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quarta-feira, julho 31, 2019

Doleiro Dario Messer é preso pela Polícia Federal do Rio


g1.globo.com

De acordo com as investigações, o 'doleiro dos doleiros' estava na casa de uma amiga nos Jardins e ficava entre a capital paulista e o Paraguai.

Polícia Federal prende doleiro Dario Messer
Polícia Federal prende doleiro Dario Messer.

O doleiro Dario Messer, apontado como o "doleiro dos doleiros", foi preso em São Paulo nesta quarta-feira (31), às 16h40, pela Polícia Federal do Rio.

Messer estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Operação Câmbio Desligo, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.


A investigação descobriu que doleiros movimentaram US$ 1,6 bi em 52 países.


Dario Messer era o principal alvo. 

Essa é a primeira vez que Dario Messer é preso.


O doleiro responde a inquéritos policiais desde o fim dos anos de 1980. 


Neste período, movimentou dinheiro de forma suspeita de políticos – entre eles, o ex-governador Sérgio Cabral –, empresários e criminosos.
Dario Messer logo após ser preso na tarde desta quarta-feira (31) em São Paulo — Foto: Divulgação
Dario Messer logo após ser preso na tarde desta quarta-feira (31) em São Paulo — Foto: Divulgação.

Foragido na casa de amiga.

 

A inteligência da PF descobriu que o doleiro estava em São Paulo no apartamento de uma amiga, Mary Oliveira Athayde. 


Foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. 

De acordo com as investigações, Messer vivia entre São Paulo e a tríplice fronteira no Paraguai. 

Doleiro é investigado desde os anos 1980.

 

Dario Messer está no radar da Polícia Federal há cerca de 30 anos com citações em inquéritos policiais desde o fim dos anos 1980. 


Já naquela época, o doleiro aparecia como operador de personalidades como o então patrono da Escola de Samba Salgueiro, Waldomiro Paes Garcia, o Miro. 

Há 15 anos, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Banestado também esbarrou em Messer. 


Na ocasião, foi descoberta uma movimentação de forma irregular de R$ 8 bilhões, entre 1996 e 2002 ligada ao doleiro. 


Na ocasião, foi pedido o indiciamento do doleiro que sequer foi preso. 

já no escândalo do Mensalão, a PF apontou o doleiro como o responsável por enviar US$ 1 bilhão de forma irregular para o exterior e depositar o valor equivalente em reais em contas para integrantes do PT no Banco Rural. 

Dario Messer também apareceu no caso Swissleaks como proprietário de uma offshore no Panamá.
Dario Messer — Foto: Reprodução TV Globo
Dario Messer — Foto: Reprodução TV Globo.

Em maio de 2018, o Fantástico encontrou fazendas do doleiro no Paraguai onde ele investiu milhões de dólares. 


Segundo investigadores da Lava Jato, os lucros obtidos pela lavagem de dinheiro e a evasão de divisas no Brasil foram investidos em pastagens e em imensas plantações de eucaliptos. 

Um levantamento da reportagem mostra que o doleiro é proprietário de, pelo menos, 100 mil hectares de terra no Paraguai. 


Isso equivale a nove vezes a área da capital, Assunção.
Plantação de eucaliptos no Paraguai que pertence a Messer — Foto: Reprodução/TV Globo
Plantação de eucaliptos no Paraguai que pertence a Messer — Foto: Reprodução/TV Globo.

Princesa Haya, que fugiu de Dubai, pede à Justiça britânica proteção para um de seus filhos contra casamento forçado


g1.globo.com

Princesa Haya Bint al-Hussein, mulher do xeque Mohammed Al Maktoum, chega a tribunal em Londres nesta quarta-feira (31)  — Foto: Toby Melville/ Reuters
A princesa Haya Bint al-Hussein, a sexta mulher do emir de Dubai, xeque Mohammed Al Maktoum, solicitou na Suprema Corte da Inglaterra uma ordem para proteger uma de suas crianças de um casamento forçado, de acordo com a agência Reuters. 

Na lei inglesa, uma ordem de proteção contra casamento forçado se destina a proteger uma pessoa de se casar contra a sua vontade ou a ajudar alguém que já foi forçado a se casar. 


Haya tem uma filha de 11 anos e um filho de 7, segundo o jornal "The New York Times". 

A princesa, de 45 anos, também fez um pedido de medida protetiva contra assédio e ameaças. 


Não está claro com quem esse pedido está relacionado. 

Haya também solicitou que a Justiça britânica assuma a custódia do filho, de acordo com a Reuters. 


Caso a demanda seja aceita, o tribunal fica responsável por decisões importantes relacionadas ao futuro da criança. 

Segundo o jornal "The New York Times", a princesa requereu a custódia das crianças perante a Justiça. 


A informação foi atribuída à Associação Britânica de Imprensa. 


De acordo com o jornal, uma pessoa próxima à família real dos Emirados Árabes Unidos afirmou que ela fugiu do país há alguns meses e busca asilo político no Reino Unido, além de um divórcio do xeque. 

A embaixada dos Emirados Árabes em Londres afirmou que o governo do seu país não pretende fazer comentários com relação à vida privada dos envolvidos no caso. 

Representantes do xeque Mohammed Al Maktoum foram procurados pela agência Reuters, mas ainda não se manifestaram. 

Quem é Haya e por que fugiu

A princesa Haya fugiu do marido, emir de Dubai, e está se escondendo em Londres — Foto: Daniel Leal-Olivas/AFP/Arquivo
A princesa Haya fugiu do marido, emir de Dubai, e está se escondendo em Londres — Foto: 


Daniel Leal-Olivas/AFP/Arquivo
Filha do falecido rei Hussein, da Jordânia, Haya é meia-irmã do rei Abdullah II, que governa o país atualmente. 

Nascida na Jordânia, ela foi educada no Reino Unido – onde frequentou a Bryanston School, em Dorset, e estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford. 

Haya competiu em provas de hipismo nas Olimpíadas de 2000, em Sidney (Austrália), e se casou com o xeque em 2004. 


Na época, ela integrava o comitê Olímpico Internacional. 

Ainda não está claro o motivo da fuga, mas ela disse que “temeu por sua vida”. 

Segundo a BBC, fontes próximas a Haya afirmam que ela teria descoberto recentemente informações preocupantes sobre o retorno a Dubai, em 2018, da princesa Latifa, uma das filhas de Mohammed. 


Ela fugiu dos Emirados Árabes Unidos pelo mar com a ajuda de um francês, mas foi interceptada por homens armados na costa da Índia e retornou a Dubai. 

Na ocasião, Haya, junto com a ex-presidente irlandesa Mary Robinson, defendeu a postura de Dubai em relação ao incidente. 

As autoridades do país afirmaram que Latifa estava "vulnerável à exploração" e que "agora estava em segurança em Dubai". 


Mas ativistas de direitos humanos alegam que ela foi levada de volta à força, contra sua vontade. 

Desde então, dizem que a princesa Haya teria descoberto novos fatos sobre o caso e sofrido, consequentemente, uma crescente hostilidade e pressão por parte de integrantes da extensa família do marido até que não se sentiu mais segura no país. 

Uma fonte próxima à princesa, ainda de acordo com a BBC, conta que ela teme ser sequestrada e levada de volta a Dubai.

Juiz da BA intima Bolsonaro e filho a dar explicações sobre indicação para embaixada dos EUA


g1.globo.com
O presidente Jair Bolsonaro e o filho Eduardo foram intimados a dar explicações sobre nomeação ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA — Foto: Guilherme Mazui/G1
Um juiz da 1ª Vara Federal da Bahia intimou o presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, Eduardo Bolsonaro, a darem explicações sobre a indicação do deputado federal ao cargo de embaixador do Brasil no Estados Unidos. 

A intimação ocorreu após o juiz André Jackson de Holanda Maurício Júnior, substituto da 1ª Vara Federal, aceitar um pedido de ação popular movida contra a nomeação de Eduardo Bolsonaro. 


A decisão foi publicada na segunda-feira (29). 

"O preenchimento de cargos relevantes como Chefe de Missão Diplomática Definitiva em território estrangeiro por parentes próximos do Chefe do Executivo, como por exemplo seus descentes (filho), violam todos os mandamentos constitucionais referentes à impessoalidade e à moralidade", diz um trecho da ação popular, que pede que a indicação de Eduardo Bolsonaro seja barrada de forma imediata. 

Segundo a decisão do juiz, Jair Bolsonaro e o filho têm cinco dias para se manifestarem. 


A ação popular foi movida pelo deputado federal Jorge Solla (PT-BA). 

A Secretaria de Comunicação do Planalto informou que não comentará a intimação ao presidente. 

"Conheço o filho dele [Jair Bolsonaro], e eu considero que o filho dele é extraordinário, um jovem brilhante, incrível, estou muito feliz pela indicação", disse Trump. 

Ele completou: "Eu conheço o filho dele e provavelmente é por isso que o fizeram [indicaram]. 


Estou muito feliz com essa indicação". 

Em seguida, o presidente americano foi perguntado se isso não seria nepotismo, do que ele discordou. 


"Não, eu não acho que é nepotismo porque o filho ajudou muito na campanha. 


O filho dele é extraordinário, ele realmente é."

Por fim, Trump deu a entender que não tinha conhecimento da indicação: "Eu acho que é uma grande indicação, eu não sabia disso". 

O presidente Jair Bolsonaro comentou posteriormente o aparente desconhecimento de Trump sobre a indicação. 


"O presidente, como eu por exemplo, não posso saber de tudo que acontece no governo. 


Às vezes tem embaixador que tá vindo pra cá, passa pelo Ernesto, e momentos antes ou poucos dias antes eu sei que vão entregar as credenciais pra aquele indicado por aquele país", explicou. 

"Agora, você pode ver: ele conhece o Eduardo Bolsonaro. 


Quando eu estive lá a primeira vez, quando eu entrei para uma reunião reservada, quase secreta, ele mandou o ajudante de ordens dele chamar o Eduardo para participar da reunião. 


E não estavam presentes nem o embaixador dele, nem o nosso", acrescentou.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante viagem aos Estados Unidos em novembro do ano passado — Foto: Paola de Orte/Agência Brasil
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante viagem aos Estados Unidos em novembro do ano passado — Foto: Paola de Orte/Agência Brasil.

O Brasil já submeteu aos Estados Unidos a sugestão do nome de Eduardo Bolsonaro para ocupar a embaixada em Washington, segundo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. 

"Foi pedido o 'agrément' e esperamos a resposta americana, de acordo com a praxe diplomática. 


Mas tenho a grande certeza de que será concedido pelo governo americano, e Eduardo Bolsonaro será um ótimo embaixador", disse Araújo, em entrevista coletiva que aconteceu durante encontro de ministros de Relações Exteriores que formam os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no Rio de Janeiro, na sexta-feira (26) . 

"Agrément" é uma consulta que se faz ao país onde o embaixador será nomeado. 

Depois dessa etapa, a indicação de Eduardo Bolsonaro será submetida ao Senado, onde ele será sabatinado.

'Golpistas do amor': estelionatários se passam por militares no Facebook para roubar vítimas


oglobo.globo.com


Uma das fotos publicadas pelo sargento Daniel Anonsen nas redes sociais e que era utilizada por impostores Foto: Reprodução

Jack Nicas, do New York Times


FORT PIERCE, Flórida — Era uma segunda-feira de junho de 2017. 


Renee Holland estava envolta em uma bandeira americana no Aeroporto Internacional da Filadélfia, à espera de um soldado com quem fizera amizade no Facebook


Duas horas antes, a mulher casada de 56 anos havia saído de Delaware para buscar o amigo. 


A relação online em pleno crescimento a levou a enviar presentes, cartões e US$ 5 mill (quase R$19 mil) para que ele pudesse comprar as passagens de avião para voltar para casa. 


Naquela tarde, ela procurava um homem tatuado e musculoso de uniforme, como nas fotos do Facebook. 


Mas o trajeto não estava no quadro de chegadas do aeroporto. 


Quando questionou um agente, Renne descobriu que o voo não existia. 


A partir dali, a mulher ficou completamente atordoada. 


Ela caminhou até o carro, em cujas janelas estava escrita a frase “Welcome Home” ("Bem-vindo em casa"). 


Grande parte das economias da família haviam sido gastas com o soldado-fantasma. 


Ela dirigiu até um shopping center, comprou pílulas para dormir e vodca e bebeu. 


— Não há nenhuma maneira de eu ir para casa e contar ao meu marido — dizia a si mesma. 


O homem nas fotos do Facebook não fazia ideia de quem era a sra. Holland. 


Sua verdadeira identidade era o sargento Daniel Anonsen, do Corpo de Fuzileiros Navais, que havia se juntado à rede social dez anos antes para manter contato com amigos e familiares no estado americano de Maryland. 


Agora ele estava batalhando com dezenas de perfis impostores do Facebook que usavam fotos roubadas dele na academia, no casamento de seu irmão e no Afeganistão. 


— Para cada um que eu deletei, havia mais 10 que apareciam — conta o oficial. 


Renne e Anonsen representam dois lados de uma fraude que floresceu no Facebook e no Instagram, onde golpistas imitam membros reais do Exército americano para enganar mulheres vulneráveis e solitárias com dinheiro. 


O golpe pôs os militares dos Estados Unidos num emaranhado de mentiras com resultados dramáticos, enganou milhares de vítimas e manchou a reputação de soldados, aviadores, marinheiros e fuzileiros navais. 


Por vezes, também levou à tragédia. 


O esquema se destaca por sua audácia. 


Embora a fraude tenha proliferado no Facebook por anos, os responsáveis pelos golpes afetivos estão enfrentando não apenas uma das empresas mais influentes, mas também os serviços militares mais poderosos do mundo — com sucesso. 


Muitos criminosos atuam a partir de seus próprios telefones na Nigéria e em outras nações africanas, operando com várias vítimas ao mesmo tempo. 


Em entrevistas realizadas no país, seis homens disseram ao The New York Times que as fraudes de amor eram um negócio lucrativo e de baixo risco. 


— Definitivamente, há sempre consciência. 


Mas a pobreza não fará com que você sinta a dor —  diz Akinola Bolaji, de 35 anos, que engana as pessoas on-line desde os 15, inclusive posando no Facebook como um pescador americano chamado Robert. 


Há muito tempo, o Facebook tem a missão de "conectar o mundo". 


Mas para os criminosos digitais, a rede tornou-se uma verdadeira loja de departamentos. 


A plataforma concentra muitas fotos de membros do serviço americano. 


Criar uma conta de impostor pode ser relativamente fácil. 


Grupos para mulheres solteiras e viúvas estão repletos de alvos. 


Além disso, os golpistas podem enviar mensagens a centenas de vítimas em potencial. 


E eles se reúnem em seus próprios grupos no Facebook para vender contas falsas, imagens e roteiros para conseguir as fraudes. 


Renne Holland gastou as próprias economias com golpista que se passava por soldado Foto: Reprodução / The Weekly / FX / Hulu.
 
 
 
Renne Holland gastou as próprias economias com golpista que se passava por soldado Foto: Reprodução / The Weekly / FX / Hulu
—Há tantas pessoas lá fora que são solitárias, recém-divorciadas, talvez viúvas. 
 
 
Todo mundo quer alguém para amar e para ser ouvido. 
 
 
E esses golpistas sabem quais são as palavras certas para dizer — disse Kathy Waters, chefe do Advocating Against Romance Scams, um grupo de advogados que atua contra esquemas crimininosos envolvendo relações afetivas. 
 
 O Facebook afirma que exige que usuários cadastrem suas identidades reais. 


Para eliminar contas de impostores, a companhia investiu em tecnologia e em mais revisores humanos. 


Ela também trabalha com autoridades para processar os golpistas. 


No ano passado, bilhões de contas falsas foram bloqueadas no Facebook, de acordo com a empresa, embora sua estimativa para o número de falsificações ativas tenha subido para 120 milhões. 


Ela se recusou a divulgar uma estimativa para o Instagram. 


"Este trabalho não está concluído. 


Estamos comprometidos em compartilhar nosso progresso", disse em um comunicado. 

 
Kim Joiner, vice-assistente do Secretário de Defesa que supervisiona as mídias sociais dos militares, disse que sua equipe trabalha em parceria com o Facebook para remover os impostores e que ficou satisfeita com a resposta da empresa. 


No entanto, ao ver que as buscas da reportagem no Facebook e no Instagram por três dos principais generais americanos renderam mais de 120 perfis impostores, Joiner, surpresa, viu que a situação era "perturbadora" e disse não saber por que os perfis fakes não haviam sido erradicados. 


— Quero dizer, os números são surpreendentes — constatou, em choque. 


'Minha esposa'.

 

Os amigos e familiares de Renne Holland a conheciam como confiante e impulsiva. 


Nascida na Filadélfia, ela passara um tempo no Arizona e no Missouri, trabalhando como jardineira e em uma oficina de automóveis. 


Conheceu seu quinto marido, Mark Holland, quando ofereceu a ele uma carona na beira da estrada. 


Em 2001, Renne se mudou para Delaware para cuidar da mãe doente, que morreu em setembro de 2016. 


Deprimida e com tempo livre, ela notou que sua irmã vivia colada no celular, percorrendo o Facebook. 


Foi aí que decidiu comprar um smartphone e criar um perfil na rede. 


Algumas semanas depois, Renee recebeu a mensagem de um estranho. 


O perfil mostrava um homem de uniforme chamado Michael Chris. 


Ele lhe disse que desarmava bombas no Iraque. 


A mulher contava que se sentiu desconfortável no início, mas a conversa fluiu. 


Chris descrevia para ela a vida na guerra. 


Já ela o fazia rir. 


— Ele sempre dizia: "Você é muito engraçada. 


E fica mais fácil para mim saber que existe alguém em casa com quem posso conversar". 


O quão bom não é saber que você realmente poderia fazer alguém se sentir melhor? — contava ela. 


Após vários meses, o relacionamento se aprofundou. 




Renee dizia que se sentia maternal. 


Chris começou a chamá-la de "minha esposa". 


O que ela não sabia era que o homem das fotos de Chris era na verdade Anonsen — e que suas fotos estavam por toda a internet. 


Desde a infância, o sargento sonhava em ser parte do Exército. 


Depois de se formar no Ensino Médio em 2006, ele se juntou aos fuzileiros navais. 


Quatro anos depois, enquanto navegava no Facebook, Anonsen descobriu centenas de mensagens não solicitadas de mulheres que ele não conhecia. 


Muitas disseram que o amavam. 


Elas perguntavam por que, depois de meses de correspondência, ele não respondia mais. 


Imploravam que ele respondesse. 


Confuso, Anonsen procurou por seu nome no Facebook e encontrou dezenas de contas de impostores. 


O problema rapidamente se multiplicou. 


As mulheres que pensaram que ele as tinha enganado assediaram seus pais através das redes. 


Uma nova namorada da vida real ficou desconfiada. 


— Ela começou a questionar tudo sobre o que eu estava fazendo. 


Na verdade, isso acabou com nosso relacionamento — conta Anonsen, agora com 31 anos.
Uma das fotos publicadas pelo sargento Daniel Anonsen nas redes sociais e que era utilizada por impostores Foto: ReproduçãoUma das fotos publicadas pelo sargento Daniel Anonsen nas redes sociais e que era utilizada por impostores Foto: Reprodução
Uma das fotos publicadas pelo sargento Daniel Anonsen nas redes sociais e que era utilizada por impostores Foto: Reprodução.
 
 
Através de uma busca por variações de seu nome, o NYT encontrou 65 perfis no Facebook e no Instagram que usaram fotos do oficial. 
 
 
Quando o NYT publicou uma matéria sobre as falsificações, 24 delas foram removidas em mais de seis meses. 
 
 Mas muitas outras contas usaram as fotos de Anonsen com nomes diferentes. 


Uma delas, sob o nome Michael Chris, começou a enviar mensagens a Renee Holland no final de 2016. 


Por várias vezes em suas conversas online, Chris pediu dinheiro à Sra. Holland. 


Ela lhe comprou cartões-presente do iTunes para que ele pudesse, conforme pediu, comprar mais minutos em seu celular. 


Também enviou dinheiro para ele comprar cerveja com seus amigos em seu aniversário. 


E pagou pelo remédio que ele disse que enviaria para uma suposta filha doente na Califórnia, Annabelle. 


Em junho de 2017, Renne transferiu US$ 5 mil (quase R$19 mil) para que Chris e um amigo voassem do Iraque para a Filadélfia. 


Ela roubou o dinheiro de uma pilha de dinheiro que havia escondido com o marido em seu quarto. 


Eram as economias da vida do casal. 


Chris prometeu pagá-la assim que chegasse lá. 


Ele nunca chegou. 


Foi quando ela misturou vodka com pílulas para dormir. 


Dias depois, acordou em uma cama de hospital. 

 
— Você abre os olhos e a pessoa que você não queria mais encarar está sentada bem do seu lado: Mark — contou Renee. 


O Sr. Holland sabia sobre o amigo que sua mulher havia feito no Facebook. 


Ele mesmo era um veterano da Escola de Paraquedistas dos EUA, com missões em Honduras e na Coreia do Sul. 


Certa vez, ajudou Renee a preparar e enviar um pacote de lanches, roupas íntimas e talco para os pés, que foi devolvido. 


Após o episódio do aeroporto, percebeu que o relacionamento de sua esposa com aquele homem tinha ido além do que ele sabia. 


— Fiquei com muita raiva — contou Mark, de 53 anos, em uma entrevista realizada no ano passado — Mas também tive um pouco de compaixão porque sabia o quanto ela se sentia mal. 


Quando Renee voltou do hospital, seu relacionamento com o marido e seu pai de 82 anos, de quem ela cuidava, estava tenso. 


Uma pessoa continuava a conversar com ela: Chris. 


— Ele queria fazer as pazes comigo. 


Ele ia sentar lá, olhar nos olhos do meu marido, dizer o quanto estava arrependido e nos devolver o dinheiro — contava ela.
Renee Holland chegou a transferir US$5 mil dólares para que amigo virtual comprasse passagens aéreas; história teve fim trágico Foto: Adam Beckman / The New York Times
Renee Holland chegou a transferir US$5 mil dólares para que amigo virtual comprasse passagens aéreas; história teve fim trágico Foto: Adam Beckman / The New York Times.
 
 
Renee estava convencida de que era tudo uma farsa. 
 
 
Mas Chris jurou que se atrasara por conta de uma operação militar. 
 
 
Ela recebeu um e-mail de alguém que afirmava ser o general Stephen Townsend do Exército, confirmando a história. 
 
 
Logo chegaram novas fotos de Chris ferido na guerra, documentos mostrando que ele tinha grandes valores a receber do seguro e promessas de que ela seria reembolsada com mais do que havia perdido. 
 
 Tudo o que ela precisava fazer era levá-lo para casa. 


Mais duas vezes, Renee mandou dinheiro para passagens aéreas, em parte com cartões de crédito, sem o conhecimento do marido. 


Chris nunca apareceu. 


No total, os Holland perderam algo entre US$ 26 mil (cerca de R$ 98,4 mil) e US$ 30 mil (cerca de R$ 113,5 mil). 


Para começar de novo, o casal se mudou para Fort Pierce, na Flórida, no ano passado. 


Mas as tensões continuaram. 


Mark Holland foi preso por acusações de violência doméstica em agosto de 2018, de acordo com um relatório da polícia. 


Renee retirou a queixa em seguida. 


Em uma entrevista no ano passado, ela relatou outro episódio do tipo em 2017. 


Em 23 de dezembro de 2018, Mark atirou e matou a mulher e seu pai na nova residência do casal. 


Em seguida, virou a arma contra si mesmo. 


O Gabinete do Xerife do Condado de St. Lucie disse que ele não deixou nenhuma indicação sobre o que motivou o crime. 


'Não está em nossas mãos'.

 

Frustrado, o sargento Anonsen saiu do Facebook e do Instagram no final de 2017. 


Ele estima que denunciou ao Facebook cerca de 200 perfis de impostores com suas informações. 


Alguns foram removidos pela empresa, que manteve muitos com a justificativa de que eles não violavam suas regras. 


Quando o oficial enviou mensagens para a companhia pedindo ajuda, recebeu respostas automatizadas. 


Anonsen comunicou seus comandantes de pelotão sobre o assunto, e depois os oficiais de inteligência do seu batalhão. 


Todos disseram que o assunto estava fora de seu alcance. 


— Pensei que a inteligência militar seria capaz de digitar alguns números e tudo desapareceria, mas não é tão simples — desabafa Anonsen, que deixou as Forças Armadas no ano passado e agora trabalha em um navio no Golfo do México. 


Sua experiência reflete a dificuldade de acabar com os golpes afetivos: ninguém parece ser capaz de ajudar. 


— Eu não sei o que mais podemos fazer — diz Joiner, do Departamento de Defesa, que chama os impostores do Facebook de “o novo normal”. 


Ela conta que, depois que o Pentágono reportou uma série de falsificações, o Facebook derrubou os perfis impostores. 


No entanto, quando o NYT denunciou 46 contas falsas no Instagram, a rede social respondeu, dentro de 24 horas, que nenhuma delas violava suas regras, sem explicar o motivo. 


A lista de impostores foi repassada ao Pentágono. 


Quatro meses depois, 25 contas ainda estavam ativas. 


— Eu simplesmente não sei como agir além do que já estamos fazendo — disse Joiner. 


O Comando de Investigação Criminal do Exército, que investiga crimes envolvendo membros do Exército, disse que atende a ligações de centenas de vítimas de golpes afetivos por mês. 


Mas explica que seus investigadores não podem apurar esses relatos porque os criminosos e as vítimas são civis. 

 
— Nossa jurisdição para por aí — informou Chris Gray, porta-voz da divisão, que diz que a equipe distribuiu avisos públicos e pede que os membros do serviço protejam suas identidades. 


Não há números exatos sobre quantos membros do serviço e civis já foram afetados pelos golpes do amor. 


O FBI disse que recebeu cerca de 18.500 reclamações de vítimas de golpes similares na Internet no ano passado, com perdas relatadas acima de US$ 362 milhões (cerca de R$1,3 bilhões), um aumento de 71% em relação a 2017. 


James Barnacle, chefe da unidade de lavagem de dinheiro do FBI, explicou que o órgão investiga uma pequena fração dessas denúncias. 


Como muitas vítimas perdem apenas alguns milhares de dólares com os crimes, “é muito difícil para uma agência como o FBI trabalhar com valores tão baixos, porque há muitos casos que chegam até nós”. 


O Facebook alega que remove constantemente perfis falsos com a ajuda de softwares, revisores humanos e denúncias de usuários. 


O site também usa um programa que procura contas de golpistas e bloqueia perfis até que os proprietários possam fornecer provas sobre sua identidade. 


A rede também tem um vídeo alertando as pessoas sobre fraudes. 


O crime deu origem a uma brigada de defensores das vítimas. 


Um deles é o grupo Advocating Against Romance Scams, dirigido por Waters, uma profissional de saúde de Fresno, na Califórnia, e Bryan Denny, um coronel aposentado do Exército. 


Desde 2017, eles já se encontraram cinco vezes com o Facebook e com onze escritórios do Congresso para fazer lobby por uma lei que responsabilize os sites de mídia social pelos crimes. 


Desde o ano passado, o Facebook usou o coronel Denny nos testes de um novo sistema para remover rapidamente impostores que imitam com frequência certos membros do serviço americano. 


Ele forneceu ao Facebook 51 fotos que seus próprios imitadores usavam. 


Ele conta que, meses depois, as falsificações ainda apareciam.


Em um e-mail para Waters e Coronel Denny no ano passado, uma porta-voz do Facebook escreveu: 


“Eu entendo como deve ser para vocês. 


Espero que possamos nos redimir.” 


Encontrando Michael Chris.

 

Após sua morte, a polícia descobriu que Renee Holland deixou um rastro de pistas sobre Michael Chris. 


Tudo começou com os recibos da Western Union e da MoneyGram, empresas que transferem dinheiro para todo o mundo. 


Os documentos revelaram que a Sra. 


Holland não havia enviado dinheiro diretamente para Chris, mas para pessoas em lugares como Novo México e Porto Rico. 


Um dos nomes nos recibos era Maria, uma imigrante grega que mora em Nova Jersey e que falou sob condição de anonimato para esconder de seus filhos adultos seu envolvimento no golpe. 


A vítima, de 57 anos, disse que se juntou ao Facebook depois que o marido morreu em 2010. 


Acabou desenvolvendo um relacionamento com um suposto sargento do exército chamado Jacob. 


Ele a encheu de elogios, chamou-a de "minha rainha" — e depois pediu dinheiro. 


Ao longo de mais de dois anos, Maria enviou cerca de US$ 15 mil (aproximadamente R$ 56,7 mil) para Jacob. 


Ela penhorou suas joias e parou de pagar sua hipoteca. 


Quando seu banco a impediu de enviar mais, seu golpista convenceu-a a encaminhar um pagamento de outra pessoa: Renee Holland.
Trechos da conversa entre Maria e seu golpista, que diz
Trechos da conversa entre Maria e seu golpista, que diz "amá-la" ao pedir dinheiro Foto: The New York Times.
 
 
"Estou cansada, decepcionada, deprimida, perdi tudo, não sei o que fazer" escreveu Maria ao impostor, em mensagens vistas pelo NYT. 
 
 "Só confie em mim mais uma vez", respondeu a pessoa. 


"Ok, uma vez", cedeu Maria. 


Em 2017, o banco tomou a casa da vítima. 


Para salvá-la, ela aumentou suas horas de trabalho em uma fábrica para sete dias por semana. 


— Eu não sei como uma pessoa pode fazer isso com outro ser humano — desabafa.


O "Yahoo Boys".

 

Os recibos de Maria mostraram que seus pagamentos foram destinados a alguém na Nigéria chamado Victor Ohaja, que também aparece nos recibos de Renee Holland. 


Sua conexão com a pessoa que se propõe a ser Chris não era clara. 


De acordo com o endereço IP — uma espécie de número de identificação online que pode fornecer uma localização difícil —, a pessoa que se identifica como Chris parecia estar em Lagos, na Nigéria.


 O NYT entrou em contato com ela, e apresentou sua reportagem sobre o golpe. 


"Bom trabalho. 


Ninguém é perfeito", respondeu o impostor, antes de se desconectar e não responder mais. 


Injustamente ou não, a Nigéria se tornou sinônimo de fraudes online, devido à pobreza, à presença da língua inglesa e ao fácil acesso à internet. 


Além disso, aqueles que aprendem o negócio passam instruções para os novatos, conforme contam os homens que conversaram com o NYT sobre os golpes afetivos na internet. 


Eles chamam as vítimas de “clientes” e a si mesmos de “Yahoo Boys”, uma homenagem ao serviço de bate-papo online Yahoo Messenger, onde fraudes de amor ganharam força há quase 20 anos. 


Agora eles atuam no Facebook e no Instagram, porque, dizem, "é onde as pessoas estão". 
Muitos dos Yahoo Boys operam a partir de cybercafés na Nigéria Foto: The New York Times.
 
Três homens nigerianos, de 25 anos, que falaram sob condição de anonimato, disseram que enganaram pessoas no Facebook para pagar por sua educação na Universidade Estadual de Lagos. 
 
 
Antes, eles ganhavam de US$28 a US$42 (entre R$105 e R$158) por mês em empregos administrativos ou estampando camisas. 
 
 
Com as fraudes de amor, o dinheiro era inconsistente, mas mais abundante.
 
 
Um deles estima que ganhou cerca de US$ 14 mil (quase R$ 53 mil) em dois anos; outro, o dobro, em três anos. 
 
 Apesar das operações realizadas por autoridades nigerianas contra os Yahoo Boys, os golpistas dizem que não se preocupam. 


Alguns contam que pagaram suborno para evitar a prisão. 


Se o Facebook estava tornando seu trabalho mais difícil, o Instagram era fácil de iludir. 


Caso as contas falsas fossem bloqueadas, eles comprariam novas, já que um perfil de seis meses custa cerca de US$ 14 (aproximadamente R$ 53), disse um deles. 


Adedeji Oyenuga, professor de criminologia da Universidade Estadual de Lagos que estudou o grupo de impostores, disse que a geração mais velha da Nigéria rejeita os golpistas, mas muitos jovens os adotam. 


— As meninas preferem sair com os Yahoo Boys — conta. 


O rastro do dinheiro de Renee Holland e de Maria levou finalmente a Owerri, uma cidade com 1,2 milhão de habitantes, no Sul da Nigéria. 


Em seus saques em bancos de Owerri, Victor Ohaja deixou quatro endereços próximos e três números de telefone, de acordo com um funcionário de uma empresa de transferência de dinheiro, que não quis ser identificado porque as informações eram confidenciais. 


Havia outro nome: Orji James Ogbonnaya, para quem Maria havia enviado um pacote uma vez, seguindo instruções de seu golpista. 


O impostor também enviou um número de telefone que pertenceria a Ogbonnaya, o mesmo número que Ohaja deixara durante um de seus golpes. 


Em Owerri, todos os endereços levavam a becos sem saída: uma loja de conveniência, uma loja de eletrônicos, uma agência da empresa de correios privada DHL e um prédio de escritórios. 


Quando o NYT tentou os números de telefone, um deles foi desligado; outro foi direcionado a um professor da universidade local, que manifestou confusão. 


Já o número ligado a Ohaja e a Ogbonnaya foi respondido por um homem de voz profunda que se identificou inicialmente como este último. 


Ele desligou quando descobriu quem estava na linha. 


"Por favor. 


Eu não te conheço. 


Eu não tenho nenhuma informação relacionada ao que você está procurando. 


Não me incomode. 


Eu realmente preciso de um pouco de paz", escreveu o homem em uma mensagem mais tarde. 


Naquela noite, Ogbonnaya ligou de volta. 


Ele negou qualquer conexão com o Yahoo Boys. 


— Eu sou apenas um entregador — disse. 


No mês passado, o mesmo homem atendeu o telefone novamente. 


— Eu não conheço ninguém com esse nome — disse, quando chamado de Sr. Ogbonnaya — 


Eu sou o Chris. 


Você pode me chamar de Chris. 


Colaboraram Bukky Omoseni, Mayowa Tijani, Tony Iyare e Susan Beachy.

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