Investigações indicam que empresários são obrigados a pagar R$ 1 mil por areal explorado. Série do G1 revelou atividade econômica do grupo.
Por Henrique Coelho, G1 Rio
A operação da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA)
que resultou na prisão de 12 pessoas nesta terça-feira (15) revelou
também o faturamento de milicianos de Seropédica com a extração de areia
na Baixada Fluminense.
Na Reta de Piranema, conhecida por seus areais, a polícia investigou e
concluiu que empresas de extração são ameaçadas pela milícia para pagar
R$ 1 mil por areal explorado.
"Como são mais ou menos 60, ali dá uma estimativa de R$ 60 mil, só de areal", detalhou ao G1 o delegado titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Antônio Ricardo Nunes.
Também segundo a polícia, há relatos na investigação de que milicianos
teriam tomado o controle de empresas que não pagavam a taxa de R$ 1 mil.
O delegado explicou que as estratégias do grupo criminoso são
diversificadas.
"Primeiro, não deixam trabalhar regularmente, começam a criar um monte
de empecilhos.
Depois, começam a cobrar valores exorbitantes, que a
pessoa não consegue mais pagar, e falam: 'sai daqui; agora aqui é meu'",
disse o delegado.
As investigações sobre a conduta dos criminosos continua e, agora, a
polícia apura se até um oficial da policial militar, já reformado, seria
uma das vítimas dos milicianos.
Ele seria um dos proprietários de um
areal que testemunhas dizem ter sido expulso da região pela milícia.
A polícia também investiga se as cobranças nesses locais seriam feitas a mando do miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko.
Na operação desta terça, a polícia apreendeu oito caminhões.
Também
segundo informações da delegacia especializada, a retirada ilegal de
solo pode resultar na erosão acelerada e na compactação do solo.
Somadas, podem dar origem a um processo de desertificação, com alterações inclusive no microclima da região.
Franquia do crime
Em março, uma série do G1
revelou que, entre as principais atividades econômicas da milícia em
Seropédica estava a exploração da extração de areia e saibro.
A atuação da milícia no município é feita através de uma "franquia" da
milícia da Zona Oeste do Rio, com métodos semelhantes para arrecadar
dinheiro e demonstrar poder.
Uma das empresas, como revelou a quarta reportagem da série, pertence ao empresário Luiz Antônio da Silva Braga, irmão de Wellington da Silva Braga, o Ecko.
De acordo com promotores do Ministério Público, Luís Antônio é o sócio
da Macla Extração e Comércio de Saibro.
Luís Antônio chegou a ser preso
pela Draco, em 2015, acompanhado por dois seguranças – um deles policial
militar.
Mas acabou liberado no Plantão Judiciário.
O irmão dele, Wellington da Silva Braga, o Ecko, é procurado por
chefiar a milícia com influência em Campo Grande, Paciência, Santa Cruz,
Cosmos e Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio.
Ecko assumiu o grupo após a morte de outro irmão, Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes.
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