Consórcio PCJ sugere armazenamento da chuva em poços como alternativa.
Ação elevaria nível dos rios da região de Piracicaba e seria 'reserva futura'.
Rio Piracicaba registrou pior vazão em 30 anos em outubro (Foto: Fernanda Zanetti/G1)
Um projeto enviado nesta semana às 43 prefeituras associadas ao Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) propõe uma alternativa inédita para o aumento do nível das nascentes da região.
O estudo sugere que o lençol freático dos mananciais receba uma "recarga artificial" de poços que armazenariam água da chuva.
O método serviria como "um grande reservatório de água natural para o
futuro", segundo o secretário executivo do grupo e coordenador da
pesquisa, Francisco Lahóz.
O levantamento destaca que a água da chuva poderia ser captada dos telhados das casas nas áreas urbana e rural, ou mesmo das coberturas de fábricas, indústriais e shopping centers.
Desses pontos, o líquido escoaria e seria transportado em tubulações até o interior de poços criados nas proximidades.
Outra alternativa apontada é a instalação de um sistema de coletores e
condutores, em outros locais pré-determinados, que levaria até o poço a
estrutura receptora da chuva.
A água vinda das tubulações seria injetada
nos poços por meio de um funil desenvolvido pelo consórcio.
De acordo com
os técnicos, o objeto de alumínio foi projetado para resistir a
eventuais turbulências hídricas e conta com um extravasor conectado a
uma cisterna, o que evitaria desperdícios no processo.
Chuva poderia ser captada em telhados de casas, diz estudo (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Reserva para o futuro
A natureza
já promove a realimentação do lençol freático toda vez que chove.
A
saída apontada pelo consórcio, no entanto, é uma forma de fomentar esse
processo, já que a estiagem prolongada reduziu drasticamente os níveis
dos rios
que abastecem a região e o Sistema Cantareira, provocando a necessidade
de volumes pluviométricos acima da média para normalizar o caos
hídrico.
"Essas primeiras chuvas que estão ocorrendo ainda não foram suficientes
para reabastecer os lençóis freáticos, devido à evapotranspiração
(perda de água do solo por evaporação), citou o órgão, por meio de assessoria de imprensa.
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“Ao promover a recarga do lençol freático de forma mais intensa e ágil, você está minimizando os impactos da estiagem, ao mesmo tempo em que cria-se uma reserva natural para o futuro e não se permite que vazões de dezenas de metros cúbicos por segundo passem direto pelas nossas bacias hidrográficas, indo para o oceano”, complementou Lahóz.
Ainda de acordo com ele, a ideia de "injeção direta de água no aquífero
através de poços", está prevista em uma resolução do Conselho Nacional
de Recursos Hídricos (CNRH).
Na pesquisa da entidade há informações
sobre como
implantar o funil em poços que já estejam em atividade.
Também é citada
a necessidade da colocação de telas para uma filtragem da água que
seria injetada no poço.
Em épocas de estiagem, o funil poderá ser
desacoplado do sistema por meio de uma rosca, evitando que a canalização
fique aberta.
Nesse caso, seria preciso instalar uma tampa no poço,
segundo o PCJ.
Controle da água
O estudo orienta as prefeituras interessadas em realizar as ações a
contatar os órgãos gestores.
Também salienta que o procedimento não
poderá causar alteração da qualidade das águas subterrâneas e que o
responsável pela operação deverá manter um registro do comportamento do
sistema, incluindo dados como os volumes de água utilizados por tipo de recarga,
a taxa de infiltração ao longo das operações e a quantidade total
infiltrada.
Além disso, deverá ser feito o monitoramento da qualidade da
água de recarga e da água do aquífero recarregado.
Rio Capivari também seria beneficiado com a adoção da medida (Foto: Tonny Machado/Raízes FM)
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