Sexta-feira, 05/02/2016, às 07:05,
Alvo
de investigações derivadas das operações Zelotes e Lava Jato, atingido
por suspeitas a respeito de propriedades no Guarujá e em Atibaia,
reformadas com a ajuda de empreiteiras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva atravessa um dos momentos mais difíceis de sua carreira
política.
Ainda que consiga explicar tudo aquilo que parece não ter explicação, ainda que consiga comprovar ser, como afirmou, “a pessoa mais honesta do mundo”, persistirá uma marca sobre seu nome.
A dúvida é legítima: ele terá condição de ser candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff?
A pergunta, claro, só faz sentido se Dilma completar seu mandato, algo que está longe de garantido, pelos dois motivos que todos conhecem.
Primeiro, a falta de apoio político evidente, entre tantas outras coisas, nas vaias que ela recebeu esta semana no Congresso.
Segundo, a catástrofe na economia brasileira, que faz do governo Dilma aquele com o menor índice de aprovação popular na história brasileira, apenas 5% de acordo com as últimas pesquisas.
Mesmo assim suponhamos, para efeito de raciocínio, que ela consiga concluir seu mandato até 2018.
Poderá Lula ser o candidato de seu partido a sucedê-la?
Ele sempre se apresentou como o nome natural no PT e, internamente, não teria rival caso quisesse se candidatar.
A estratégia de posar de vítima das “elites”, da “mídia”, dos “ricos” – ou seja lá de qual figura fantasiosa, criada para se eximir do menor sinal que seja de responsabilidade por qualquer acusação – sempre funcionou para lhe angariar simpatia diante daquele eleitorado que procura eleger um messias, não um líder político.
Para essa estratégia, quanto mais acusações fizerem contra ele, melhor.
Quanto mais ele puder acusar os juízes e o Ministério Público de perseguição, melhor.
Até um certo ponto.
A questão toda se resume à qualidade das acusações e às consequências jurídicas delas.
Até o presente momento, as autoridades têm agido com cautela em relação a Lula – em alguns casos, até mesmo tibieza.
Natural que tenham receio de atingir um mito popular como ele sem que haja provas eloquentes e evidências sobejas de crime no nome dele – algo que, até o presente, não conseguiram produzir.
Apesar de todos os fatos estranhos que cercam o sítio em Atibaia e a cobertura no Guarujá, Lula tem driblado as suspeitas afirmando, com base em documentos, que não é dono nem de um, nem de outro.
Nos inquéritos abertos contra ele para apurar a venda de MPs (investigada pela Operação Zelotes), o tráfico de influência internacional em nome da Odebrecht (investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal) e a compra do apartamento do Guarujá (investigada pelo Ministério Público paulista), seus advogados também têm tentado desviar o foco de Lula.
As investigações não cessaram – ao contrário, elas mal começaram. Fatos novos não param de vir à tona.
As diligências são conduzidas por policiais e procuradores determinados, que não deixarão de revirar tudo o que for necessário para descobrir a verdade.
Em política, muitas vezes isso basta para destruir reputações – mesmo aquelas construídas ao longo de anos, em torno da imagem de vítima de perseguição.
E se Lula for preso, ainda que temporariamente?
O que poderia um marqueteiro, mesmo o melhor deles, fazer contra uma prisão, uma condenação, ou mesmo uma acusação formal, caso algum desses cenários se materialize?
Que tipo de campanha eleitoral Lula poderia fazer em 2018 para convencer o cidadão a votar nele?
Bastará colocá-lo na posição de vítima de perseguição?
Pode ser cedo para fazer esse tipo de pergunta e, repita-se, nada ainda foi comprovado na Justiça contra Lula.
Mas o eleitorado nem sempre precisa de provas judiciais, muitas vezes se convence pelo que vê, pelo que acredita ser real.
Se a oposição quiser, poderá construir uma campanha inteira a respeito do operário que enriqueceu se dizendo perseguido pelos ricos. Será mentira?
Bem, essa não foi uma pergunta muito relevante para os marqueteiros, sobretudo os do PT, não é mesmo?
A popularidade de Lula não é mais a mesma.
Ele sofre com o naufrágio de Dilma e com o crescimento do sentimento antipetista na população.
Qualquer estrategista político, de qualquer partido, deve pensar neste momento nas alternativas eleitorais viáveis para 2018, pois agora é a hora de começar a construí-las.
O estrategista político do PT é Lula.
Como parte interessada, portanto, é difícil que ele tenha pensado em outro nome que não o seu.
A consequência disso pode lhe ser fatal.
Se escapar das investigações, é provável que, mesmo com sua aura mitológica e tudo o mais, nem ele nem seu partido escapem das eleições.
Ainda que consiga explicar tudo aquilo que parece não ter explicação, ainda que consiga comprovar ser, como afirmou, “a pessoa mais honesta do mundo”, persistirá uma marca sobre seu nome.
A dúvida é legítima: ele terá condição de ser candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff?
A pergunta, claro, só faz sentido se Dilma completar seu mandato, algo que está longe de garantido, pelos dois motivos que todos conhecem.
Primeiro, a falta de apoio político evidente, entre tantas outras coisas, nas vaias que ela recebeu esta semana no Congresso.
Segundo, a catástrofe na economia brasileira, que faz do governo Dilma aquele com o menor índice de aprovação popular na história brasileira, apenas 5% de acordo com as últimas pesquisas.
Mesmo assim suponhamos, para efeito de raciocínio, que ela consiga concluir seu mandato até 2018.
Poderá Lula ser o candidato de seu partido a sucedê-la?
Ele sempre se apresentou como o nome natural no PT e, internamente, não teria rival caso quisesse se candidatar.
A estratégia de posar de vítima das “elites”, da “mídia”, dos “ricos” – ou seja lá de qual figura fantasiosa, criada para se eximir do menor sinal que seja de responsabilidade por qualquer acusação – sempre funcionou para lhe angariar simpatia diante daquele eleitorado que procura eleger um messias, não um líder político.
Para essa estratégia, quanto mais acusações fizerem contra ele, melhor.
Quanto mais ele puder acusar os juízes e o Ministério Público de perseguição, melhor.
Até um certo ponto.
A questão toda se resume à qualidade das acusações e às consequências jurídicas delas.
Até o presente momento, as autoridades têm agido com cautela em relação a Lula – em alguns casos, até mesmo tibieza.
Natural que tenham receio de atingir um mito popular como ele sem que haja provas eloquentes e evidências sobejas de crime no nome dele – algo que, até o presente, não conseguiram produzir.
Apesar de todos os fatos estranhos que cercam o sítio em Atibaia e a cobertura no Guarujá, Lula tem driblado as suspeitas afirmando, com base em documentos, que não é dono nem de um, nem de outro.
Nos inquéritos abertos contra ele para apurar a venda de MPs (investigada pela Operação Zelotes), o tráfico de influência internacional em nome da Odebrecht (investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal) e a compra do apartamento do Guarujá (investigada pelo Ministério Público paulista), seus advogados também têm tentado desviar o foco de Lula.
As investigações não cessaram – ao contrário, elas mal começaram. Fatos novos não param de vir à tona.
As diligências são conduzidas por policiais e procuradores determinados, que não deixarão de revirar tudo o que for necessário para descobrir a verdade.
Em política, muitas vezes isso basta para destruir reputações – mesmo aquelas construídas ao longo de anos, em torno da imagem de vítima de perseguição.
E se Lula for preso, ainda que temporariamente?
O que poderia um marqueteiro, mesmo o melhor deles, fazer contra uma prisão, uma condenação, ou mesmo uma acusação formal, caso algum desses cenários se materialize?
Que tipo de campanha eleitoral Lula poderia fazer em 2018 para convencer o cidadão a votar nele?
Bastará colocá-lo na posição de vítima de perseguição?
Pode ser cedo para fazer esse tipo de pergunta e, repita-se, nada ainda foi comprovado na Justiça contra Lula.
Mas o eleitorado nem sempre precisa de provas judiciais, muitas vezes se convence pelo que vê, pelo que acredita ser real.
Se a oposição quiser, poderá construir uma campanha inteira a respeito do operário que enriqueceu se dizendo perseguido pelos ricos. Será mentira?
Bem, essa não foi uma pergunta muito relevante para os marqueteiros, sobretudo os do PT, não é mesmo?
A popularidade de Lula não é mais a mesma.
Ele sofre com o naufrágio de Dilma e com o crescimento do sentimento antipetista na população.
Qualquer estrategista político, de qualquer partido, deve pensar neste momento nas alternativas eleitorais viáveis para 2018, pois agora é a hora de começar a construí-las.
O estrategista político do PT é Lula.
Como parte interessada, portanto, é difícil que ele tenha pensado em outro nome que não o seu.
A consequência disso pode lhe ser fatal.
Se escapar das investigações, é provável que, mesmo com sua aura mitológica e tudo o mais, nem ele nem seu partido escapem das eleições.
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