Copeira foi separada da mãe pelo pai aos nove meses de idade.
Encontro aconteceu via internet, nas sedes da TV Rondônia e TV Amazonas.
Na emoção do primeiro encontro, Alessandra é amparada
pelas filhas. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
A história de Alessandra parece ter saído das telas de cinema ou de um livro, o que ela revela ter a intenção de escrever. Quando tinha nove meses, Alessandra foi separada da mãe, Ducirene Teles da Cunha, e foi criada pelo pai e uma madrasta. A história que ela conhecia, a contada pelo pai, era a de que a mãe a espancava e por isso o pai havia afastado as duas.
Meu pai disse que ia ganhar muito dinheiro e que ia voltar para me buscar, mas nunca voltou"
Alessandra Teles, copeira
Com 12 anos, o casal se mudou para o interior de Rondônia, e deixou Alessandra com outra família. Foram alguns anos de idas e vindas até que, com 15, a jovem foi morar e trabalhar de empregada doméstica na casa de uma família. “Lá eu fiquei até os 17 anos, quando me casei”, conta Alessandra, que viveu oito anos com o marido e teve duas filhas. “Ele bebia muito, me batia, e então resolvi me separar”.
Há três anos Alessandra trabalha em um escritório de advocacia, onde conheceu advogada Ana Paula Paixão, peça fundamental nessa história de reencontro.
Ana Paula Paixão acompanhou o encontro virtual
(Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
(Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
A primeira pista veio através de uma pesquisa do sobrenome de Alessandra na internet, onde foi localizado um processo de uma pessoa com o mesmo sobrenome. “Descobrimos que se tratava de um tio de Alessandra, que morava em Guajará-Mirim [RO], pois o nome dos pais dele eram os mesmos que constavam no registro de nascimento de Alessandra, como sendo seus avós”, relata Ana Paula.
Um advogado do escritório foi até a cidade, a 330 quilômetros de Porto Velho, onde o tio e o avô residem. Lá, foram informados de que Dulcirene teria ido morar em São Paulo e era funcionária pública. Daí, foram mais pesquisas, até descobrir que ela, na verdade, estava morando em Manaus.
O primeiro contato visual aconteceu na sexta-feira (21), através de uma chamada de vídeo, e mãe e filha não controlaram a emoção. Elas nunca tinham se visto, nem mesmo por foto.
Dona Dulcirene pedia que a filha perdoasse o pai pela separação, mas Alessandra diz que, apesar de tudo, não tinha raiva dele e que o pouco tempo em que passaram juntos, ele foi um bom pai.
Do outro lado da tela, dona Dulce também não controlou
a emoção. (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1)
Do outro lado, a mãe mostrava fotos dos quatro irmãos de Alessandra, um dele falecido há três meses. “Você foi a única menina, a princesinha da mamãe”.
Sobre a emoção do momento, dona Dulce diz não ter palavras para expressar. “Sabe o tamanho do mundo? Hoje ele tá pequeno pra minha felicidade”. Para Alessandra, um presente de Natal. “É o dia mais feliz da minha vida, mais uma vitória que Deus me deu”, disse emocionada.
O encontro das duas deve acontecer nos próximos dias. Na conversa, a mãe de Alessandra contou que seu patrão havia se comprometido em comprar as passagens da filha e das netas. A liberação do trabalho pelo tempo necessário também foi garantida pela chefe de Alessandra.
Sobre qual vai ser a primeira reação no encontro, Alessandra declara: “Eu vou abraçar e beijar muito”.
Alessandra viu o rosto da mãe pela primeira vez
nesta sexta-feira (Foto: Vanessa Vasconcelos/G1