Amigas e amigos,
Todos sabem o quanto em nossa região, particularmente no verão, é intenso o calor no final da manhã, quando o sol não dá trégua e castiga mesmo.
Ainda assim, durante a cerimônia de inauguração da ponte sobre o rio Curuá, no município de Alenquer, num pequeno palanque na margem da estrada PA-254, observava que o vai e vem de jovens, idosos, crianças e famílias inteiras não parava nos quase 400 metros da nova estrutura de concreto.
A PA-254, é uma rodovia de aproximadamente 500 quilômetros que corre paralela, pela margem esquerda, ao majestoso Amazonas.
Logo, a ponte tem um grande significado para os vários municípios da chamada "Calha Norte".
Desde a caminhada pela "Vila de Currotela", já havia percebido o quanto o momento era especial, festivo e que aquele sábado iria ficar guardado não só nas câmeras e aparelhos celulares, mas sobretudo no coração daqueles moradores e de todos nós.
Cada abraço, aperto de mão ou simples, "tapa nas costas", tinha um sentimento de gratidão tão grande que era impossível disfarçar ou esconder os quarenta anos que nos separavam dos primeiros pleitos da pequena população local pela construção da tão esperada ponte.
E foi nesse sol escaldante, mas que nem de longe era maior que o calor humano daquela gente simples, que no momento em que fui chamado para falar, não resisti e desci da pequena estrutura improvisada e fui para o lado das pessoas, olhar olho no olho e sentir um pouco mais daquela energia boa, que era tão forte.
Já nos primeiros passos, recebi um abraço forte de um senhor, que quase aos gritos e lágrimas, parecia querer dizer aos outros, mas sobretudo a si mesmo, que valeu a pena ter lutado tanto.
E vi naquele gesto a mais genuína demonstração de um povo que, como diz a canção: tem na pele esta marca e a estranha mania de ter fé na vida.
E se valeu pra ele, valeu também pra todos nós, por ter reforçado a crença de que a nossa gente simples quer apenas ter motivo para poder acreditar na política.
Mas não pode aceitar mais ver, a cada dia, seu trabalho valer menos dinheiro, e seu dinheiro comprar menos coisas, enquanto velhos políticos, ao invés de lutarem por investimentos no Estado, protegem seus "mistérios" e ministérios, preocupados em salvar cargos, prestígio, partido, mas sem qualquer gesto que demonstre preocupação em salvar o Brasil.
Não tem como não se emocionar e ainda bem que o coração da gente é maior que qualquer cartão de memória que o homem tente inventar: nele, temos sempre espaço a mais para guardar esses momentos.
Mais do que a quantidade de pessoas que participaram da festa, que vestiram suas melhores roupas, que prepararam almoços especiais para familiares que chegavam para conhecer a ponte, o que chamou a atenção de todos nós foi o entusiasmo e a emoção das pessoas.
Particularmente visível no semblante do chefe da Casa Civil, José Megale, que é filho de imigrante italiano e, nascido na região, também muito lutou por esse dia.
Amigas e amigos,
Ao ouvir inúmeros agradecimentos, procurava explicar que todos "estávamos de parabéns".
E que a gratidão deveria ser dirigida a cada um dos que esperaram sem desesperar, e especialmente, aos paraenses, de todas as regiões.
Do sul, do Oeste, do Marajó, do Baixo Tocantins, do Xingú, do Tapajós, de Belém e do nordeste que, são os grandes artífices deste fantástico pedaço de Brasil que o poeta com doçura apelidou de um País que se chama Pará.
Sim, ainda há muito a fazer, mas sem dúvida honramos mais um compromisso e cumprimos mais uma etapa.
Parabéns e obrigado, paraenses.