Ambição desenfreada da antiga União Soviética transformou Mar de Aral em um retrato triste. Em cerca de 30 anos, o volume da água caiu em 90%.
Mas não pense que é fácil tirar leite de camela, ainda mais com a
presença de estranhos.
A paisagem é de um vazio tão grandioso que
até a monotonia se torna exuberante, mas não se engane, o país das estepes tem
um patrimônio natural capaz de surpreender.
Florestas, desertos, montanhas,
canyons, lagos que parecem uma pintura.
O país voltado para o futuro tem que
acertar as contas com o passado.
Um dos piores desastres ambientais do planeta, uma tragédia anunciada
onde o homem é a maior vítima e ao mesmo tempo o principal responsável.
E as
pessoas ficam se perguntando, como tamanha destruição não foi evitada?
O Mar de Aral era sinônimo de fartura.
Barcos pescavam 60 toneladas por
ano.
Mas a ambição desenfreada da antiga União Soviética transformou a área em
uma enorme plantação.
No projeto, dois rios que abasteciam o mar Aral foram
desviados para irrigar as super safras de algodão.
Foi uma sentença para o
quarto maior lago de água salgada do mundo, tão grande que passou a ser chamado
de mar.
Em Akespe, no Cazaquistão, há 50 anos em uma vila próspera, famílias
viviam exclusivamente do que tiravam do mar, com o tempo o Aral recuou, as
dunas avançaram e muitos moradores tiveram que ir embora.
A areia está
engolindo boa parte das casas.
Só 23 famílias decidiram ficar na terra dos
antepassados.
“Quando o mar secou não tinha produção, eu me mudei para a cidade
porque aqui não tinha trabalho para os pescadores”, diz o pescador Nurlan
Demenov.
Barcos pesqueiros encalhados é um retrato
triste.
Acredite, o lugar onde hoje pastam os camelos, há menos de 40 anos
nadavam os peixes.
As conchas se espalham por toda parte.
A imagem dos barcos pesqueiros encalhados é um retrato triste do mar que quase desapareceu.
A imagem dos barcos pesqueiros encalhados é um retrato triste do mar que quase desapareceu.
E muitos que ficaram perto da areia foram divididos em pedaços e
vendidos como sucata.
É só uma questão de tempo para não sobrar mais nada.
A
ferrugem vai consumindo as carcaças dos barcos depenados.
São marcas sombrias
de um passado nem tão distante assim.
A tragédia fica ainda mais impressionante quando é vista do alto, nas
fotos de satélite da Nasa: em cerca de 30 anos, o volume da água caiu em 90%.
Aralsk foi uma das maiores cidades à beira do mar de Aral.
Chegou a ter
100 mil moradores.
Hoje, eles não passam de 40 mil.
O porto de Aralsk era um
dos mais importantes da região.
Uma grande área ficava no fundo do mar.
No
cais, a profundidade chegava a 12 metros.
Atualmente, velhos guindastes, que
permanecem no local, não tem mais função alguma, a não ser lembrar de uma
história de dor, perdas e desolação.
Uma história que Aralsk faz questão de
preservar.
Um museu guarda equipamentos, fotos e barcos dos tempos em que a
pesca era farta.
“Quando eu falo sobre esse mar para as crianças, parece conto de fadas,
mas eu vi esse mar, eu nadei nele”, diz Madi Zhasikenov, guia do museu de
Aralsk.
Barragem construída para salvar o que
restou do Mar de Aral
Mas a esperança não morreu.
O mar e as pessoas estão voltando, lentamente
para o vilarejo de Akespe. Resultado de uma barragem construída para salvar o
que restou da parte norte do Aral.
A presença de diferentes espécies de aves e
de parte da vegetação é um bom sinal.
É a prova de que a natureza é capaz de
reagir quando existe uma chance, por menor que seja.
Alguns outros moradores
das estepes também sofreram.
E é bom ter atenção nas estradas do Cazaquistão, porque eles estão na
pista.
Fortes e resistentes à vida dura no deserto, os camelos, quem diria,
enfrentaram muitas dificuldades para sobreviver em tempos soviéticos.
Criação de camelos resiste ao fim da União
Soviética.
Os líderes comunistas decidiram que os produtores rurais deveriam
investir na criação de carneiros e cabras, que tinham mais aceitação no mercado
externo.
Mas muitos fazendeiros resistiram e desde o fim da União Soviética, a
quantidade de camelos aumentou em 30%.
Uma fazenda já foi sede de uma cooperativa do governo soviético.
Na
vizinhança, 70 produtores, criam cerca de 2 mil camelos, misturados a cavalos,
vacas, cabras e ovelhas.
Nos estábulos feitos com galhos secos da vegetação
ficam as fêmeas leiteiras.
É preciso amarrar a pata para não correr o risco de
levar um coice.
As fêmeas só produzem leite quando estão amamentando, por isso
é importante levar o filhotinho para estimular a produção de leite na hora da
ordenha.
Cada camelo bebe mais de 50 litros de água por dia e consegue encarar
uma maratona de até 100 quilômetros de travessia no deserto.
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