Conselho Federal da entidade se reuniu neste sábado em Brasília. Das 27 representações estaduais e do Distrito Federal, 25 votaram pela abertura de processo de impeachment do presidente.
Depois de mais de sete horas de reunião, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu na noite deste sábado (20), por 25 votos a 1, aprovar o relatório que recomenda que a entidade ingresse com pedido de impeachment do presidente Michel Temer.
O pedido será protocolado nos próximos dias na Câmara dos Deputados.
Cada voto representa a OAB de um estado ou do Distrito Federal (DF).
O Acre, ausente, não votou.
A representação do Amapá foi a única a votar contra o pedido de impeachment.
Todos as demais unidades da federação votaram a favor do pedido.
O Acre, ausente, não votou.
A representação do Amapá foi a única a votar contra o pedido de impeachment.
Todos as demais unidades da federação votaram a favor do pedido.
O relatório foi elaborado por uma comissão formada por seis
conselheiros federais e concluiu que “as condutas do presidente da
República, constantes de inquérito do STF, atentam contra o artigo 85 da
Constituição e podem dar ensejo para pedido de abertura de processo de impeachment”.
Na votação, o Conselho Pleno da OAB decidiu pelo pedido de abertura de
processo de impeachment por considerar que o presidente Michel Temer
cometeu crime de responsabilidade.
Temer é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF),
autorizado pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava
Jato, para que ele seja investigado por suspeita de corrupção passiva,
obstrução à Justiça e organização criminosa.
O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, afirmou que o momento é de "tristeza".
“Estamos a pedir o impeachment de mais um presidente da República, o
segundo em uma gestão de um ano e quatro meses.
Tenho honra e orgulho de
ver a OAB cumprindo seu papel, mesmo que com tristeza, porque atuamos
em defesa do cidadão, pelo cidadão e em respeito ao cidadão.
Esta é a OAB que tem sua história confundida com a democracia brasileira e mais uma vez cumprimos nosso papel”, disse.
Esta é a OAB que tem sua história confundida com a democracia brasileira e mais uma vez cumprimos nosso papel”, disse.
A comissão da OAB que elaborou o parecer pró-impeachment foi formada logo depois da revelação dos áudios e do teor da delação à Procuradoria Geral da República (PGR) dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBS.
Integraram a comissão Ary Raghiant Neto (MS), Delosmar Domingos de Mendonça Júnior (PB), Flávio Pansieri (PR), Márcia Melaré (SP) e Daniel Jacob (AM).
A comissão apontou falha do presidente ao não informar às autoridades a
admissão de crime por Joesley Batista, que na noite de 7 de março deste
ano usou um gravador escondido para registrar diálogo com Temer durante
encontro na residência oficial do Palácio do Jaburu.
Na ocasião, Joesley disse que teria corrompido um juiz, um juiz substituto e um procurador da República.
Na ocasião, Joesley disse que teria corrompido um juiz, um juiz substituto e um procurador da República.
Segundo a comissão, Temer faltou com o decoro ao se encontrar com o
empresário sem registro da agenda e supostamente ter prometido agir em
favor de interesses dele.
Para a comissão, ao não informar sobre
cometimento de ilícitos, Temer incorreu em omissão, infringiu a
Constituição, a Lei do Servidor Público, cometendo crime de peculato.
Defesa queria mais tempo
Durante a reunião do Conselho Federal da OAB, o advogado Gustavo
Guedes, em defesa do presidente Michel Temer, pediu mais tempo para
apresentar defesa diante do órgão.
Carlos Marun, advogado e deputado do PMDB, também pediu que o conselho aguardasse uma perícia sobre os áudios antes de decidir.
Carlos Marun, advogado e deputado do PMDB, também pediu que o conselho aguardasse uma perícia sobre os áudios antes de decidir.
Mas o pedido da defesa foi rejeitado.
Na votação, 19 das 27 bancadas que representam os estados se manifestaram pela rejeição dos argumentos da defesa.
Sete bancadas (AL, AP, DF, MA, MT, PR e SC) foram favoráveis ao pedido da defesa.
A bancada do Acre não votou.
Na votação, 19 das 27 bancadas que representam os estados se manifestaram pela rejeição dos argumentos da defesa.
Sete bancadas (AL, AP, DF, MA, MT, PR e SC) foram favoráveis ao pedido da defesa.
A bancada do Acre não votou.
Votaram pela rejeição do pedido de Temer e pelo prosseguimento da análise do relatório da comissão da OAB, favorável ao impeachment, as bancadas de AM, BA, CE, ES, GO, MS, MG, PA, PB, PE, PI, RJ, RN, RS, RO, RR, SP, SE e TO.
Na discussão do mérito do relatório da comissão, os conselheiros também
abordaram a questão da possibilidade de eleições diretas ou indiretas
para a Presidência da República.
Alguns conselheiros argumentaram que o Congresso não tem legitimidade
para promover uma eleição presidencial indireta; outros argumentaram que
aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC) sobre a eleição
direta poderia significar casuísmo.
Ex-presidente nacional da OAB, Cézar Britto defendeu a "consulta ao
povo" como saída para a crise.
Argumentou ainda que a análise do caso tem de ir além da perícia dos áudios e considerar o contexto.
Ressaltou o fato de que até agora não foi desmentido que os que cometeram ilícitos agiram em nome do presidente.
Britto também declarou que "é preciso reagir à delação premiadíssima", e que o MP não pode devolver apenas parte do patrimônio desviado.
Ainda nessa linha, ele argumentou que, nesta delação premiadíssima, devolve-se metade do que foi roubado e legaliza-se o resto.
Argumentou ainda que a análise do caso tem de ir além da perícia dos áudios e considerar o contexto.
Ressaltou o fato de que até agora não foi desmentido que os que cometeram ilícitos agiram em nome do presidente.
Britto também declarou que "é preciso reagir à delação premiadíssima", e que o MP não pode devolver apenas parte do patrimônio desviado.
Ainda nessa linha, ele argumentou que, nesta delação premiadíssima, devolve-se metade do que foi roubado e legaliza-se o resto.
O presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, defendeu a solução pela Constituição – ou seja, a eleição indireta.
Joaquim Felipe Spadoni, conselheiro de Mato Grosso, argumentou contra o
"achincalhe" da colaboração premiada.
Numa dura crítica aos empresários da JBS, afirmou que a sociedade não consegue acreditar que criminosos estão livres passeando em Nova York.
Falou a favor de se pensar em medidas alternativas.
Numa dura crítica aos empresários da JBS, afirmou que a sociedade não consegue acreditar que criminosos estão livres passeando em Nova York.
Falou a favor de se pensar em medidas alternativas.
Raimundo Palmeira, conselheiro de Alagoas, argumentou que quem se
relaciona com bandido confesso não tem condições de comandar uma nação.
Henri Clay Andrade, presidente da OAB-SE, disse que é preciso "bater
forte" na "farra da delação premiada".
E que o "prêmio" dado à JBS é um escândalo de grandes proporções.
E que não vai haver estabilidade política se for eleito um presidente no conchavo de deputados e senadores.
E que o "prêmio" dado à JBS é um escândalo de grandes proporções.
E que não vai haver estabilidade política se for eleito um presidente no conchavo de deputados e senadores.
Nos discursos, os conselheiros também defenderam a necessidade de Reforma Política.
Temer questiona audio
A defesa do presidente Michel Temer protocolou, por volta das 16h deste sábado, petição no STF em que pede a suspensão do inquérito que o investiga por suspeita de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Mais cedo, em pronunciamento no Palácio do Planalto, Temer havia
afirmado que pediria a suspensão do inquérito após reportagem da "Folha
de S. Paulo" informar, com base na opinião de peritos ouvidos pelo
jornal, que houve edição no audio da conversa entre ele e o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista.
Pedidos de impeachment
O Conselho Federal da OAB é a instância de deliberação que decidiu
favoravelmente ao impeachment dos ex-presidentes Fernando Collor e Dilma
Rousseff.
A OAB também foi instada a se manifestar, na época, sobre pedidos de impeachment dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, mas entendeu que não era o caso.
A OAB também foi instada a se manifestar, na época, sobre pedidos de impeachment dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, mas entendeu que não era o caso.