Ex-diretor da Petrobras foi reinterrogado pelo juiz Sérgio Moro nesta sexta-feira (5) em processo da Operação Lava Jato envolvendo o ex-ministro Palocci.
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque acusou, em depoimento ao juiz
federal Sérgio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter
recomendado que destruísse provas da propina recebida por petistas fora
do Brasil no escândalo do Petrolão.
Duque foi condenado a mais de 20 anos de prisão e, até hoje, mantinha
silêncio sobre o assunto. Decidiu, então, prestar depoimento por
iniciativa própria a Moro.
Os advogados do ex-presidente Lula afirmam que o depoimento de Duque é
uma tentativa de fabricar acusações ao ex-presidente.
"Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos".
Leia a nota completa no fim da reportagem.
"Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos".
Leia a nota completa no fim da reportagem.
O ex-diretor de Serviços da Petrobras foi ouvido pelo juiz Sérgio Moro
em uma ação penal da Operação Lava Jato que apura se o ex-ministro
Antônio Palocci recebeu propina para atuar a favor da Odebrecht.
A denúncia trata de pagamentos feitos para beneficiar a empresa SeteBrasil, que fechou contratos com a Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no pré-sal.
A denúncia trata de pagamentos feitos para beneficiar a empresa SeteBrasil, que fechou contratos com a Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no pré-sal.
Segundo Duque, no último encontro, em julho de 2014, já com a Lava Jato
em andamento, Lula perguntou se ele tinha recebido algum dinheiro das
sondas no exterior.
O ex-presidente teria alertado a ele: “Presta atenção no que eu vou te dizer: Se tiver alguma coisa, não pode ter.
Não pode ter nada no teu nome, entendeu?”.
O ex-presidente teria alertado a ele: “Presta atenção no que eu vou te dizer: Se tiver alguma coisa, não pode ter.
Não pode ter nada no teu nome, entendeu?”.
Ainda conforme o réu, o ex-presidente perguntou se ele tinha recebido
valores da empresa SBM em uma conta na Suíça, relatando que a
ex-presidente Dilma Rousseff tinha a informação que um ex-diretor da
Petrobras teria recebido dinheiro no exterior.
Duque negou ter recebido dinheiro da SBM.
Lula então perguntou se Duque recebeu dinheiro das sondas.
Ao juiz, Duque afirmou que tinha recebido, mas que, no encontro, negou a Lula que tivesse recebido valores.
Lula então perguntou se Duque recebeu dinheiro das sondas.
Ao juiz, Duque afirmou que tinha recebido, mas que, no encontro, negou a Lula que tivesse recebido valores.
Segundo Duque, Lula disse ainda que a ex-presidente estava preocupada com o assunto e que iria tranquilizá-la.
“Teve um segundo encontro que, da mesma maneira, fez perguntas sobre sondas, porque não estava recebendo até então, em 2013.
Ele perguntou se eu sabia por que as empresas não estavam pagando.
Eu não soube responder também, porque não acompanhava isso”, contou.
Os encontros foram todos a pedido de Duque, para agradecer a Lula o período que permaneceu na Petrobras.
Arrecadação de propina
Duque afirmou que Lula determinou, por meio do ex-ministro Paulo
Bernardo, que, a partir de 2007, a arrecadação de propina ao PT por meio
de contratos da Petrobras fosse negociada com João Vaccari.
O ex-presidente, ainda de acordo com Duque, era chamado de Chefe,
Grande Chefe ou Nine nas conversas, segundo o ex-diretor de Petrobras.
“Eu fui chamado a Brasília e essa pessoa [Paulo Bernardo] falou: ‘Olha,
você conhece uma pessoa indicada pelo...’.
Ele fazia esse movimento [Duque passa a mão no queixo], não citava o nome.
O presidente Lula era chamado como Chefe, Grande Chefe, Nine ou esse movimento com a mão.
Você vai receber uma pessoa que está sendo indicada e ele vai conversar com você.
Ele vai ser, agora, quem vai atuar junto às empresas que trabalham para a Petrobras.
Foi quando eu conheci o Vaccari, em 2007”.
Ele fazia esse movimento [Duque passa a mão no queixo], não citava o nome.
O presidente Lula era chamado como Chefe, Grande Chefe, Nine ou esse movimento com a mão.
Você vai receber uma pessoa que está sendo indicada e ele vai conversar com você.
Ele vai ser, agora, quem vai atuar junto às empresas que trabalham para a Petrobras.
Foi quando eu conheci o Vaccari, em 2007”.
Conforme o réu, ele saiu da Petrobras em 2012 e não tinha nenhuma
relação com a Sete Brasil.
No entanto, ele recebeu dinheiro referente a esse contrato porque Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e delator da Operação Lava Jato, pediu para usar a conta dele e, para isso, pagaria um percentual sobre os valores depositados.
No entanto, ele recebeu dinheiro referente a esse contrato porque Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e delator da Operação Lava Jato, pediu para usar a conta dele e, para isso, pagaria um percentual sobre os valores depositados.
Indicação de José Dirceu
Duque afirmou que foi o ex-ministro José Dirceu quem decidiu escolhê-lo
para a Diretoria de Serviços, após embate entre os ex-tesoureiros do PT
Delúbio Soares e Silvio Pereira.
Delúbio defendia a indicação de Irani Varella, enquanto Pereira preferia Duque.
Delúbio defendia a indicação de Irani Varella, enquanto Pereira preferia Duque.
"O José Dirceu, então ministro, foi chamado para dar uma decisão.
A decisão dele foi clara.
Ele falou: ‘Não, o PSDB já está contemplado na diretoria da Petrobras, e eu não vou atender a um pedido do doutor Aécio Neves.
Então, quem vai ficar na diretoria é Renato Duque”.
O ex-diretor da Petrobras disse que se arrependeu de receber tanto
dinheiro de propina.
“Quando atingiu determinado valor, aquilo para mim era mais do que suficiente.
Para que você vai querer juntar dinheiro?
Eu não usei esse dinheiro.
Quando atingiu 10 milhões de dólares, eu falei: é muito mais do que eu preciso para viver e minha terceira geração”.
“Quando atingiu determinado valor, aquilo para mim era mais do que suficiente.
Para que você vai querer juntar dinheiro?
Eu não usei esse dinheiro.
Quando atingiu 10 milhões de dólares, eu falei: é muito mais do que eu preciso para viver e minha terceira geração”.
Ao final do interrogatório, Duque afirmou que se sente mais leve por
ter falado.
“Eu cometi ilegalidades.
Quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar pelas ilegalidades que eu cometi”.
“Eu cometi ilegalidades.
Quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar pelas ilegalidades que eu cometi”.
O réu fez um comparativo da situação que vive com uma peça de teatro.
“Eu sou um ator, tenho um papel de destaque nesta peça, mas eu não fui e não sou nem o diretor nem o protagonista desta história.
Eu quero pagar pelo o que eu fiz”.
“Eu sou um ator, tenho um papel de destaque nesta peça, mas eu não fui e não sou nem o diretor nem o protagonista desta história.
Eu quero pagar pelo o que eu fiz”.
O ex-diretor da Petrobras ainda se colocou a disposição para esclarecer
fatos e disponibilizar as provas que tiver.
“Estou aqui para passar esta história a limpo”.
“Estou aqui para passar esta história a limpo”.
Ele disse que nunca tratou com o Palocci as questões das sondas.
O que dizem as defesas
O advogado de José Dirceu, Roberto Podval, afirmou que ainda não tomou conhecimento do depoimento de Renato Duque.
Verônica Sterman, responsável pela defesa do ex-ministro Paulo
Bernardo, informou que a alegação de Renato Duque é mentirosa e
totalmente fora de contexto. "Paulo Bernardo nunca esteve com Renato
Duque", diz a defesa.
O G1 tenta contato com os outros citados na reportagem.
Veja a íntegra da nota da defesa de Lula:
O
depoimento do ex-diretor da Petrobras Renato Duque é mais uma tentativa
de fabricar acusações ao ex-presidente Lula nas negociações entre os
procuradores da Lava Jato e réus condenados, em troca de redução de
pena.
Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos.
Como não conseguiram produzir nenhuma prova das denúncias levianas contra o ex-presidente, depois de dois anos de investigações, quebra de sigilos e violação de telefonemas, restou aos acusadores de Lula apelar para a fabricação de depoimentos mentirosos.
O
desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em
que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos.
A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública.
Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque.
A audiência de Lula foi adiada em uma semana sob o falso pretexto de garantir a segurança pública.
Na verdade, como vinha alertando a defesa de Lula, o adiamento serviu unicamente para encaixar nos autos depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS (Leo Pinheiro e Agenor Medeiros) e, agora, o de Renato Duque.
Os
três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao
longo do processo, são pessoas condenadas a penas de mais de 20 anos de
prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios
penais.
Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula.
Estranhamente, veículos da imprensa e da blogosfera vinham antecipando o suposto teor dos depoimentos, sempre com o sentido de comprometer Lula.
O
que assistimos nos últimos dias foi mais uma etapa dessa desesperada
gincana, nos tribunais e na mídia, em busca de uma prova contra Lula,
prova que não existe na realidade e muito menos nos autos.