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domingo, julho 13, 2014

Mudanças climáticas apontam fragilidade do Ártico

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ROD MAST (TEXTO E FOTOS) DO ÁRTICO, COM HAROLDO CASTRO
Conheço Roderic Mast há quase 25 anos. O conservacionista norte-americano com alma de latino – casado com uma colombiana – trabalhou em importantes organizações ambientalistas.

 Sua paixão pelos sete mares fez com que ele chegasse à presidência da Oceanic Society, ONG dedicada à preservação dos ecossistemas marinhos.


Tão apaixonado pelos mares como por viagens, Rod foi um dos co-fundadores do Clube de Viajologia em 1994, quando eu ainda vivia em Washington, DC. 

Ele possui um diploma de Pós-Doutorado em Viajologia e conhece 133 países.

  Leia mais textos do blog Viajologia

Sua última jornada levou-o a Svalbard, Noruega, dentro do Círculo Ártico, a apenas 600 milhas do Polo Norte. 

Mast e 16 membros da Oceanic Society viajaram no barco Lindblad National Geographic Explorer para entender melhor os efeitos das mudanças climáticas.

 Aqui está o relato de seu périplo, digno de um experimentado viajólogo.
 

O urso polar (Ursus maritimus) tornou-se símbolo das mudanças climáticas no Ártico (Foto: Rod Mast/Oceanic Society)

 


Parece apenas um ponto branco desfocado no horizonte das costas ocidentais da ilha Spitsbergen. 

Difícil encontrá-lo até mesmo com binóculos. 

A medida que nosso barco aproxima-se lentamente do litoral tomado pela neve, as poderosas teleobjetivas passam a captar uma forma mais arredondada. 

Todos os viajantes, reunidos no convés, soltam expressões de surpresa e de alegria.

 Mais alguns minutos e não há mais dúvida sobre o ponto focal: é uma ursa polar com seu filhote. 

Em seu habitat natural!

No conforto de nossas residências e de nossos escritórios em Washington, DC, controlados pelo ar condicionado no verão e pela calefação no inverno, é quase impossível reconhecer as mudanças climáticas que ocorrem no planeta. 

Informações científicas complexas, gráficos em ziguezagues mostrando a crescente temperatura global, predições de desastres naturais e imagens da elevação do nível dos mares competem, lado a lado, com a cacofonia das informações sobre guerras, política, celebridades, esportes e novelas. 

Na televisão, no rádio, na telinha do computador ou no tablet, as mudanças climáticas parecem abstratas e distantes, fáceis de serem ignoradas.

Mas aqui no Ártico é diferente. Durante as 24 horas de luz do verão Ártico – graças ao sol da meia-noite do final de junho – estamos rodeados pelo gelo dos icebergs e pelo azul profundo da água do mar. 

Para todo o grupo que viaja comigo, parece-nos visceralmente óbvio as consequências do aquecimento global. 

As geleiras diminuem a olhos vistos e o ecossistema ártico e seus habitantes estão sob ataque!
 

Uma ursa polar e seu filhote são avistados. O habitat natural dos ursos no verão está desaparecendo gradativamente devido às mudanças climáticas (Foto: Rod Mast/Oceanic Society)

 


Svalbard é um dos últimos lugares no planeta onde se pode observar ursos polares em seu habitat natural.

 Eles vivem sobre placas de gelo flutuante e, de lá, buscam focas, sua dieta predileta. Ursos polares foram caçados em Svalbard até 1973, quando a Noruega proibiu a matança. 

Durante as últimas quatro décadas, os ursos que habitam a região foram se acostumando à presença de seres humanos (o que facilita sua observação), como se seus antigos predadores tivessem feito um acordo de paz.

Mas não é bem assim. Se já não há mais caça direta nas ilhas Svalbard (esta continua ainda no Canadá e na Groenlândia), a grande ameaça humana ao urso polar continua a ser o humano e o aquecimento global por ele criado.

 A quantidade de gelo no Ártico durante o verão tem diminuído drasticamente, forçando os ursos a nadarem distâncias cada vez maiores para encontrarem uma banqueta estável de gelo.

Uma reportagem em julho de 2011 narrou a epopeia pela qual passou uma ursa polar ao ter de nadar quase 700 km para encontrar um pedaço de gelo. 

A ursa perdeu 22% de seu peso e seu filhote não conseguiu sobreviver à travessia.

 Dramas como este deverão ser cada vez mais frequentes a medida que a quantidade de gelo diminua no Ártico.  

Diferentes estudos apontam que, entre 2030 e 2050, não haverá mais nenhuma cobertura de gelo durante o verão do Polo Norte.
 

Uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), cetáceo que vive em todos os mares do planeta, faz sua expiração e cria um arco-íris (Foto: Rod Mast/Oceanic Society)



 



Nos dias seguintes à observação da ursa polar e seu filhote, nossas conversas convergem sobre o assunto das mudanças climáticas. 

Elas existem de verdade. 

Não podemos tapar o sol com a peneira, literalmente. 

Temos consciência que tivemos muita sorte de ter visto a família de ursos e sabemos que esta cena será cada vez mais difícil de ser observada no futuro. 

A verdade é que a viagem ao Círculo Ártico nos aproximou à triste realidade do aquecimento global. 

Ao terminar a jornada, prometemos, uns aos outros, que nos tornaríamos melhores embaixadores da causa. 

Cumpro o pacto, aceitando o convite feito por Haroldo Castro para contar minha história em seu blog Viajologia para que o leitor brasileiro esteja ainda mais atento.
 

No passado, as morsas (Odobenus rosmarus) foram caçadas intensamente para fornecer óleo, pele e marfim. Hoje, a população volta a crescer lentamente (Foto: Rod Mast/Oceanic Society)

 
Mas como as morsas também dependem das placas de gelo, o aquecimento global (e a consequente diminuição das placas) aumentou a vulnerabilidade da espécie (Foto: Rod Mast/Oceanic Society)

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