Da Redação
Em um discurso de 19 minutos no Museu da História Natural de Nova York, Moro afirmou que sua premiação legitima a luta contra a corrupção no Brasil:
— Este prêmio também significa que o setor privado no Brasil e nos Estados Unidos apoia o movimento anticorrupção brasileiro e isso faz grande diferença — disse Moro, que foi ovacionado várias vezes e, quando subia ao palco, ouviu de ao menos um entre os mil presentes no jantar de Gala o grito de “Moro presidente!”.
RECONHECIMENTO – Moro disse ainda que aceitou a premiação por ser um reconhecimento de todos que trabalham contra a corrupção no Brasil, como outros juízes, promotores e policiais.
Ele disse que, ao contrário do que parece, saber e enfrentar todos estes casos não significa um motivo de vergonha, mas de força da democracia brasileira.
— A democracia não está em risco no Brasil.
Há riscos de retrocesso, mas não acredito que eles ocorrerão.
Os Estados Unidos podem apostar no Brasil como nós apostamos — disse.
A 48ª Premiação da Câmara de Comércio também homenageou o empresário e ex-prefeito nova-iorquino Michael Bloomberg, que recebeu seu prêmio mais cedo e não ficou para ouvir o juiz.
Moro disse que com este combate à corrupção mais investimentos podem ir ao Brasil e disse que o país está no “caminho correto”.
EM PORTUGUÊS – No fim de sua fala, desta vez em português, Moro enviou uma “mensagem aos companheiros brasileiros”, dizendo que o país vive 30 anos de democracia e liberdade, com dois impeachment e um ex-presidente preso, mas sem “risco de ruptura”.
Ele disse que o país já conquistou muito, como o fim da hiperinflação e criou políticas sociais que diminuíram a pobreza e a desigualdade:
— Há muito a ser feito: continuar as reformas, consolidar a democracia, retomar o desenvolvimento, melhorar a qualidade dos servido públicos de segurança, educação e saúde e enfrentar a pobreza e a desigualdade.
Tudo isso só é possível sem a impunidade da grande corrupção – disse ele.
HERÓI NACIONAL – Moro foi apresentado na premiação pelo vencedor do ano anterior: João Doria, ex-prefeito e pré-candidato tucano ao governo de São Paulo.
O político apresentou Moro como um “herói nacional”, pediu “salvas de palmas de todos em pé” e disse que este é o “Brasil dos homens de bem”, criticando os que protestaram contra Moro no lado de fora do museu.
O público presente, formado por empresários, advogados, autoridades (o ministro Carlos Marun, da secretaria de governo de Michael Temer, por exemplo) e alguns acadêmicos dos dois países – cada um pagando ao menos US$ 1.200 por uma cadeira ou receberam esta possibilidade dos patrocinadores do evento – reagiu com euforia à premiação de Moro: além das palmas, muitos gravaram todo o discurso do juiz.
BEM DIFERENTE – O próprio evento estava diferente, segundo pessoas que participam da cerimônia há anos: a cerimônia começou pela primeira vez com a execução dos hinos dos dois países e o presidente da Câmara, Alexandre Bettamio, chegou a dizer em seu discurso frases típicas de Trump, ao defender que todos trabalhem para colocar “o Brasil em primeiro lugar”.
Nesta quinta-feira, Moro participa também em Nova York de um evento do Lide – empresa de João Doria – sobre investimentos no Brasil.
Ele falará sobre a segurança jurídica no país e será sucedido em uma palestra por Marun.
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