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segunda-feira, abril 27, 2015

Estado Islâmico mata 5 jornalistas de TV líbia, diz comandante do Exército


Repórteres foram sequestrados em agosto, após viajarem a Benghazi.
Quatro líbios e um egípcio foram degolados; corpos estavam em floresta.

Da Reuters

Militantes do Estado Islâmico cortaram as gargantas de cinco jornalistas que trabalhavam para uma emissora de TV da Líbia na parte oriental do país, disse um comandante do Exército nesta segunda-feira (27).
Os repórteres estavam desaparecidos desde agosto, quando deixaram a cidade de Tobruk depois de cobrir a inauguração do Parlamento eleito do país e viajar para Benghazi. A rota deles passava por Derna, um reduto dos militantes islâmicos.
Faraj al-Barassi, um comandante distrital do Exército no leste da Líbia, afirmou que os militantes leais ao Estado Islâmico foram responsáveis pela morte dos jornalistas, cujos corpos foram encontrados nos arredores da cidade oriental de Bayda.
"Cinco corpos degolados foram encontrados hoje nas florestas da Montanha Verde", afirmou Barrasi à Reuters, referindo-se a uma área pouco povoada a leste de Benghazi. Ele não disse quando os cinco jornalistas devem ter sido mortos.
Os repórteres --quatro líbios e um egípcio-- trabalhavam para a Barqa TV, uma rede de televisão que apoia o federalismo para o leste da Líbia, segundo outros jornalistas.
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês), com sede em Bruxelas, grupo que promove a liberdade de imprensa, disse que os jornalistas tinham sido sequestrados em um posto de controle do Estado Islâmico e foram mortos "recentemente".
"Estamos profundamente chocados com este massacre brutal", declarou o presidente da IFJ, Jim Boumelha. "O Isis (Estado Islâmico) visa horrorizar, mas só podemos sentir grande tristeza e ainda mais vontade de ver os assassinos responsabilizados por seus crimes."
Militantes leais ao Estado Islâmico exploraram um vácuo de segurança na Líbia, onde dois governos e parlamentos aliados a grupos armados estão lutando em várias frentes quatro anos após a derrubada de Muammar Gaddafi.
O governo internacionalmente reconhecido está baseado no leste desde que perdeu o controle da capital Trípoli, em agosto, para uma facção rival, que criou sua própria administração.
A Câmara dos Deputados, o Parlamento eleito da Líbia, também fica no leste desde a sua inauguração, em agosto.
O Estado Islâmico, grupo que tomou partes da Síria e do Iraque, assumiu a responsabilidade pela morte de 30 etíopes e 21 cristãos egípcios, além de ataques a um hotel de Trípoli, embaixadas e campos petrolíferos.

Brasil pede que brasileiro condenado na Indonésia seja levado para hospital

Governo enviou carta na qual disse respeitar a soberania do país asiático.

Laudo feito a pedido da família apontou que Gularte tem esquizofrenia.

Do G1, em Brasília

Rodrigo Gularte (Foto: GloboNews)Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas (Foto: GloboNews)
O Ministério das Relações Exteriores enviou neste domingo (26) carta diplomática ao governo indonésio na qual pediu que o brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte por tráfico de drogas, seja internado em um hospital no país asiático em razão do estado de saúde dele. A informação foi confirmada nesta segunda (27) pelo Itamaraty.

Gularte foi condenado à execução em 2005 por ingressar na Indonésia em 2004 com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Laudo médico feito a pedido da família do brasileiro apontou que ele tem esquizofrenia, o que, pela lei indonésia, faria com que ele deixasse de ser executado.

Segundo o Itamaraty, a defesa de Rodrigo Gularte foi comunicada no último sábado (25) que ele seria executado em três dias, após a mais alta corte do país rejeitar as últimas apelações de prisioneiros que integram o chamado "corredor da morte". Com isso, ele pode ser executado a partir da tarde desta segunda (27), início de terça (28) na Indonésia.
"Em nome de toda a família do senhor Rodrigo Gularte, o governo brasileiro formula novo apelo para que seja sustada a execução. Na mesma linha, solicita que seja revista a denegação do pedido de clemência em favor do nacional brasileiro, seja providenciada a sua pronta internação em hospital prisional e seja deferido o pedido de tutela encaminhado pela família do condenado", pediu o governo brasileiro na carta diplomática enviada à Indonésia.

Conforme a assessoria do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro reconhece a gravidade do crime cometido por Gularte e respeita a soberania da Indonésia. "Mas, levando em conta o estado de saúde dele e questões humanitárias, continuará as gestões para que ele receba tratamento psiquiátrico e seja transferido para um hospital", informou o Itamaraty.

De acordo o ministério, o subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, embaixador Carlos Alberto Simas Magalhães, convocou na sexta (24) o encarregado de negócios da Indonésia em Brasília ao Itamaraty para transmitir ao diplomata asiático mais um pedido do Executivo federal para que a pena de morte seja suspensa.
Marco Archer (Foto: Reprodução/TV Globo)O brasileiro Marco Archer, executado na Indonésia
em janeiro (Foto: Reprodução/TV Globo)
Marco Acher
Rodrigo Gularte poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfico de drogas. O fuzilamento do brasileiro gerou uma crise diplomática entre o país asiático e o Brasil.

Após a execução de Marco Acher pela Indonésia em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff se disse "consternada e indignada" com o ocorrido e convocou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas.

Em fevereiro, Dilma decidiu adiar o recebimento das credenciais do novo embaixador da Indonésia em Brasília para reavaliar a situação bilateral entre os dois países. Em represália, o Ministério das Relações Exteriores indonésio chamou de volta ao país o embaixador no Brasil, Toto Riyanto, e convocou para uma reunião o então embaixador brasileiro em Jacarta, Paulo Soares, que deixou o comando da chancelaria indonésia em março.

Atualmente, a embaixada do Brasil em Jacarta está sendo chefiada, interinamente, por Leonardo Monteiro, encarregado de negócios da chancelaria indonésia.

A Indonésia reforçou suas penalidades por crimes de tráfico de drogas e voltou a realizar execuções em 2013, depois de uma pausa de cinco anos. Desde o começo do ano, o governo executou seis prisioneiros, entre eles o brasileiro Marco Moreira.

domingo, abril 26, 2015

'Venci meus próprios medos', diz vigilante após título de doutor na PB

Vigilante cursou mestrado e doutorado, estudando durante madrugadas.

José Itamar é doutor em Ciências Sociais pela UFCG.

Taiguara RangelDo G1 PB
Doutor em Ciências Sociais pela UFCG, José Itamar trabalha como vigilante na UEPB (Foto: Júlio César/UEPB)Doutor em Ciências Sociais, José Itamar trabalha como vigilante na UEPB (Foto: Júlio César/UEPB)
Lavador de carros, engraxate, jardineiro e feirante, quando criança e adolescente. 
Vigilante durante mais de duas décadas de sua vida. 
Também professor há quase 20 anos e, agora, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). 
José Itamar Sales da Silva, aos 46 anos e várias conquistas, não desiste de sonhar: "Venci meus próprios medos. 
Achava que universidade era coisa de rico. 
Agora vou continuar lutando, posso não chegar onde desejo, mas não será por falta de tentativa", ressaltou.

A trajetória de Itamar teve muitos obstáculos, mesmo antes de chegar à profissão que lhe proporcionou a oportunidade de seguir nos estudos. 
O difícil percurso também conta com a perda do pai e as reprovações nas primeiras tentativas de cursar mestrado e doutorado, este concluído há apenas um mês.
Ele já trabalhava como vigilante noturno - "nunca faltei a um expediente", assegura - quando cursou a graduação em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
 Depois começou a lecionar em escolas de Campina Grande, mas continuou na segurança patrimonial enquanto fazia especialização em Gestão Estratégica no Serviço Público e mestrado em Literatura e Interculturalidade, cuja dissertação virou o livro 
"A representação da sogra na obra do poeta Leandro Gomes de Barros".
Doutor em Ciências Sociais pela UFCG, José Itamar trabalha como vigilante na UEPB (Foto: Reprodução/TV Paraíba)Vigilante cursou mestrado e doutorado, estudando durante as madrugadas (Foto: Reprodução/TV Paraíba)
Após a conclusão do doutorado, o próximo sonho de Itamar é ser professor na universidade onde ele trabalha como vigilante há 24 anos. 
"Sonho no futuro ser professor da UEPB ou de uma instituição de ensino superior. 
Ao longo de todo esse tempo, venho tentando capacitar-me para isso.
 Penso em dar essa contribuição que adquiri com meus estudos para a universidade", afirma, destacando que planeja tornar livro sua tese de doutorado "Panela que muito mexe: o Guisado da Cultura Política do Brasil à luz da Literatura de Cordel".
"Achava que terminar o ensino médio era suficiente, aí fiz vestibular por incentivo da minha esposa. 
Depois várias pessoas disseram para eu continuar estudando. 
Muitas vezes os outros pensam que é fácil a vida, que você vai sempre passar e conseguir.
Nem sempre conseguimos de primeira, temos derrotas, mas não devemos desistir. 
Tentei de novo. 
Tinha limitações, um complexo de inferioridade, passei por muitas humilhações.
 Mas sabia das madrugadas que passei estudando. 
Eu não tinha nada, hoje sou formado. 
Filho de um borracheiro analfabeto, homem digno e honrado, do qual tenho muito orgulho. 
Agora sou um vigilante doutor. 
Minha mãe vai ter a alegria de dizer que tem um filho doutor. 
Meu pai, se fosse vivo, teria a alegria de ver um filho dele chegar onde chegou", frisou.

Unicamp prevê racionalizar até água e energia em pacote anticrise financeira

Resolução da universidade projeta corte de 10% nas horas-extras em 2015.

Documento assinado pelo reitor ainda congela verba para as contratações.

Fernando PacíficoDo G1 Campinas e Região
Entrada principal do campus de Campinas da Unicamp (Foto: Lucas Jerônimo/G1)Entrada do campus da Unicamp no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (Foto: Lucas Jerônimo / G1)
Em meio à crise econômica agravada pela queda no financiamento, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiu conter despesas com servidores e aplicará uma série de ações para diminuir as contas de água e energia. 
A resolução assinada pelo reitor, José Tadeu Jorge, determina contigenciamento de verbas para contratações de servidores, por meio de progressão de carreira, além da redução de horas-extras. 
Também está prevista economia no programa de manutenção da infraestrutura do campus, em Barão Geraldo.

A resolução em vigor há um mês é formada por seis itens, entre eles, a decisão para corte de 10% na quantidade de horas-extras autorizadas aos servidores durante este ano. 
Além disso, o reitor da Unicamp determinou congelamento das reservas previstas para a reposição de técnicos administrativos - 100% aos órgãos da administração central, 50% em unidades da área de saúde e 25% nos institutos, faculdades e colégios técnicos (Cotuca e Cotil).

"Os recursos contingenciados poderão ser liberados a partir do momento em que seja verificada a retomada do crescimento da arrecadação do ICMS", informa nota da Unicamp.
 A universidade possui 18,3 mil alunos matriculados na graduação, 16,1 mil na pós-graduação e 7,5 mil na extensão. Na instituição trabalham 1,7 mil docentes e 8,2 mil técnicos-administrativos.

"O desaquecimento da atividade econômica e a consequente queda da arrecadação do ICMS nos meses finais de 2014, já indicavam que haveria dificuldades para manter o equilíbrio do Orçamento-2015.
 Diante deste cenário, a Universidade elaborou seu orçamento considerando essas restrições, de tal modo que as ações de contingenciamento de parte do orçamento implementados pelo estado em janeiro já eram esperados", informa nota.



Financiamento

As três universidades estaduais de São Paulo recebem cota fixa de 9,57% da arrecadação paulista do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 


Neste ano, elas devem ter R$ 203 milhões a menos de repasse, segundo estimativa do governo do estado.

Em janeiro, um plano de contigenciamento foi assinado pelo governador Geraldo Alckmin.

A proposta orçamentária prevista pela Unicamp, neste ano, corresponde a R$ 2,23 bilhões.
 Em nota, a universidade informou que estima redução de R$ 61,2 milhões na arrecadação.

Racionalização

Outra medida prevista pela universidade é a racionalização da água e energia elétrica
A reitoria concedeu prazo de 30 dias para apresentação de um plano para otimização dos recursos, incluindo eventual período de racionamento, e disse que os resultados serão monitorados mensalmente e apresentados nas revisões orçamentárias trimestrais.
Unicamp projeta canalizar até água de ar condicionado contra crise hídrica em Campinas (Foto: Reprodução/ EPTV)Unicamp projeta canalizar água de ar-condicionado
para economizar  (Foto: Reprodução/ EPTV)
Segunda maior consumidora de água em Campinas, atrás somente da Prefeitura, ela gasta média de 71,9 mil metros cúbicos por mês.
 Entre as ações previstas, estão a abertura de novos poços artesianos na área da Fazenda Argentina, troca e reparo de torneiras e válvulas sanitárias e até a reutilização da água desperdiçada no sistema de ar-condicionado.

A assessoria da universidade não comentou, até esta publicação, quais medidas serão adotadas para economia no uso de energia elétrica no campus e se há uma estimativa de economia após as ações.
Reflexos

Segundo Iuratan Felipe Muniz, integrante do Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação na universidade, diante da crise econômica o reitor da Unicamp já teria acenado com a impossibilidade de aplicar o projeto de isonomia salarial com a USP.

"Os trabalhadores vão brigar por isso na campanha salarial, pois era uma das promessas do Tadeu à época da escolha do novo reitor ", falou Muniz.
 Ele também faz parte do sindicato que representa os servidores (STU) da instituição. 
Em 2014, os servidores da Unicamp permaneceram em greve por 112 dias para reivindicar reajuste salarial e isonomia. 
O acordo ocorreu após a universidade oferecer abono de 28,6% e se comprometer a retomar o projeto.

A reitoria da Unicamp não comentou sobre a reivindicação do STU até esta publicação.
Ato de funcionários e alunos em campus da Unicamp, em Campinas (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)Em 2014, funcionários fizeram greve por 112 dias na Unicamp  (Foto: Fernando Pacífico / G1 Campinas)

Avanços tecnológicos melhoraram a produtividade da agricultura

Nas últimas décadas, o Brasil se consolidou com o surgimento da Embrapa.

Hoje, volume total produzido de grãos subiu para 200 milhões de toneladas.

Cristina Vieira e Vico IasiDo Globo Rural

Na segunda parte da reportagem comemorativa dos 50 anos da Rede Globo, o Globo Rural fala de um assunto fundamental para a evolução do nosso campo nesses 50 anos: a tecnologia.
Com ela, a produção agrícola brasileira explodiu. E foi essa expansão incrível que fez a Rede Globo criar, em 1980, um programa voltado para o campo: o Globo Rural, que agora retrata um pouco dessa evolução tecnológica.
Ao longo das últimas décadas, o Brasil consolidou uma das maiores redes de pesquisa agropecuária do mundo.
Dr. Eliseu Alves foi figura-chave nessa história. Agrônomo, ele fez parte do grupo que, em 1973, fundou a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Naquela época, o Brasil já tinha universidades e centros de tecnologia voltados para a agricultura, mas a produção científica era insuficiente e, apesar do potencial do nosso campo, o Brasil ainda importava muita comida.
“Os criadores da Embrapa eram recém-egressos de universidades americanas. Então, nós descobrimos que a grande diferença dos Estados Unidos era conhecimento.
 E nós viemos com essa idéia para cá, de criar uma instituição que fosse capaz de gerar conhecimentos para a agricultura brasileira. 
O Brasil era um país grande que tinha potencial para ser grande e a Embrapa teria que ser do tamanho do Brasil”, explica Eliseu Alves, agrônomo da Embrapa.
Hoje a Embrapa conta com quase 10 mil funcionários, 46 centros de pesquisa e estuda de tudo em todos os cantos do Brasil: variedades de plantas, genética animal, solos, pastagens, manejo florestal e adubação. 
O agrônomo Maurício Lopes é o presidente atual da Embrapa.
“A ideia de se criar uma organização de pesquisa localizada em todas as partes do Brasil fez a grande diferença. Nós levamos a ciência para o interior do Brasil.
O Brasil hoje é considerado a grande liderança para a agricultura, para a ciência e a inovação para a agricultura no cinturão tropical do globo”, diz Maurício Lopes, presidente da Embrapa.
Graças ao trabalho da Embrapa, de universidades e vários institutos de pesquisa, o Brasil rural deu um salto em termos de produtividade.
Veja o caso dos grãos: entre 1970 e agora, enquanto a área plantada passou de 27 mihões para 57 milhões de hectares, ou seja, pouco mais que dobrou, o volume total produzido saltou de 29 milhões para 200 milhões de toneladas, quase sete vezes mais.
Em outras palavras: os nossos agricultores passaram a produzir mais do que o triplo em cada hectare cultivado.
Grande parte desse avanço ocorreu graças ao surgimento de uma segunda safra de grãos, a chamada safrinha, que começa a ser plantada logo após a colheita de verão, entre janeiro e abril.
De volta à fazenda da dona Terezinha Brunetta, em Diamantino (MT), ela e a filha Keila plantam milho e feijão-caupi nas mesmas áreas que foram usadas para a soja. 
Coisa que, segundo elas, não existia no passado.
“Era colhido e gradeado e a terra ficava descoberta. Toda aquela entressafra que hoje nós plantamos o milho, na época ficava descoberta", afirma a agricultora Terezinha Brunetta.
Hoje, dona Terezinha pode fazer combinações variadas na fazenda: soja no verão e milho no inverno; soja e algodão; soja e girassol, milho e feijão.
 Tem gente até que aproveita o período da safrinha para plantar capim e fazer engorda de gado, na chamada “integração lavoura-pecuária”.
Para o agrônomo Álvaro Salles, a segunda safra se tornou possível por dois motivos: natureza favorável, com abundância de sol, calor e chuva, e uso de tecnologias adaptadas para a região. 
Entre elas, ele cita as técnicas de adubação e correção de solo do Cerrado, o plantio direto na palha e a soja precoce.
“Nós temos instituições como a Fundação Mato Grosso que começaram a adaptar a soja, algumas variedades de ciclo curto.
 Aí o produtor começou a ver essa questão de plantar uma segunda cultura e você ter retorno”, diz Álvaro Salles, diretor-executivo do IMA.
Com tantas mudanças, dona Terezinha explica que a fazenda passou a aproveitar melhor o espaço. 
No passado, cada hectare cultivado gerava, por ano, 30 sacas de soja, da safra de verão. 
Hoje, cada hectare rende anualmente 60 sacas de soja e mais a produção da safrinha: 115 sacas de milho ou 27 sacas de feijão-caupi. “Sem comparação.
 E é resultado devido à tecnologia que foi surgindo”, conta a agricultora Terezinha Brunetta.
Outra mudança central para a nossa agricultura foi a mecanização.
 O Brasil rural dos anos 1960 tinha apenas 61 mil tratores em atividade. Hoje, cerca de 1 milhão de máquinas agrícolas de todo tipo e tamanho estão rodando pelo país.
Além de elevar a produtividade, os equipamentos também provocam grandes mudanças para quem trabalha no campo. Um exemplo disso vem dos canaviais.
O uso de máquinas para a colheita da cana-de-açúcar começou nos anos 1980 e, aos poucos, foi se espalhando por todas as regiões do Brasil.
 Atualmente, no estado de São Paulo, que é o principal produtor brasileiro, nada menos do que 85% da safra é colhida de forma mecanizada.
Até os anos 1980, a Usina São João, em Araras (SP), empregava milhares de cortadores na safra.
 Hoje, a atividade é quase toda mecanizada, como conta Humberto Carrara, o diretor agrícola da empresa.
“Primeiro, representa a sobrevivência, porque hoje seria impensável colher esse volume de cana manualmente.
 Nós nem sequer teríamos essa oferta de mão de obra. 
A colheita mecanizada é mais barata, e 30% a 40% mais barata do que a manual”, conta o diretor agrícola Humberto Carrara.
Cada colheitadeira que entra em atividade substitui 80 cortadores de cana e, ao mesmo tempo, gera 17 novos empregos para operadores, tratoristas, motoristas de caminhão.
Raimundo da Silva passou por treinamento e trocou o facão pela colheitadeira.
 Hoje trabalha na sombra, com ar condicionado e ganha em média R$ 2,5 mil por mês, uns 30% a mais do que ganharia no corte.
“Deu uma melhorada, né? 
O corpo já resiste mais do que se tivesse cortando cana. 
Melhorou bem”, diz Raimundo da Silva, operador de colheitadeira de cana.
Ex-cortador, Genílson de Souza se tornou mecânico. 
“A vantagem é que é uma profissão melhor. 
O facão é uma profissão muito pesada e é um desenvolvimento muito bom para mim”, explica o mecânico Genílson de Souza.
Ao longo do tempo, o aumento do uso de máquinas e implementos ocorreu em todo país, mas em ritmos variados nas diferentes lavouras e regiões.
 E, enquanto os equipamentos foram entrando no campo, milhares de pessoas foram migrando para as cidades, em busca de novos empregos que surgiam na construção civil, na indústria e nos serviços.
Doutor em economia agrícola, Antônio Buainain, da Universidade de Campinas, fala sobre as mudanças do trabalho no campo.
“A gente contava com uma oferta quase ilimitada de mão de obra. 
E isso está mudando radicalmente. 
Hoje, na maior parte dos setores, nós temos escassez de mão de obra. 
Isso muda o paradigma. Por que muda o paradigma? Porque obriga a usar tecnologia, que permite intensificar, poupa mão de obra e também muda o campo. 
O resultado disso é que você tem um perfil de mão de obra mais qualificado, com nível de salários mais elevados do que no passado. 
Então, você começa a ter essa mudança”, afirma Antônio Buainain, economista da Unicamp.
Mas em muitos lugares a condição dos trabalhadores rurais permanece precária, com desrespeito às leis trabalhistas e até denúncias de trabalho análogo ao de escravo. 
Assim, o mesmo país que abriga funcionários qualificados, do século 21, ainda convive com situações do século 19.
Quando o assunto é o acesso à tecnologia, as desigualdades também são grandes, com tratores modernos pra uns e tração animal para outros.
 Mas se engana quem pensa que a evolução tecnológica ocorreu apenas em fazendas grandes ou nas regiões mais ricas do país.
Na Zona Rural de Petrolina, no sertão de Pernambuco, é possível encontrar as formas mais convencionais da produção agrícola.
 A matraca, por exemplo, que é coisa do passado em várias regiões do país, naquela região ainda é o principal instrumento para fazer os plantios.
Seu João de Deus e Souza, conhecido como seu Dãozinho, tem um sítio onde cultiva 18hectares de milho e melancia, e mantém pequeno rebanho de gado, cabras e ovelhas.
Em grande parte da área, o plantio é feito com a matraca, que a cada batida na terra libera uma semente. Para muita gente, seria um sinal de atraso, mas, para ele, foi uma melhoria.
“Porque, de antes, plantava com a enxada, abrindo um buraquinho para entupir com o pé. 
Aí você tinha muita dificuldade para plantar a roça e, com a matraca, avançou muito, a gente conseguiu plantar com mais rapidez”, conta o produtor rural João de Deus e Souza.
Outra evolução para o sítio é que, há alguns anos, seu Dãozinho conseguiu comprar um trator usado e uma grade.
 Depois, ele acoplou uma plantadeira improvisada ao implemento. 
A engenhoca, feita por um vizinho, tem um compartimento para o milho e, embaixo, uma mangueira plástica que vai soltando as sementes. 
O equipamento já substitui a matraca em algumas áreas do sítio.
“Com o decorrer do tempo, com a modernização, vai chegando essas oportunidades da gente facilitar o trabalho da gente”, conta o seu Dãozinho.
Seu Dãozinho mora com a mulher, dona Luzia, professora aposentada. 
Juntos, eles já passaram por muita dificuldade no sertão, mas, ao longo do tempo, foram melhorando de vida. 
Um dos principais avanços foi a chegada da energia elétrica.
“Televisão a gente tem como assistir os programas, os canais, tem como beber uma aguinha gelada”, diz ele.
Hoje, o casal vive em uma casa equipada, com móveis e eletrodomésticos, coisa que eles não tinham no passado. 
Outra conquista dos últimos anos foi a construção de uma cisterna, que armazena água da chuva.
Quando compara a vida de hoje, com o passado que viveu no sertão, seu Dãozinho não tem dúvida: “A cada ano, a cada década, cada vez vai melhorando”.
O aumento das áreas de irrigação foi mais uma novidade no sertão nordestino ao longo desse meio século. 
A fruticultura moderna tomou conta de milhares de hectares, como no Vale do São Francisco, em Pernambuco e na Bahia.
Na terceira parte da reportagem, o Globo Rural continua a viagem pelos 50 anos da nossa agropecuária: as novidades na produção de carnes, o salto na exportação e as mudanças na relação entre agricultores e meio ambiente.

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