O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque protocolou nesta
terça-feira (23), por meio de seus advogados, petição na qual cita
provas de três encontros com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele já havia mencionado esses encontros em depoimento ao juiz Sérgio Moro em 5 de maio.
No documento de Duque, há também uma foto em que os dois aparecem lado a
lado, registrada, segundo a defesa do ex-diretor da Petrobras, em 2012,
no Instituto Lula, em São Paulo.
Esse encontro não foi mencionado por
Lula no depoimento que deu ao juiz federal Sérgio Moro.
Em 10 de maio, Sérgio Moro questionou Lula se ele já havia encontrado
com Duque; o ex-presidente relatou apenas um encontro, no aeroporto de
Congonhas.
O ex-presidente não soube informar a data do encontro.
O
objetivo, disse a Moro, era que o ex-diretor da Petrobras esclarecesse denúncias na imprensa de que mantinha no exterior dinheiro desviado da estatal --Duque negou, disse Lula (veja aqui o vídeo, a partir de 18 minutos e 22 segundos).
Moro não pergunta a Lula sobre outros encontros com o ex-diretor da Petrobras.
A petição de Duque também cita encontro entre ambos em 2 de junho de
2014, para a qual, ainda conforme os advogados, o ex-presidente chamou
Duque para falar de depósitos feitos em contas no exterior.
Os dados dos
voos que teriam sido utilizados pelo ex-diretor para ir ao encontro são
identificados no documento.
Duque também afirma, na petição desta terça-feira, que renuncia do
dinheiro depositado em duas contas no exterior – na Suíça e no
principado de Mônaco –, “com a finalidade de colaborar com a justiça e
corroborar sua colaboração judicial”.
Os valores não foram divulgados.
“O requerente manifesta seu interesse de continuar colaborando com
todas as investigações das quais tenha conhecimento de fatos relevantes
sobre a Petrobras”, pontua o ex-diretor no fim da petição.
Depoimento de Lula a Moro
Em 10 de maio, durante depoimento de Lula, o juiz Moro perguntou: "O
senhor ex-presidente esteve pessoalmente com o senhor Renato Duque
alguma vez?".
Lula respondeu: "Estive", ao que Moro pede para o
ex-presidente "descrever as circunstâncias".
"Estive uma vez no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória,
porque tinha vários boatos no jornal de corrupção e de conta no
exterior.
Eu pedi para o [João] Vaccari [ex-tesoureiro do PT], porque eu
não tinha amizade com o Duque, para trazer o Duque para conversar".
"Isso foi aproximadamente quando?", perguntou Moro.
"Eu não tenho ideia, doutor.
Sei que foi num hangar lá em Congonhas, e a
pergunta que eu fiz para o Duque foi simples: tem matéria nos jornais,
tem denúncia de que você tem dinheiro no exterior, de que está pegando
da Petrobras. Você tem conta no exterior?
Ele falou: não tenho.
Acabou".
"Ele não mentiu para mim... mentiu para ele mesmo".
Questionado sobre a
data do encontro, Lula afirmou não se lembrar.
O juiz não volta a
perguntar sobre outros encontros com o ex-diretor da Petrobras.
O que diz a defesa de Lula
"Sem
provas para sustentar a acusação relativa ao tríplex contra Lula, os
acusadores investem na oferta de prêmios para réus confessos tentarem
produzir factoides.
Os papéis apresentados por Duque, que busca
destravar sua delação, nada provam.
Não
provam que Lula é dono do tríplex, não provam que ele recebeu alguma
vantagem indevida proveniente de contratos da Petrobras, enfim, não
provam nenhuma das acusações feitas pelo MPF na ação.
Os
papéis só provam o desespero dos acusadores, que agora querem
transformar uma fotografia com Lula e uma suposta passagem de avião em
prova de propriedade imobiliária e de recebimento de vantagens
indevidas.
Cristiano Zanin Martins".