Ex-ministro do governo Temer foi preso na segunda-feira por suspeita de atrapalhar investigações sobre desvios na Caixa Econômica Federal. Quase ao final da audiência, ele chorou.
A decisão de manter a prisão preventiva foi tomada durante audiência de
custódia com a presença do próprio Geddel e do advogado.
O ex-ministro
chorou ao final da audiência.
Com a decisão, não há prazo para a saída
de Geddel da prisão, mas o juiz Vallisney Oliveira deverá voltar a
analisar o pedido na semana que vem.
O magistrado também negou a aplicação de medidas alternativas, como
prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato
com outros investigados.
Um dos aliados mais próximos do presidente Michel Temer e responsável
pela articulação política do Palácio do Planalto até o fim do ano
passado, Geddel foi preso por suspeita de atrapalhar investigações da Operação Cui Bono, que apura supostas fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal – Funaro iniciou negociações com o MP para delação.
Ao pedir a prisão, o Ministério Público Federal argumentou que Geddel
pressionou a mulher de Lúcio Funaro, preso em Curitiba, a fim de evitar
uma delação premiada do doleiro, preso em Curitiba pela Operação Lava
Jato.
Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e
2013, no governo Dilma Rousseff.
De acordo com as investigações, manteve
a influência sobre a instituição desde que Temer assumiu a Presidência
em maio de 2016.
Choro
Durante a audiência de custódia, que durou cerca de uma hora e meia,
Geddel falou mais no início, para negar que tenha telefonado para a
mulher do doleiro Lúcio Funaro com intuito de evitar que ele fizesse
delação premiada, como suspeita o Ministério Público.
“Tenho a crença inabalável, convicção, de que em nenhum momento tomei
nenhuma atitude que pudesse ser de longe interpretada como embaraço à
Justiça ou às investigações, muito ao reverso”, afirmou.
Pouco depois, com a voz já embargada, disse que cumpriria quaisquer
medidas restritivas que lhe fosssem impostas em substituição à prisão.
“Me comprometo a cumprir ipis literis e não tomar nenhum passo que
possa me levar ao imenso constrangimento que estou vivendo do ponto de
vista pessoal e moral.
Com toda a convicção, creia nisso”, disse.
Ele também se emocionou, com a voz alterada, quando o procurador
Anselmo Lopres, do Ministério Público, lhe perguntou se em algum momento
pressionou alguém para que deixasse de fizer algo do interesse da
Justiça.
“Nenhum instante.
Repudio da forma mais veemente possível.
Em nenhum
momento.
É algo que é impossível alguém consiga provar, demonstrar, em
nenhum momento, em nenhum instante, em nenhuma circunstância, de nenhuma
forma, posso lhe assegurar olhando nos olhos do senhor”, afirmou,
fungando.
O abatimento foi maior ao final da sessão, quando Vallisney de Oliveira
disse que “infelizmente” não poderia atender neste momento ao pedido de
liberdade.
Cabisbaixo, Geddel permaneceu quase calado e somente cochichando com
seu advogado, que tentava, sem sucesso, trocar a prisão por restrições
como prisão domiciliar, uso de tornozeleira eletrônica, proibição de
contato com outros advogados e entrega de passaporte.
Conversas com a mulher de Funaro
Durante a audiência, Geddel confirmou ter falado por telefone com a
mulher do doleiro Lúcio Funaro, Raquel Pitta, pelo menos 10 vezes no
último ano.
Uma das alegações do Ministério Público para a prisão de Geddel é que ele tentava impedir uma delação de Funaro, também investigado
por suspeita de envolvimento nos desvios da Caixa.
Geddel disse, no
entanto, que tratava com Raquel Pitta somente de assuntos de família.
“Em nenhum momento, fala de pressão, de sondagem sequer”, disse,
negando que tinha interesse em saber se o doleiro iria fazer delação
premiada.
O juiz determinou que a polícia ouça em depoimento a mulher de Funaro e
faça perícia no celular dela para saber se houve algum tipo de pressão
para evitar a delação do doleiro e também para verificar se Geddel
realmente ligou para ela.
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