Julgamento foi adiado de agosto para esta terça-feira (5). Administrador Anderson Leitão confessou ao G1 ter esganado Ana Carolina após discussão por ciúmes em 2015; veja vídeo.
Por Kleber Tomaz, G1 SP, São Paulo
Após dois anos, o administrador Anderson Rodrigues Leitão, de 27 anos, que matou a ex-namorada, a dançarina Ana Carolina de Souza Vieira,
de 30 anos, deverá ser julgado na tarde desta terça-feira (5) em São
Paulo por diversos crimes, entre eles feminicídio (assassinato de mulher
cometido pela condição do gênero feminino da vítima).
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o
júri popular vai começar às 13h no plenário 8 do Fórum Criminal da Barra
Funda, Zona Oeste da capital.
Em princípio, a audiência só foi
reservada para está terça.
Anderson confessou ter esganado Ana após uma discussão em 2 de novembro
de 2015 no apartamento onde ela morava, na Zona Sul da capital.
O corpo
da dançarina só foi encontrado dois dias depois.
O administrador foi
preso em flagrante e contou com exclusidade ao G1 que matou a ex por ciúmes porque não aceitava o fim do namoro.
“Montei em cima dela e a estrangulei [esganei] com as minhas próprias
mãos”, afirmou Anderson naquela ocasião, que, na verdade a esganou.
Ele
alegou ainda ter tentado se suicidar em seguida, tomando veneno.
Atualmente está preso preventivamente na Penitenciária masculina de
Tremembé, no interior paulista.
O réu também é acusado de homicídio doloso qualificado, ocultação de
cadáver e furto.
Além de feminicídio, as outras qualificadoras do
assassinato são meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP), Anderson
furtou US$ 700, 80 libras, R$ 800, celular e cartão bancário de Ana.
Júri adiado.
No julgamento de crimes dolosos contra a vida, sete pessoas da
sociedade serão escolhidas pela acusação e pela defesa do réu para
julgar Anderson.
Eles votarão se absolvem ou condenam o acusado.
Caberá
ao juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri, dar a sentença a
partir da escolha da maioria dos jurados.
Antes, cerca de dez testemunhas, entre as de acusação e da defesa,
serão ouvidas.
Em seguida, deverão ocorrer o interrogatório do réu e os
debates entre Promotoria e Defensoria.
Somente após essas etapas é que o
conselho de sentença se reúne numa sala para votar.
O julgamento de Anderson deveria ter ocorrido no dia 17 de agosto, mas a Justiça atendeu ao pedido da defesa do acusado e adiou o júri.
A alegação da Defensoria Pública era de que uma testemunha importante faltou.
O G1
não conseguiu localizar o defensor responsável pela defesa do réu.
A
reportagem também não localizou o representante do MP, o promotor Miguel
Angelo Ciavarelli Nogueira dos Santos, e os parentes da vítima para
comentar a acusação.
Após isso, os jurados se reúnem para votar se Anderson é culpado ou
inocente e ainda se deve ser condenado ou absolvido.
A sentença, com a
pena ou não, sempre será do magistrado.
Confissão.
De acordo com a confissão que o administrador deu à Polícia Civil e ao G1,
ele matou a dançarina no quinto andar do Condomínio Neo Ipiranga, na
Rua Vergueiro.
O cadáver de Ana só foi encontrado no dia 4 de novembro
por vizinhos devido ao mau cheiro.
Zeladores do prédio decidiram tocar a campainha do apartamento da
dançarina.
Como a porta estava destravada, eles entraram e a encontraram
morta na cama do quarto.
Então chamaram a Polícia Militar (PM), que
prendeu Anderson.
Os policiais encontraram as janelas fechadas, um ventilador ligado e
incensos acesos.
Ana tinham sinais de violência pelo corpo.
Anderson confessou que asfixiou Ana após uma briga.
A dançarina teria
ficado irritada quando ele olhou as mensagens de WhatsApp no celular
dela.
Em seguida, segundo o acusado, a ex teria dito que gostaria de
vê-lo morto.
O administrador ocultou o corpo dela por dois dias.
Veneno de rato.
O assassino falou que depois tomou veneno de rato para morrer abraçado a
ex-namorada.
“Quando me dei conta, ela já estava desfalecida, apagada, e
não tinha mais o que fazer”, afirmou ele ao G1.
Chorando, ainda pediu para a família da ex-namorada perdoá-lo.
Após matar Ana, Anderson postou em seu Facebook, uma mensagem em que
dizia: “Deus, tenha misericórdia de nossas almas, adeus a todos”.
Nos
comentários, amigos e até estranhos o chamaram de “monstro” e pediram
sua prisão pelo crime.
Meses antes do crime, em junho de 2015, Ana havia participado do
concurso “Bailarina do Faustão”, do programa Domingão do Faustão, da TV
Globo, também na capital paulista.
Ela ainda fez testes por cerca de um mês com a banda Aviões do Forró, que divulgou uma nota lamentando a morte da dançarina à época.
A cearense Ana já havia alertado a portaria do prédio para não deixar
Anderson entrar no condomínio por causa das inúmeras brigas quando eles
namoravam.
Até cartazes com as fotos dele foram deixadas por ela com o
porteiro.
Familiares da vítima chegaram a contar a imprensa que Ana relatou ter sido ameaçada por Anderson após o fim do relacionamento.
Para os parentes da dançarina, ele é agressivo e possessivo.
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