Em viagem aos EUA, presidente da Câmara avaliou que há outras propostas na pauta que precisam avançar. Mais cedo, nesta terça, ele já havia dito que não há 'nenhum tipo de otimismo' com reforma.
Por Bernardo Caram e Fernanda Calgaro, G1, Brasília
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou
nesta terça-feira (16) que, se o governo não conseguir os votos
necessários para aprovar a reforma da Previdência em fevereiro, a Câmara
não votará mais a proposta.
Pelo cronograma anunciado por Maia ainda no ano passado, a discussão sobre a reforma está marcada para o próximo dia 5 de fevereiro
e a votação, para 19 de fevereiro.
A proposta só será aprovada se tiver
o apoio mínimo de 308 dos 513 deputados, em duas votações.
"Na minha opinião, se não conseguir voto em fevereiro, não vota mais.
Depois, nós vamos ter outras agendas que precisam avançar", disse
Rodrigo Maia, acrescentando que há medidas provisórias na pauta, além do
projeto que restringe o chamado foro privilegiado.
Maia está em Washington,
nos Estados Unidos, em viagem oficial com um grupo de deputados. Ele
deu a declaração durante entrevista a jornalistas brasileiros após
compromisso na Comissão Eleitoral Federal (FEC) do país.
'Nenhum tipo de otimismo'
Mais cedo, nesta terça, o presidente da Câmara já havia dito, durante
um discurso, que tem dado andamento à agenda da reforma, mas "sem nenhum tipo de otimismo".
Segundo ele, a fala não foi pessimista, mas, sim, realista,
acrescentando que não poderia mentir sobre a situação porque "já tem
muito político mentiroso" no país.
"Não fiz discurso pessimista, não posso ir para nenhum ambiente no
Brasil ou no exterior e mentir.
Já tem muito político mentiroso no
Brasil", afirmou.
Rearticulação da base.
O presidente da Câmara voltou a defender nesta terça a necessidade de
rearticulação da base aliada a fim de o governo conseguir o número
necessário de votos.
Pelos cálculos de Rodrigo Maia, a base aliada ao presidente Michel
Temer conta com 250 a 260 deputados e precisaria chegar a algo em torno
de 330.
"Como está no limite dos 308, não precisa de 3/5 de cada partido da base, mas de 90% dos partidos da base", afirmou.
Vice vê apoio menor.
Vice-presidente da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-RJ), que
ocupa interinamente a presidência da Casa na ausência de Maia, considera
que o apoio à reforma da Previdência será “pior” na volta do recesso
parlamentar, a partir de fevereiro.
“Eu sou favorável à reforma, mas o governo não soube comunicar.
Talvez
vai voltar [do recesso] pior do que estava [em termos de votos].
O
governo não passou a comunicação como deveria”, disse ao G1.
Na avaliação de Ramalho, o rebaixamento da nota de crédito do Brasil
pela agência de risco Standard&Poor's (S&P) não mudará a
opinião dos deputados sobre a necessidade de aprovação da reforma.
Quando tomou a decisão, na última semana, a agência apontou como "uma
das principais fraquezas do Brasil" o atraso na aprovação de medidas que
reequilibrem as contas públicas.
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