Ao menos 15 unidades prisionais possuem projetos deste tipo nos estados.
Detentos fazem cursos de paisagismo em parceria com universidade.
Ao todo, 15 unidades prisionais participam de projetos deste gênero nos dois estados. Em ambos os casos há salários pagos aos detentos e redução de pena prevista. Em São Paulo, uma parceria entre a administração penitenciária e uma empresa que trabalha com soluções socioambientais, a Florestas Inteligentes, já beneficiou mais de 300 detentos.
Detento trabalha com produção de muda de planta em
Tremembé (Foto: Divulgação/Florestas Inteligentes)
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"Na função deles como operários, eles [os detentos] aprendem e realizam
desde a seleção das sementes, o plantio da semente até que ela vire
plântula, a produção de terra vegetal, de vasos biodegradáveis e a
manutenção dessas mudas no campo produtivo", afirma Franzine.A produção das plantas ocorre em viveiros dentro das penitenciárias. Por mês, são criadas mais de 150 mil mudas em Tremembé, segundo a empresa, além dos vasos biodegradáveis e da terra fertilizada para o plantio, chamada de "substrato".
Além de trazer ganho ambiental, o trabalho ajuda na recuperação dos presos, pondera o diretor. "Ele [o detento] recebe uma profissionalização, e isso pode gerar oportunidades de trabalho, além de agregar princípios sustentáveis para sua própria vida."
Presos trabalham com plantas dentro de presídio
no interior de São Paulo (Foto: Divulgação/
Florestas Inteligentes)
no interior de São Paulo (Foto: Divulgação/
Florestas Inteligentes)
Todos os reeducandos que atuam no programa são do regime semi-aberto e escolhidos pela própria Secretaria de Administração Penitenciária. Eles recebem um salário mínimo por mês, dentro das condições que o estado determina, segundo o diretor da empresa ambiental. Além disso, eles obtém redução de um dia de pena a cada três trabalhados e 10% do salário é recolhido na chamada "poupança-liberdade", que pode ser sacada no futuro pelo preso.
Além do trabalho, os detentos recebem cursos de restauro florestal, viveirismo, horticultura e paisagismo, dados em uma parceria entre a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a Florestas Inteligentes e a Fundação de Amparo ao Preso (Funap). Na última quarta-feira (19), foi realizada a cerimônia de formatura de uma turma de 35 internos, afirma Franzine.
Presos cuidam de viveiro em penitenciária de Tremembé
(SP) (Foto: Divulgação/Florestas Inteligentes)
Rio de JaneiroNo Rio de Janeiro, cerca de 150 detentos de ao menos dez unidades e instituições penais participam de um programa de reflorestamento do governo estadual, realizado em parceria com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).
Eles trabalham principalmente na recuperação de matas ciliares nas margens de dois rios, o Guandu e o Macacu. os dois são mananciais que abastecem a empresa, diz o presidente da Cedae, Wagner Victer. "O programa existe há cinco cinco anos. O resultado do trabalho deles [dos presos] é excelente. Eles são treinados, capacitados e dedicados. Alguns, quando saem, vão trabalhar em empresas, abrem hortas", afirma.
Detentos que fizeram curso ambiental no interior de
SP participam de cerimônia de entrega de diploma
(Foto: Divulgação/ Florestas Inteligentes)
SP participam de cerimônia de entrega de diploma
(Foto: Divulgação/ Florestas Inteligentes)
As aulas são dadas em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), principalmente no curso de engenharia ambiental. "Eles recebem um curso teórico e depois a prática. Ao final, recebem um diploma da UFRRJ", diz Victer.
O nível de retorno ao crime é baixíssimo, afirma o dirigente da Cedae. "Eles aprendem uma profissão e se ressocializam. Em geral não voltam a infringir a lei", aponta.
Victer avalia ainda que o projeto é um dos maiores do gênero no Brasil. "Só um novo viveiro que vamos inaugurar em Magé [região metropolitana do Rio de Janeiro] produzirá 1,1 milhão de mudas por ano", diz, referindo-se a uma unidade futura, prevista para ser inaugurada no primeiro semestre de 2013.
Exclusão
"Não pode ter preconceito com a mão-de-obra carcerária. São pessoas que erraram e estão pagando pelos erros. Este preconceito se transforma em um processo de exclusão, que, por sua vez, incentiva o retorno ao crime. A função dos empresários, além de pensar em seu negócio, é refletir sobre a sua responsabilidade social", diz Victer.
O projeto é motivo de orgulho na Cedae, diz o presidente. "É um programa que serve como referência, e para a empresa também traz economia. O maior problema para a segurança pública [no país] é que nossos presídios precisam funcionar para a reinserção social, não como 'qualificação' para o crime. Se você dá uma oportunidade, a pessoa não volta para o crime", avalia.
O programa no Rio de Janeiro também prevê pagamento de salário para os detentos que trabalham, assim como em São Paulo. Eles também recebem redução de um dia de pena para cada três trabalhados.