Ministério Público pediu a prisão do médium. Defesa diz que ainda não foi informada do documento e nega as acusações.
Por Vitor Santana, G1 GO
A comerciante Ana Maria Azevedo diz que chegou a engravidar do médium João de Deus, em Abadiânia — Foto: Reprodução/TV Globo.
Uma mulher relatou nesta quarta-feira (12) que foi uma das vítimas do médium João de Deus e que chegou a engravidar após um abuso sexual em Abadiânia.
A comerciante, de 53 anos, contou que recebeu um remédio para abortar a criança.
O Ministério Público de Goiás pediu nesta tarde a prisão dele.
A defesa do médium tem negado as acusações.
A comerciante, de 53 anos, contou que recebeu um remédio para abortar a criança.
O Ministério Público de Goiás pediu nesta tarde a prisão dele.
A defesa do médium tem negado as acusações.
Ana Maria Azevedo mora em Uberaba (MG) e diz que tinha 16 anos, quando
foi trabalhar na Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus faz os
atendimentos.
O depoimento dela começa em 3 minutos e 44 segundos do vídeo abaixo.
O depoimento dela começa em 3 minutos e 44 segundos do vídeo abaixo.
“Com três meses ele abusou de mim, tirou minha roupa.
A peça íntima debaixo, aí ele fez o que fez e eu peguei uma gravidez dele”, contou.
Na época, ela voltou para Taguatinga, no Distrito Federal, onde morava
na época.
Porém, um tempo depois ela retornou ao centro espírita para pedir ajuda.
“Ele falou assim: ‘Não!
Eu vou dar um remédio’.
Eu pensei que remédio, garrafada para fazer um tratamento, mas ele me deu um remédio para matar a criança, para eu não complicar a vida dele”, completou.
Porém, um tempo depois ela retornou ao centro espírita para pedir ajuda.
“Ele falou assim: ‘Não!
Eu vou dar um remédio’.
Eu pensei que remédio, garrafada para fazer um tratamento, mas ele me deu um remédio para matar a criança, para eu não complicar a vida dele”, completou.
MP pede prisão preventiva do médium João de Deus, acusado de abuso sexual.
Outra vítima, de 42 anos e que mora em Caiapônia, no sudoeste de Goiás,
prestou depoimento na polícia e disse que foi abusada duas vezes quando
tinha 11 anos.
Ela viajou com a família para levar a avó, que estava com câncer, para fazer tratamento com ele.
Ela viajou com a família para levar a avó, que estava com câncer, para fazer tratamento com ele.
“Na oração que ele foi fazer, ele colocou ela de frente para a parede e
minha vó era surda, colocou minha vó de frente para a parede e começou
os trabalhos dele.
No dizer dele, né?
Ai ele baixou a minha roupa e tentou fazer sexo comigo.
Na hora eu não quis, aí ele começou a esfregar em mim”, contou.
No dizer dele, né?
Ai ele baixou a minha roupa e tentou fazer sexo comigo.
Na hora eu não quis, aí ele começou a esfregar em mim”, contou.
Além disso, ela conta que o médium ameaçou a família dela caso ela
relatasse os abusos.
“Ele falava no momento que se eu contasse para alguém, minha avó morreria, que Deus não ia abençoar para ela melhorar. Me ameaçou”, completou.
“Ele falava no momento que se eu contasse para alguém, minha avó morreria, que Deus não ia abençoar para ela melhorar. Me ameaçou”, completou.
João de Deus aparece em público pela primeira vez após denúncias de abuso sexual — Foto: ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO CONTEÚDO
Pedido de prisão.
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) protocolou, no fim da
tarde desta quarta-feira (12), o pedido de prisão preventiva do médium
João de Deus.
Nesta manhã, João de Deus negou as denúncias e disse que era inocente
Nesta manhã, João de Deus negou as denúncias e disse que era inocente
O pedido foi protocolado por volta das 17h45 pelos promotores Luciano
Miranda e Patrícia Otoni, na promotoria de Abadiânia.
Os dois são responsáveis pela força-tarefa que investiga os supostos crimes sexuais.
Na saída, eles não quiseram falar com a imprensa.
Os dois são responsáveis pela força-tarefa que investiga os supostos crimes sexuais.
Na saída, eles não quiseram falar com a imprensa.
A medida foi requerida após o MP receber mais de 250 denúncias de
supostas vítimas do líder religioso.
O pedido deve ser analisado pelo juiz Fernando Chacha, que é responsável pela comarca de Abadiânia.
A assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) informou ao G1 que não pode confirmar nenhuma informação porque o caso está em segredo de Justiça.
O pedido deve ser analisado pelo juiz Fernando Chacha, que é responsável pela comarca de Abadiânia.
A assessoria do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) informou ao G1 que não pode confirmar nenhuma informação porque o caso está em segredo de Justiça.
Ao G1,
o advogado de João de Deus, Alberto Toron disse que ainda não foi
comunicado oficialmente sobre o pedido e que seu cliente segue à
disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos.
"Eu fui informado apenas pela imprensa, não recebi qualquer comunicação
oficial, não conheço o teor do suposto pedido e, portanto, a única
coisa que posso dizer é que o João de Deus voltou para Abadiânia e está à
disposição da Justiça, como sempre esteve.
Não me parece que haja qualquer necessidade da decretação da prisão preventiva.
Por hora, é tudo que eu posso dizer", afirmou.
Não me parece que haja qualquer necessidade da decretação da prisão preventiva.
Por hora, é tudo que eu posso dizer", afirmou.
João de Deus aparece na Casa Dom Inácio Loyola pela 1ª vez após denúncias de abuso sexual.
‘Sou inocente’
Na manhã desta quarta-feira, João de Deus compareceu à Casa Dom Inácio
de Loyola, onde realiza os trabalhos espirituais, pela primeira vez
desde que as denúncias vieram à tona.
Durante os poucos minutos que ficou no local, ele disse que era inocente e que confiava na Justiça de Deus e dos homens.
Durante os poucos minutos que ficou no local, ele disse que era inocente e que confiava na Justiça de Deus e dos homens.
“Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por
estar aqui.
Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira.
João de Deus ainda está vivo.
A paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão da lei brasileira.
João de Deus ainda está vivo.
A paz de Deus esteja convosco”, diz João de Deus.
A assessora de imprensa do religioso, Edna Gomes, afirmou, após as declarações, que o médium era inocente, mas que as denúncias eram graves e deveriam ser apuradas.
Denúncias.
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias
relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo
médium.
Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
A força-tarefa que investiga as denúncias contra João de Deus
começou o trabalho de investigação na segunda-feira (10), depois que o
programa Conversa com Bial divulgou o relato de 10 mulheres que disseram
ter sido abusadas sexualmente pelo médium.
Para atender às mulheres que não moram em Goiás, o MP-GO preparou uma
sala de videoconferência.
Nela, ficam os cinco promotores de Goiás que participam da força-tarefa, duas psicólogas e dois tradutores de línguas estrangeiras.
Nela, ficam os cinco promotores de Goiás que participam da força-tarefa, duas psicólogas e dois tradutores de línguas estrangeiras.
“Temos casos fora do Brasil, por isso, temos a necessidade de
acompanhamento para ajudar a gente a esclarecer todas essas situações”,
afirma o procurador-geral do órgão, Benedito Torres.
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