Paulo Sérgio Almeida Nascimento, de 47 anos, foi morto com quatro tiros por volta de 3h30 desta segunda-feira (12); ele era um dos representantes da Associação dos Caboclos, indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama) que desde 2017 cobrava da prefeitura de Barcarena, no Pará, se a empresa norueguesa Hydro possuía autorização para construção das bacias de rejeito |
Associação Cainquiama alega que estava sendo perseguida por policiais locais. Pedido de proteção havia sido negado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Polícia Civil apura as circunstâncias do crime
Por G1 PA, Belém
Um dos líderes comunitários da Associação dos Caboclos, Indígenas e
Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), Paulo Sérgio Almeida Nascimento,
de 47 anos, foi morto a tiros na madrugada desta segunda-feira (12).
O
crime aconteceu em Barcarena, nordeste do Pará.
De acordo com a Polícia
Civil, as cirscunstâncias do crime estão sendo apuradas pela Delegacia
de Vila dos Cabanos.
A associação Cainquirama faz denúncias sobre problemas ambientais que atingem a região.
A vítima era um dos diretores.
De acordo com o Ministério Público do Estado, os representantes da
associação vinham sofrendo ameçadas de policiais.
Um pedido de proteção
chegou a ser feito à Secretaria de Segurança Pública (Segup), mas foi
negado.
Ainda segundo a polícia, a vítima era ligada movimentos de invasão de terras em Vila dos Cabanos.
Segundo as primeiras informações da Polícia Civil, a vítima estava em
sua residência quando, durante a madrugada, se levantou para usar o
banheiro, que fica do lado de fora da casa, e foi alvejada por disparos
de armas de fogo. Uma testemunha foi localizada pela Polícia e já foi
ouvida.
De acordo com o advogado da Cainquiama, Ismael Moraes, Paulo Sérgio
Almeida Nascimento era um dos mais atuantes nas denúncias contra a
refinaria Hydro Alunorte, envolvida no vazamento de rejeitos de bauxita vindos da bacia de depósitos da empresa norueguesa instalada na região.
"Os mesmos policiais que fazem segurança privada para a Hydro foram os
que invadiram a sede da associação.
Acreditamos que as relações são
evidentes.
O Paulo Sergio não tinha qualquer inimigo ou desafeto.
A
única entidade que era inimiga dele é a Hydro", denuncia.
A Hydro informou em nota que "condena firmemente qualquer ação dessa
natureza e repudia qualquer tipo de associação entre suas atividades e
ações contra moradores e comunidades de Barcarena.
A empresa reforça que
sua relação com a comunidade é pautada pelos valores da companhia e
pelo respeito à legislação de proteção aos direitos do cidadão e do meio
ambiente."
Pedido de proteção.
O promotor de Justiça Militar Armando Brasil protocolou em janeiro de
2018 um pedido à Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup)
solicitando a proteção aos membros da associação que estariam sendo
ameaçados e perseguidos.
"Existia um pedido meu de garantia de vida não só apenas dessa pessoa
que foi morta, mas também de todos os integrantes da associação.
O
pedido foi negado pelo antigo secretário alegando que a existia
inquérito instaurado contra a associação", explica o promotor.
No despacho da Segup, foi destacado que o Governo do Estado oferece
programas de proteção através da Secretaria de Justiça e Direitos
Humanos e que pelo menos três membros da associação respondiam por
crimes na Justiça.
A perseguição alegada pela associação se deu a partir de uma suposta
invasão à sede da Cainquiama.
"O meu pedido foi baseado em uma denúncia
de que a dois policiais haviam invadido a casa da Dona Socorro, onde
também funciona a sede da associação.
Depois disso, a associação alegou
que um carro rondava por lá, a sede deles", completa.
O promotor destaca ainda que é cedo para relacionar a morte de Paulo
Sérgio com as investigações que correm sobre a refinaria.
"Sobre a
Hydro, não podemos mencionar nada a respeito.
Tem que ser apurado",
garante Armando Brasil.
O Ministério Público informou em nota que irá aguardar o resultado do
inquérito que investiga as circunstâncias da morte do diretor do
Cainquiama e que, caso as investigações da polícia comprovem o
envolvimento de militares no crime os mesmos serão denunciados e
submetidos às sansões na justiça militar.
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