'Estou vivendo um pesadelo', diz viúva de atleta paraense
Família do atleta, que mora em Ananindeua, PA, está muito abalada.
"Foi muito difícil acordar com essa notícia", diz filha de Israel.
Adriana, esposa de Israel, está desesperada com a
morte do marido (Foto: Ingrid Bico/G1)
morte do marido (Foto: Ingrid Bico/G1)
Além de Adriana, a filha, de 14 anos, e o enteado de Israel, de 17 anos, aguardam notícias sobre o acidente. "Foi muito difícil acordar com essa notícia. A vida dele era pra isso. Toda corrida que ele participava, trazia um trófeu pra casa. O sonho dele era participar da Paralimpíadas", lembra, emocionada, a filha do atleta.
Segundo a esposa de Israel, esta seria a última corrida de rua da qual ele participaria, e foi a primeira vez que o atleta hesitou antes de embarcar para competir em uma prova. "Depois da São Silvestre ele ia se dedicar só às corridas de pista. Essa foi a única vez que ele disse que não queria ir, e só embarcou porque a passagem e o hotel já estavam pagos. Eu cheguei a pedir pra ele não ir, mas a palavra dele foi mais forte. Agora estou vivendo um pesadelo", lamenta Adriana.
Técnico do atleta considerava a competição "muito segura"
O técnico Wilson Caju, do All Star Rodas, time de basquete em cadeira de rodas de Belém onde Israel Cruz começou a treinar na década de 90, lamentou a morte do esportista. "Ele sempre foi um atleta grande, forte. O que ele nos deixou foi uma lição: corra atrás de seus objetivos, sejam quais forem", disse, emocionado.
Segundo o técnico, o acidente que vitimou o atleta ainda não é compreensível. "Não entendemos essa morte. Todo mundo acredita que a São Silvestre seja uma competição segura", lamenta Caju.
Uma parte do quarto do casal era utilizada para
guardar os troféus e medalhas de Israel
(Foto: Ingrid Bico/G1)
guardar os troféus e medalhas de Israel
(Foto: Ingrid Bico/G1)
Além de esposa, filha e enteado, Israel deixa também uma neta, de dois meses de idade.
De acordo com a família de Cruz, ele perdeu a perna após um acidente de bicicleta, em 1985, e o esporte fez parte de sua recuperação.
Entenda o caso
Ele perdeu o controle da cadeira ao descer a ladeira da Rua Major Nataniel e se chocou contra o muro do estádio do Pacaembu. O atleta foi levado à Santa Casa de Misericórdia, onde deu entrada às 7h35 e morreu às 8h50, segundo o hospital.
Documento da Santa Casa encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) indica que ele teve um "trauma torácico", mas não especifica a causa da morte.
Em nota, o Comitê Organizador da São Silvestre informou que está acompanhando o caso para auxiliar a família do atleta.
Veja aqui a orígem da corrida "São Silvestre"
Santo católico originou o nome da corrida de São Silvestre
Competição acontece anualmente em 31 de dezembro,
mesmo dia da festa do Papa que ajudou a colocar
fim na perseguição aos cristãos.
São Silvestre foi Papa durante o reinado do imperador Constantino I - Imagem: divulgação
Silvestre foi um dos primeiros santos canonizados pela Igreja Católica sem ter sofrido martírio. Com a ajuda do Papa, o imperador determinou o fim da perseguição aos cristãos, concedendo liberdade de culto, em uma época que não era permitido a livre expressão da religião.
O pontífice também contribuiu na criação das bases do pensamento e da doutrina da Igreja, auxiliando ainda na construção das primeiras basílicas para que o povo cristão pudesse se reunir, como a Basílica de São Pedro, edificada no Vaticano. O dia da festa do santo coincide com sua morte e sua canonização.
No Brasil, em homenagem ao antigo Papa, originou-se o nome da Corrida de São Silvestre, que também acontece no dia 31 de dezembro, na cidade de São Paulo.
A São Silvestre já é tão tradicional e comum no linguajar dos brasileiros que pouca gente se pergunta o porquê do nome. A corrida homenageia o ex-papa São Silvestre, que governou a igreja católica de 314 a 355 d.C, ano em que morreu, exatamente no dia 31 de dezembro.
Os feitos do santo foram muitos, como a construção das basílicas de São Pedro sobre o túmulo do apóstolo e a Lateranense , que se tornou a residência dos papas. No Brasil, existem apenas três paróquias dedicadas a São Silvestre. A maior delas está localizada no distrito de São Silvestre, que faz parte de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP); as outras ficam em Viçosa (MG) e Maringá (PR).