Futuro ministro da Justiça comentou o assunto durante entrevista coletiva no gabinete de transição. Presidente assinou decreto de extradição na semana passada; Battisti está foragido.
Por Guilherme Mazui e Roniara Castilhos, G1 e TV Globo — Brasília
O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro — Foto: Reprodução/TV Globo.
O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, avaliou nesta segunda-feira (17) como "acertada" a decisão do presidente Michel Temer de assinar o decreto de extradição do italiano Cesare Battisti.
Temer assinou o decreto na semana passada, um dia após o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, determinar a prisão de Battisti, atendendo a um pedido da Interpol.
Battisti está foragido, e a Polícia Federal fez duas tentativas de captura do italiano nesta segunda, em São Paulo.
A PF esteve em endereços informados por denúncias anônimas como possíveis esconderijos.
A PF esteve em endereços informados por denúncias anônimas como possíveis esconderijos.
"Na minha avalição, o asilo que foi concedido a ele [Battisti] anos
atrás foi um asilo com motivações político-partidárias.
Em boa hora isso foi revisto", disse o futuro ministro.
Em boa hora isso foi revisto", disse o futuro ministro.
"Não se pode tratar a cooperação jurídica internacional por critérios
político-partidários, a decisão é acertada.
Lamentavelmente essa pessoa se encontra foragida", acrescentou.
Lamentavelmente essa pessoa se encontra foragida", acrescentou.
Moro deu as declarações durante uma entrevista coletiva na sede do governo de transição na qual anunciou a nova secretária nacional de Justiça.
A defesa de Battisti já recorreu ao Supremo, pedindo a Fux que reconsidere a decisão ou leve o caso ao plenário, composto pelos demais dez ministros do tribunal.
Luiz Fux ainda não decidiu sobre o pedido.
Luiz Fux ainda não decidiu sobre o pedido.
Mãos Limpas.
Até então responsável pela Operação Lava Jato, Sérgio Moro deixou de ser juiz para integrar o governo Jair Bolsonaro.
O futuro ministro se diz admirador da Operação Mãos Limpas, que investigou um esquema de corrupção envolvendo políticos na Itália.
"Os países têm que cooperar entre eles contra a criminalidade e o
senhor Cesar Battisti foi condenado por homicídios na Itália.
A Itália é um país que tem um Judiciário forte, independente, e não cabe ao Brasil ficar avaliando o mérito ou não da condenação", afirmou Moro.
A Itália é um país que tem um Judiciário forte, independente, e não cabe ao Brasil ficar avaliando o mérito ou não da condenação", afirmou Moro.
Polícia Federal faz novas operações para tentar capturar Battisti.
Entenda o caso Battisti.
A polêmica em torno de Battisti teve início durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 1993, Cesare Battisti foi condenado na Itália por quatro homicídios
na década de 1970.
Ele fugiu para o Brasil, e o governo italiano pediu a extradição.
Ele fugiu para o Brasil, e o governo italiano pediu a extradição.
Em 2009, o Supremo Tribunal Federal julgou o pedido procedente, mas entendeu que a palavra final cabia ao presidente da República.
Lula, então, em 2010, negou a extradição de Battisti.
No ano passado, a Itália pediu ao governo Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão.
No ano passado, a Itália pediu ao governo Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão.
Numa entrevista concedida à GloboNews, Battisti negou ser o responsável pelas mortes na Itália, afirmando que nunca matou ninguém.
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