Com 16 páginas, documento especifica 880 vagas que eram indicadas por 64 parlamentares e até secretários, como mostrou JN. Planilha estava no apartamento de Edson Albertassi
Por Arthur Guimarães e Paulo Renato Soares, TV Globo
A força-tarefa da Lava Jato descobriu e apreendeu uma planilha na casa
do deputado preso Edson Albertassi (PMDB) que revela como cargos
políticos eram distribuídos para atender o esquema de corrupção do
Governo do Rio de Janeiro.
A reportagem, exibida no Jornal Nacional
desta quarta-feira (20), é de Arthur Guimarães e Paulo Renato Soares.
Para investigadores, o documento que estava num computador do
parlamentar demonstra como deputados acusados de integrar uma
organização criminosa que dominou o estado mantinham o controle rigoroso
sobre nomeações de cargos no governo.
A mesma planilha também servia
para monitorar votos de aliados, interferir em leis ou investigações,
segundo a força-tarefa.
Albertassi, que atuava como líder do governo na Assembleia Legislativa (Alerj), está preso
desde o último dia 21.
Além dele, estão também na Cadeia Pública José
Frederico Marques, em Benfica, o ex-presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, e outro peemedebista, Paulo Melo.
Todos políticos influentes no estado e compunham a alta cúpula da Casa legislativa.
A investigação indica que a planilha servirá como prova de que os
parlamentares operavam uma "barganha" com cargos.
O Ministério Público
Federal (MPF) detalhou que continham no documento 880 vagas de seis
órgãos públicos estaduais, distribuídas por todas as cidades do estado.
São 16 páginas que relacionam nomes de políticos que pediram
determinados cargos, quem ocupou a vaga e onde.
Os registros apreendidos
datam de 2015.
Durante esse tempo, 64 deputados, vereadores e até
secretários de estado indicaram pessoas nomeadas, segundo o MPF.
Votação
Picciani, Albertassi e Paulo Melo precisaram de duas determinações da
Justiça Federal para permanecerem presos.
Isso porque no dia 17 do mês
passado, 39 deputados da Alerj decidiram que os políticos deveriam ser soltos.
Contrariado, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região expediu novos mandados de prisão para o trio peemedebista.
Com a apreensão da planilha e o cruzamento das informações, os
investigadores descobriram que dos quase 40 parlamentares que voltaram a
favor da soltura do trio, 29 aparecem no documento.
E dos oito que não
participaram da sessão, seis deles também indicaram apadrinhados.
Nesta quarta-feira, a Alerj cancelou uma reunião do Conselho de Ética
da Casa que iria discutir se seria aberto ou não o processo de cassação
dos deputados presos.
O presidente do conselho é o deputado André
Lazaroni, também do PMDB.
Lazaroni foi um dos deputados a discursar a favor da libertação dos
correligionários e, agora, pela planilha, sabe-se que indicou 25 pessoas
para ocupar cargos comissionados em órgãos públicos do estado.
O que dizem os citados
O Governo do Rio informou que não tem conhecimento da planilha e que o
preenchimento das vagas segue critérios técnicos e de confiança dos
gestores da administração estadual.
O deputado André Lazaroni disse que não negociou cargos com qualquer
deputado e que baseia sua conduta na ética e na legalidade.
A assessoria do deputado Edson Albertassi disse que não há nada de
ilegal no processo de indicações políticas.
O Jornal Nacional não teve
reposta da defesa de Jorge Picciani e Paulo Melo.
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