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domingo, março 15, 2009

QUEM SÃO AS PESSOAS DE SUCESSO?

Marcos Cavalcanti - Para o Jornal O Globo
Em geral, achamos que as pessoas de sucesso são ricas e/ou têm acesso e destaque na mídia de massa (TV e jornal). O resultado de nossa pesquisa confirmou isso. Com isso, o universo das pessoas elegíveis nos faz concluir que poucas pessoas deram certo na vida. Na verdade, muito poucas. Isso é uma loucura. Para cada Ayrton Senna, há dezenas de mecânicos e técnicos que contribuíram de maneira decisiva para as vitórias do grande piloto. Para cada Gerdau, há centenas de funcionários que não chegaram a ser gerentes, mas são felizes. Para cada Lula, existem milhões de brasileiros anônimos que conseguem realizar seus sonhos. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não é ninguém porque não conhece o castelo de Caras ou não possui um carro nem a casa maravilhosa. Todo dia vejo porteiros semi-alfabetizados levando na garupa de sua bicicleta seus filhos para a escola. O Zé, porteiro aqui do prédio é um deles. O seu maior orgulho é poder contar que embora não tenha concluído o ciclo básico, conseguiu fazer seu filho mais velho entrar na Universidade. Conversei com este filho esta semana e ele se mostrou super orgulhoso do pai que tem. Para mim, o Zé é um cara de
sucesso! A conseqüência de não valorizarmos as pessoas "comuns" é maior do que pensamos. Como aponta o consultor Roberto Shinyashiki, "O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência". As pessoas decoram as respostas que devem ser dadas na entrevista de seleção e quem acaba contratado, via de regra, é a pessoa boa em conversar, em fingir, e não a mais competente. Como aponta Shinyashiki, o modelo de gestão adotado na maioria de nossas empresas "cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento". Todos os discursos e boa parte dos cursos procuram motivar as pessoas. Claro que muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é falta de competência. Além do que, os incompetentes motivados são capazes de fazer besteiras monumentais! O Caetano Veloso tem uma frase que para mim é uma síntese do Brasil. Em 1968, quando o júri do festival da Record desclassificou sua música Alegria, Alegria, Caetano disse que "o júri é simpático, mas é incompetente". O brasileiro é, reconhecidamente, simpático. Morei na França 5 anos e eles se acham (sobretudo os parisienses) antipáticos e nos reconhecem como um dos povos mais simpáticos do planeta. Mas somos, em geral, incompetentes! Os vendedores não conhecem os produtos que vendem, o farmacêutico não é farmacêutico e o jogador de futebol não consegue falar três frases corretamente. Claro que isto é uma generalização redutora. A vida é muito rica e diversa do que esta afirmação genérica que fiz, mas acho que, em geral, é verdade.
Pior, como poucas pessoas conseguem ser elas mesmas e a maioria não consegue ter o que gostaria, parece que o objetivo de vida das pessoas passou a ser parecer... As pessoas parecem que sabem, parecem que fazem, parecem que acreditam. UHU!!!Muito poucos são humildes para confessar que não sabem. A esperança de mudança continua sendo depositada em heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico ou o jogador. Quem vai salvar minha vida? O terapeuta. Será???Não somos super-heróis nem super-fracassados... Uma das coisas boas de uma crise (econômica ou pessoal) é que ela pode nos ajudar a entender que somos os únicos responsáveis pela nossa própria vida e que só depende de nós para nos libertar desta tirania da aparência. Uma das coisas que procuro fazer para tentar evitar essa tirania é observar atentamente as pessoas que cedem a ela. Toda vez que vou ao barbeiro procuro ler a revista Caras para tentar entender o que se passa na cabecinha daquelas pessoas. E reparei alguns traços em comum entre elas. Em geral são pessoas que gostam de aplauso e elogios públicos, precisam estar com alguém para se sentirem amadas e ter segurança e, em geral, lêem pouco e têm muitas atividades mas pouca reflexão. Vivem uma vida supostamente intensa, correndo de um lado para outro, atendendo celulares, correndo atrás de sonhos que não são os delas... Achamos que o sucesso são estas pessoas, como se o sucesso não tivesse um significado individual. Achamos que o certo é estar feliz todos os dias (?!?). Queremos comprar
tudo o que pudermos (quando troquei de carro a secretária na Coppe me deu os "parabéns", eu perguntei por quê???). O resultado da pressa e destes valores é esse consumismo absurdo em que vivemos (olha o Natal aí, gente!!). Por fim, ouvimos todos os dias os professores, a mídia e os gurus dizerem para fazermos as coisas do jeito certo, como se houvesse um único caminho para se fazer as coisas. As metas podem ser interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não comprar a casa própria, emagrecer ou casar, mas podemos ser felizes vendo a lua, o pôr do sol ou tomando sorvete; ficando em casa sozinho, com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar, indo a praia, ao cinema ou deitado em silêncio ao lado da pessoa amada. O Drauzio Varella conta que quando trabalhava com pacientes terminais ninguém se lamentava, na hora da morte, por não ter comprado o apartamento dos seus sonhos ou por ter aplicado o dinheiro em ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida. E se, ao invés de grandes projetos, a felicidade for feita de coisas pequenas? O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Para mim, as pessoas de sucesso são aquelas que trabalham para realizar seus projetos de vida e seus sonhos, não para impressionar os outros, mas para ficar bem consigo mesmas.

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