Vanderlúcio Souza |
É notório o crescimento do número de pessoas que se dizem evangélicas no país.
Crescente também é o número de denominações que se multiplicam a cada dia.
Muitas delas surgem a partir de desavenças.
O motivo?
São vários.
O site de notícias Gospel Mais falando sobre o assunto ,disparou: “Segundo especialistas, o motivo pelo qual ocorrem [estas] desavenças no meio das igrejas vão desde a vaidade pessoal dos líderes até insubordinação, na falta de sabedoria para se trabalhar em equipe e interesses pessoais prejudiciais a outros, mas também podem haver as separações geradas das diferenças teológicas (visão) ou de vocações ministeriais não reconhecidas pelas lideranças centralizadoras”.
A árvore de contendas dos líderes evangélicos é confusa e extensa.
Vamos a alguns exemplos. R.R Soares, discreto e onipresente em seu canal
de Televisão, a R.I.T, é cunhado de Edir Macedo, dono da IURD e do
conglomerado Record de comunicação.
O rompimento com o parente se deu em
1978, pois Romildo Ribeiro Soares não concordava com os rumos que Edir
dava à Universal, já naquela época.
Dois anos depois, fundou a Igreja
Internacional da Graça de Deus.
Apesar de discreto, R.R Soares tem suas
desavenças.
Numa briga pelo poder retirou Valdemiro Santiago da Rede TV!
Ainda chamou o pastor – que falaremos adiante – de roceiro.
Mas pouco
tempo depois foi Valdemiro que, também, na disputa por mais horários na
TV retirou Silas Malafaia das madrugadas de sábado da TV Bandeirantes.
Fez uma proposta considerada irrecusável pela emissora dos Saad, uma
bagatela estimada em mais de 10 milhões de reais por mês.
Depois de quase vinte anos na denominação já era cotado para sucessor de Macedo.
Em 1997 desentendeu-se com a liderança da instituição e poucos dias depois fundou a Igreja Mundial do Poder de Deus que atualmente conta 1.400 templos espalhados pelo país e muitas horas de tele-evangelismo.
Já o jovem pastor Marco Feliciano não é “cria” da Universal, aliás, esta segundo ele está em decadência conforme disse em novembro de 2011 a um portal de notícias evangélicas.
O pastor também é midiático e, recente, comprou uma briga feia com o ex-pastor da Igreja Vinde – um sucesso nas décadas 80-90 – Caio Fábio.
Este reverendo merece um parágrafo à parte.
Ele vive um eterno litígio com um dos mais influentes líderes evangélicos do país da atualidade, Silas Malafaia.
Caio Fábio é filho de Presbiterianos, igreja da qual foi pastor por algum tempo.
Depois fundou a Visão Nacional de Evangelização, mais conhecida como VINDE que estourou nas décadas de 80 e 90.
Fábio era rival de Macedo e detentor de um patrimônio que chegou a cinco milhões de dólares.
Fundou uma editora, publicou mais de 30 livros e proferia palestras no Brasil e no mundo em congressos e cruzadas evangelísticas.
Tudo veio abaixo quando em novembro de 1998 foi denunciado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) de ter fornecido e ser o principal “corretor” da negociação, envolvendo os documentos do, assim chamado, dossiê Cayman em que mostrava a existência de contas e empresas secretas do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e de outros políticos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), num paraíso fiscal do Caribe, as Ilhas Cayman.
No ano seguinte, o pastor assumiu um caso extraconjugal com a secretária, o que lhe rendeu a alcunha de adúltero, até hoje lembrada por Malafaia quando fala sobre o ex-líder evangélico.
Depois do dossiê, da ruína do matrimônio, viajou para o exterior e retornou em 2004 quando fundou o Caminho da Graça uma espécie de caminho alternativo no seguimento do evangelho.
É desafeto de quase todas as demais lideranças gospel em exercício, principalmente os ligados teoria da prosperidade.
Silas Malafaia é um nome conhecido entre adeptos das denominações evangélicas e não crentes.
Graduado em psicologia tomou como causa a luta contra o aborto e o PLC 122/2006.
No campo doutrinário não é pastor de uma igreja só.
O reverendo brigou com a cúpula da Assembleia de Deus da qual fazia parte.
Foi quando fundou a Associação Vitória em Cristo, uma das várias ramificações da tradicional Assembleia de Deus que completou cem anos de atividades no país neste ano e cuja sede está em Belém, PA.
Silas além exasperar Caio Fábio não nutre a mínima simpatia por Macedo, principalmente depois de uma matéria exibida na TV Record sobre o “Cair no espírito” que mexeu nos brios dos evangélicos adeptos do pentecostalismo e do Retete.
Para quem não lembra, a pastora Valnice Milhomen foi a primeira líder mulher a “teleevangelizar”.
De origem Batista, foi missionária por 12 anos na África e ao retornar criou sua própria fundação, dita interdenominacional.
Na década de 90 ocupava horário nas manhãs de sábado na televisão em rede nacional.
[acréscimo] Mais inconformações e dissabores.
Quem causou estranheza no meio evangélico e descontentamento de lideranças e seguidores foi o cearense presidente nacional da Betesda Ricardo Gondim quando defendeu publicamente na revista Ultimato da qual era colunista há mais de 20 anos a união entre pessoas do mesmo sexo.
Em outras articulações em seu blog já havia escrito um texto polêmico, “Deus nos livre de um Brasil evangélicos” no qual descrevia seus medos de um país governado por protestantes.
Ricardo Gondim nasceu católico e quando jovem se tornou presbiteriano, posteriormente a convite de um amigo ingressou na Assembleia de Deus ficando apenas poucos anos pois achava a denominação legalista demais e por fim tornou-se membro da Betesda.
Mas Gondim não é o único líder evangélico a defender a união entre pessoas do mesmo sexo.
O pastor Marcos Gladistone se tornou protestante aos 14 anos, membro da denominação Congregacional.
Segundo relata em seu site “Jesus” por meio de revelações o fez a assumir a homossexualidade.
A partir destas (e)moções participou de uma espécie de franquia de uma denominação Norte-Americana no país, vindo a fechar em 2005.
Foi quando o autodenominado pastor fundou o que se passou a chamar igreja inclusiva, ou seja, denominação que permite toda sorte de união entre pares do mesmo sexo.
Marcos orgulha-se de ser o primeiro pastor protestante a contrair união com outro homem e conduzir uma “igreja”.
Desgostosos com a teoria da prosperidade e uma série de modismos incorporados aos cultos e estrutura das igrejas um grupo de evangélicos crescem no país adotando o estilo crente sem igreja.
Reúnem-se em casas de conhecidos, não devolvem dízimo e não promovem proselitismo.
A revista Época publicou extensa matéria sobre o assunto traçando o perfil destes novos evangélicos.
Assim a semanário descreve uma dessas iniciativas: “A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo.
Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana.
Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia.
Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos.
Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook.
A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda”.
Nem a realidade virtual escapa dos dissabores entre os milhares de grupos evangélicos no país.
Paulo e Vera são casados e já passaram por diversas denominações.
Cansados de procurarem resolveram criar blogs na Internet com o intuito de motivar e resgatar o anúncio do evangelho puro e simples.
A procura foi tanta que já se especula a fundação de uma igreja a partir das ativas participações no blog.
A exemplo das brigas e contendas dos líderes, os participantes seguem o mesmo caminho.
É difícil encontrar um membro de denominação evangélica que tenha passado toda a sua existência em uma única igreja.
Sobre o assunto comenta um estudioso no site Gospel Mais, “Existem consequências muito grandes nesses momentos.
Uma delas é o prejuízo ao caráter evangelístico da igreja.
Os novos convertidos sofrem um abalo na fé muito grande.
Eles esperam da igreja algo novo, querem satisfazer um vazio da alma.
Quando se deparam com uma separação que cria um ambiente muito hostil, a decepção é grande.
Afinal, no lugar onde tinham a expectativa de encontrar soluções, acabam encontrando mais problemas”, opina o Pastor Josivaldo Carlos, da Igreja Batista Missionária sobre esta situação”.
Ao contrário de várias denominações a Igreja Católica Apostólica Romana mantém a unicidade na diversidade e empreende esforços dentro da Igreja e fora dela para que sejamos todos como pediu Jesus, “Um só rebanho com um só pastor”.
COMENTÁRIO:
Todos os personagens deste artigo de autoria do