Depois deste
texto Arnaldo Jabor não precisa escrever mais nada.
Se eu fosse ele, jamais
redigiria qualquer outra coisa - este texto seria o definitivo.
Ao término da leitura, não se
acanhem.
Levantem-se onde estejam e, em pé, aplaudam sem constrangimentos.
Tenho
a certeza de que o que foi escrito é tudo aquilo que gostaríamos de dizer em
rede nacional.
A divulgação através do repasse deste texto, cuja indignação deve ser equiparada à do famoso discurso de Rui Barbosa proferido no Senado em 17 de dezembro de 1914, pode e deve ser feita.
Será mais uma
tentativa de sensibilizar aqueles que ainda não atentaram para os riscos que
corre nossa Pátria nas mãos de seus atuais dirigentes.
Ai de ti, Brasil!
Ai de ti,
Brasil, eu te mandei o sinal, e não recebeste.
Eu te avisei e me ignoraste,
displicente e conivente com teus malfeitos e erros.
Ai de ti, eu te analisei
com fervor romântico durante os últimos 20 anos e riste de mim.
Ai de ti,
Brasil! Eu já vejo os sinais de tua perdição nos albores de uma tragédia
anunciada para o presente do século XXI, que não terá mais futuro.
Ai de ti,
Brasil – já vejo também as sarças de fogo onde queimarás para sempre!
Ai de ti,
Brasil, que não fizeste reforma alguma e que deixaste os corruptos usarem a
democracia para destruí-la.
Malditos os laranjas e as firmas sem porta.
Ai de ti,
Miami, para onde fogem os ladrões que nadam em vossas piscinas em forma de
vagina e corcoveiam em “jet skis”, gargalhando de impunidade.
Malditas as
bermudas cor-de-rosa, as barrigas arrogantes e os carrões que valem o preço de
uma escola.
Maldita a cabeleira do Renan, os olhos cobiçosos de Cunha, malditos
vós que ostentais cabelos acaju, gravatas de bolinhas e jaquetões cobertos de
teflon, onde nada cola.
Por que rezais em vossos templos, fariseus de Brasília?
Acaso eu não conheço a multidão dos vossos pecados???
Ai de vós,
celebridades cafajestes, que viveis como se estivésseis na Corte de Luís XIV,
entre bolsas Chanel, gargantilhas de pérola, tapetes de zebra e elefantes de
prata.
Portais em vosso peito diamantes em que se coagularam as lágrimas de mil
meninas miseráveis.
Ai de vós, pois os miseráveis se desentocarão, e seus
trapos vão brilhar mais que vossos Rolex de ouro.
Ai de ti, cascata de
camarões!
Tu não viste
o sinal, Brasil.
Estás perdido e cego no meio da iniquidade dos partidos que te
assolam e que contemplas com medo e tolerância?
Cingiram tua fronte com uma
coroa de mentiras, e deste risadas ébrias e vãs no seio do Planalto.
Ai de vós,
intelectuais, porque tudo sabeis e nada denunciais, por medo ou vaidade.
Ai de
vós, acadêmicos que quereis manter a miséria “in vitro” para legitimar vossas
teorias.
Ai de vós, “bolivarianos” de galinheiro, que financiais países
escrotos com juros baixos, mesmo sem grana para financiar reformas estruturais
aqui dentro.
Ai de ti, Brasil, porque os que se diziam a favor da moralidade
desmancham hoje as tuas instituições, diante de nossos olhos impotentes.
Ai de
ti, que toleraste uma velha esquerda travestida de moderna. Malditos sejais,
radicais de cervejaria, de enfermaria e de estrebaria – os bêbados, os loucos e
os burros –, que vos queixais do país e tomais vossos chopinhos com “boa
consciência”.
Ai de vós, “amantes do povo” – malditos os que usam esse falso
“amor” para justificar suas apropriações indébitas e seus desfalques
“revolucionários”.
Ai de vós,
que dizeis que nada vistes e nada sabeis, com os crimes explodindo em vossas
caras.
Ai de ti,
que ignoraste meus sinais de perigo e só agora descobriste que há cartéis de
empresas que predam o dinheiro público, com a conivência do próprio poder.
Malditas sejam as empresas-fantasma em terrenos baldios, que fazem viadutos no
ar, pontes para o nada, esgotos a céu aberto e rapinam os mínimos picuás dos
miseráveis.
Malditos os
fundos de pensão intocáveis e intocados, com bilhões perdidos na Bolsa, de
propósito, para ocultar seus esbulhos e defraudações.
Malditos também
empresários das sombras.
Malditos também os que acham que, quanto pior, melhor.
A grande
punição está a caminho.
Ai de ti, Brasil, pois acreditaste no narcisismo
deslumbrado de um demagogo que renegou tudo que falava antes, que destruiu a
herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises, para voltar um dia
como “pai da pátria”.
Maldito esse homem nefasto, que te fez andar de marcha à
ré.
Ai de ti
Brasil, porque sempre te achaste à beira do abismo ou que tua vaca fôra para o
brejo. Esse pessimismo endêmico é uma armadilha em que caíste e que te
paralisa, como disse alguém: és um país “com anestesia, mas sem cirurgia”.
Ai de vós,
advogados do diabo que conseguís liminares em chicanas que liberam criminosos
ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões.
Maldita seja
a crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos.
Malditos os
compradiços juízes, repulsivos desembargadores, vendilhões de sentenças para
proteger sórdidos interesses políticos.
Malditos sejam os que levam dólares nas
meias e nas cuecas e mais ainda aqueles que levam os dólares para as Bahamas.
Ai
de vós! A ira de Deus não vai tardar...
Sei que não
adianta vos amaldiçoar, pois nunca mudareis a não ser pela morte, guerra ou
catástrofe social que pode estar mais perto do que pensais.
Mas, mesmo assim,
vos amaldiçoo. Ai de ti, Brasil!
Já vejo as
torres brancas de Brasília apontando sobre o mar de lama que inundará o
Cerrado.
Já vejo São Paulo invadida pelas periferias, que cobrarão pedágio
sobre vossas Mercedes.
Escondidos atrás de cercas elétricas ou fugindo para
Paris, vereis então o que fizestes com o país, com vossa persistente falta de
vergonha.
Malditos sejais, ó mentirosos, vigaristas, intrujões, tartufos e
embusteiros!
Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas
mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente.
Ai de ti, Brasil, o dia
final se aproxima.
Se vossos
canalhas prevalecerem, virá a hidra de sete cabeças e dez chifres em cada
cabeça e voltará o dragão da Inflação.
E a prostituta do Atraso virá montada
nele, segurando uma taça cheia de abominações.
E ela estará bêbada com o sangue
dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e mãe de
todos os ladrões que paralisam nosso país”.
Ai de ti, Brasil! Canta tua última
canção na boquinha da garrafa.
ARNALDO
JABOR