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quarta-feira, maio 16, 2018

Crimes chocantes e uma questão: o que provoca atos tão perversos?


Crimes chocantes levam a sociedade a buscar explicações sobre o que desperta a crueldade em pessoas como o autor do massacre no Rio, Wellington Menezes, Suzane Von Richtoffen, que assassinou os pais, e Mateus Meira, o atirador do shopping


Lais Vita | Redação CORREIO

Em 1926, o escravo alforriado José Augusto do Amaral, conhecido como Preto Amaral, cometia o primeiro assassinato em São Paulo. 

Depois de estrangular um homem de 27 anos, o primeiro serial killer (assassino em série) brasileiro matou mais dois: uma criança de 10 anos e um garoto de 15.

A frieza com que Wellington matou 12 crianças é semelhante a de outros assassinos de crimes bárbaros. 

Suzane Von Richtoffen matou os pais; Mateus Meira atirou contra plateia no cinema e Preto Amaral foi o primeiro serial killer brasileiro

Em alguns dos crimes cometidos, Amaral realizava atos de necrofilia - atração sexual por cadáveres. 

Foi preso depois que uma vítima - um engraxate de 9 anos - conseguiu fugir. 

Após ser torturado pela polícia, confessou os crimes. 

Cinco meses depois, antes do julgamento, morreu de tuberculose na prisão.

Hoje, mais de oito décadas depois, os motivos que o levaram a cometer tais atrocidades continuam obscuros. 

Mas, durante todo esse tempo, outros casos chocantes levaram a sociedade a buscar explicações sobre as razões que fazem despertar a crueldade nas mentes que engendram crimes tão perversos e sem motivação lógica aparente.

Foi o caso de Wellington Menezes de Oliveira, que, na última quinta, matou 12 adolescentes e deixou 12 feridos a tiros numa escola do Realengo, no Rio. 

Desde então, estudiosos da mente humana se debruçam sobre o caso para entender como as engrenagens de um pensamento se convertem em algo tão torpe.



Ainda é cedo para se concluir quais os fatores determinantes para o crime, mas os vestígios deixados pelo assassino evidenciam que ele vivia um surto psicótico de esquizofrenia. 

Segundo o psiquiatra Luís Fernando Pedroso, uma personalidade assim não se desenvolve de uma hora para outra. 

“A pessoa dá sinais de inadequação, comportamento extravagante, esquisitos e com isso sai da realidade e começa a viver num mundo delirante”.

CINEMA.

Com traços comportamentais similares, o baiano e estudante de Medicina Mateus da Costa Meira, ficou conhecido como o atirador do cinema, depois de, durante uma sessão do filme Clube da Luta, atirar contra a plateia, em 1999. 

Na ocasião, três pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas.

“Essas pessoas são altamente doentes, mas isso nem sempre significa que não têm condições de responder pelo que fazem”, afirma Pedroso. 

Apesar das tentativas da defesa de considerá-lo inimputável, ou seja, mentalmente incapaz, Mateus foi condenado à 30 anos  e segue detido na penitenciária Lemos Brito.

Em 2009, ele foi acusado de tentar matar um companheiro de cela a golpes de tesoura. 

O promotor do Ministério Público da Bahia (MP-BA) que acompanhou as audiências, Aderbal Simões Barreto, lembra que o acusado se defendia de forma bem articulada. 

“Ele aparentava ser uma pessoa muito calma e dava respostas extremamente inteligentes”.

Na ocasião, o acusado tentava sustentar a hipótese de não tinha a intenção de matar. 

“Questionei sobre qual o lugar mais fácil para se matar uma pessoa e ele respondeu que qualquer lugar pode ou não ser fatal. 

Isso diz muito sobre a capacidade e inteligência dele”, diz o promotor.

Chacina.

Mais uma personificação de extremos a que transtornos psíquicos podem levar foi o caso do estudante Marcelino Souto Maia Neto, de 20 anos, que, em 1970, matou a tiros o pai, a mãe, a avó e o irmão. 

Filho de uma família de comerciantes ricos, Marcelino arquitetou o crime por  seis meses, mas a sua intenção inicial era matar apenas o pai. 

“Ele pensava em envenenar um remédio que o pai tomava, mas teve medo que a mãe também o ingerisse”, revelou uma fonte ligada ao caso que preferiu não se identificar.
O episódio conhecido como a Chacina da Graça foi friamente construído. 

No dia do crime, ele fez com que um dos irmãos, Rui, saísse de casa e deixou um bilhete de suicídio em nome do outro irmão, José, que já havia sido diagnosticado como esquizofrênico. 
O estudante foi ao quarto dos pais, matou os dois, se dirigiu ao corredor e, no caminho, matou a avó e o irmão. 

A frieza com que o assassino articulou detalhes considerado lógicos para qualquer mente equilibrada chamou a atenção. 

“No dia do enterro, Marcelino beijou os corpos do pai, da mãe e da avó, mas não do irmão. 

Ele produziu um indício de que acreditava ter sido José o autor dos crimes”, conta o advogado de defesa do caso, João de Melo Cruz.

A casa que foi cenário do crime se tornou um rio de sangue e, detalhes como pés que não pisaram nesses cômodos e a direção do tiro fizeram com que a hipótese de suicídio fosse descartada e apontassem pra Marcelino, que acabou confessando o crime. 
“Ele disse que tinha problemas com o pai, que considerava muito mesquinho e severo porque o fazia trabalhar e estava também interessado na herança”, conta a fonte. 
Chacina  O perfil mental e justificativas consideradas lógicas pelo assassino remete ao brutal homicídio do casal Von Richtoffen, em 2002. 

Bonita, rica, Suzane Von Richtoffen, então com 19 anos, planejou durante dois meses, ao lado do namorado e do cunhado o assassinato dos pais.

O comportamento indiferente da garota chocou até o delegado do caso, Paula Neto “A frieza com que eles narraram os crimes foi incrível. 

Ela não derramou uma lágrima”, diz. 

Suzane disse ter “matado por amor”, já que os pais não aprovavam o namoro com o comparsa, Daniel Cravinhos.

Para Pedroso, casos assim se aproximam do transtorno de personalidade conhecido como a psicopatia. 

“O comportamento de Suzane deixa isso claro. 

Ela não consegue projetar nenhuma valor ético moral, o que caracteriza o comportamento de um psicopata”, afirma.
Casa arrombada.

A casa onde o atirador Wellington Menezes morou com a sua família adotiva, em Realengo, voltou a ser atacada por vândalos, ontem, no Rio. 

O imóvel já havia sido pichado e teve o portão arrombado no dia seguinte ao crime, ocorrido na quinta-feira. 

Ontem, vândalos destruíram o portão da garagem e tentaram invadir a casa, onde morava, atualmente, uma das irmãs adotivas de Wellington, que conseguiu escapar, já que, desde o dia do massacre ela deixou a casa.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que, a partir de agora, para evitar novos atos de destruição e vandalismo no imóvel vai manter um carro com policiais de plantão permanente em frente à casa, que fica a três quadras da escola Tasso da Silveira. 

No sábado, a casa também foi atacada por pichadores. 

O portão do muro externo da casa também foi arrombado, mas a casa não foi invadida.

Transferidos.

Ontem, os dois suspeitos de negociar uma das armas usadas pelo atirador foram transferidos por agentes da Polícia Civil para o presídio Ary Franco, em Água Santa, na zona norte. 

O chaveiro Charleston Souza de Lucena, 38, e o vigia Izaías de Souza, 48, que tiveram a prisão preventiva decretada na madrugada de sábado, passaram por exame de corpo de delito e seguiram para a unidade prisional. 

Os dois foram indiciados por comércio ilegal de arma de fogo e podem pegar até 8 anos de prisão.

Escola será reaberta aos alunos no dia 18 Depois de levar flores à escola Tasso da Silveira, onde 12 crianças foram mortas pelo ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, na manhã de quinta, a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, anunciou ontem que o colégio será reaberto aos alunos na segunda-feira 18 de abril. 

Segundo Cláudia, a primeira atividade será uma “cerimônia de reinvenção da escola”, que reunirá alunos, parentes, professores e funcionários. 

As crianças vão montar um mosaico nos muros, escolher as novas cores da pintura e o melhor lugar para instalar um aquário. 

“Queremos que todos sintam que a escola onde houve tanto sofrimento pode voltar a ser enxergada como um espaço maravilhoso”, disse a secretária. 

De terça e sexta-feira desta semana professores e funcionários receberão, na própria escola, assistência psicológica, a fim de se prepararem para o recomeço das atividades escolares na semana seguinte.  

Pelo segundo dia consecutivo, profissionais da Secretaria Municipal de Assistência Social prestaram atendimento aos alunos da escola Tasso da Silveira e suas famílias. 

Os assistentes sociais constataram um alto número de crianças que diz não querer voltar ao colégio.

Ontem 70 pessoas prestaram  homenagens às vítimas do massacre na  escola, nas areias de Copacabana, na zona sul carioca. 

O evento foi organizado pelo movimento Rio de Paz, com apoio da ONG Viva Rio, que anunciou nova campanha de desarmamento.

‘Não era minha hora’, afirma aluna  ferida.

A estudante Renata Lima, de 13 anos, que recebeu alta do hospital e passou a primeira noite em casa depois da tragédia em Realengo, resumiu com um leve sorriso a sorte de ter escapado da morte.

“Não era a minha hora. 

Eu tive duas chances para poder fugir”, disse em entrevista ao Jornal Nacional. 

Ela estava na primeira sala de aula em que o atirador entrou.
“Na hora em que ele me viu em pé, ele mirou a arma na minha frente. 

Aí eu fiquei meio assustada.

Quando ele foi apertar o gatilho, não tinha mais bala dentro. 

Ele foi recarregar, e eu consegui correr. 

Quando cheguei à porta, ele me acertou”, lembra a jovem.  

Renata foi atingida por um tiro que entrou nas costas e saiu pela lateral do corpo, mas ela não precisou passar por cirurgia. 

“Foi o fato de eu ser gordinha que me salvou”, afirmou, esboçando um sorriso. 

A mãe ainda não consegue falar sem chorar. 

“Eu não tive tempo de pensar ainda”, disse.

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