia no menino. Porque a Viviane fazia queixas. Ele chegava e, com o menino dormindo, 'pumba'!", disse Ana.
Porém os irmãos ficam apenas três anos com a filha de Macedo e seu marido, pois Viviane se cansa e quer devolver ao orfanato.
Num dos 'altares' da Universal do Reino de Deus, o casal acusa a justiça portuguesa pela retirada da criança "do seio daquela família".
Contudo, para realizar tal ato, 'Alice Andrade', que tinha a guarda oficial das crianças, precisou juntar os irmãos, o terceiro que foi levado para o Brasil, sob os 'cuidados' de outro bispo da IURD, Romualdo.
Outra criança, com nome fictício de 'Rita', que morou no lar da IURD, confessou que as crianças abrigadas no orfanato eram usadas quase como num 'jardim zoológico'.
Os bispos e pastores iam lá. Se nos achassem engraçados, até nos levavam de fim de semana ou nas férias... Se gostassem até ficavam conosco. Houve algumas crianças adotadas, outras vieram devolvidas... Nós éramos um jardim zoológico. Iam lá e escolhiam o seu animal favorito para passar uns tempos em casa.", confessou Rita.
O lar IURD.
De acordo com a reportagem da série, o lar custava cerca de 20 mil euros por mês à IURD.
Por isso, era preciso justificar o dinheiro.
Todos os domingos, as crianças eram expostas no altar do Cinema Império, em Lisboa, e usadas para emocionar os fiéis.
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