Técnico em refrigeração de 31 anos passou por 5 médicos da rede pública entre 1º e 9 de janeiro; ele foi diagnostica com rinite, sinusite e enxaqueca.
Por Alan Severiano, Jornal Hoje
Um técnico em refrigeração de 31 anos morreu em Mairiporã, na Grande
São Paulo, sob suspeita de febre amarela, após ter sido atendido e
tratado por vários médicos da rede pública de saúde e receber
diagnóstico de outras doenças.
Em todo o estado a Secretaria da Saúde confirmou 21 mortes pela doença, sendo três delas em Mairiporã.
Até o sábado (13), a Prefeitura já havia vacinado mais de 90% da população.
Fotos feitas por familiares mostram Anderson Lopes cinco dias após
ficar doente, quando estava com a pele completamente amarelada.
Ele
morreu em 9 de janeiro e os exames sobre a causa da morte ainda estão
sendo aguardados.
Anderson não tinha tomado a vacina contra a febre
amarela e deixou dois filhos, de 6 e 8 anos.
As autoridades de saúde tratam o caso como suspeita de febre amarela.
“Ele já estava nas últimas, falou comigo bem baixinho e quando foi na
segunda-feira, ele faleceu.
Para mim foi muito triste, meu filho”, diz a
mãe de Anderson, Anailde de Oliveira.
Foi em casa que Anderson apresentou os primeiros sintomas no dia
primeiro de janeiro: febre, dor de cabeça, dor no corpo.
No mesmo dia,
ele foi levado a um hospital aqui de Mairiporã.
Começava aí uma
peregrinação em busca do diagnóstico e de tratamento.
A a mulher de
Anderson, Maria Dolores, diz que no primeiro hospital municipal, ele
passou por exames e o médico deu o seguinte diagnóstico.
“Ele falou que era rinite, sinusite, deu uma medicação pra febre pra
cortar a dor e deu inalação”, diz a viúva, Maria Dolores Faria Moraes.
Anderson piorou e um dia depois foi parar numa UPA (unidade de pronto
atendimento) do município de Franco da Rocha.
“Fizeram hemograma e exame de urina, aí falou que era infecção de urina mas estava muito leve”, explica a viúva.
No dia 4 de janeiro, ele voltou a procurar os serviços de saúde.
Maria
Dolores conta que os médicos suspeitaram de enxaqueca.
“O médico falou
que podia ser gases. Fez o raio x, e não tinha gases”, diz a viúva.
No dia 5, com dores mais fortes, Anderson ficou numa cadeira de rodas.
E
diante de novos exames, o mesmo médico que tinha atendido ele no dia 1
de janeiro deu a notícia.
“Ele falou assim: ‘vou te dizer uma coisa: seu
marido está com febre amarela’.
Eu falei para ele: ‘doutor, passei com
você dia primeiro, o senhor falou que tinha rinite, sinusite”.
Já muito doente, Anderson foi transferido pra um hospital estadual em
Franco da Rocha, onde o caso se agravou.
Para a viúva, houve descaso,
pois “foram cinco diagnósticos, nove dias pra descobrir.
Só no último
dia o médico fala que foi febre amarela".
O Instituto Adolfo Lutz ainda não divulgou o resultado dos exames para
confirmar se Anderson Lopes de Oliveira tinha febre amarela.
A Prefeitura de Franco da Rocha informou que o paciente foi atendido
três vezes e medicado, sem que houvesse suspeita de febre amarela.
A assessoria do hospital de Mairiporã Nossa Senhora do Desterro, onde
foram feitos os primeiros atendimentos, também não se manifestou.
A secretaria de Saúde do Estado disse que técnicos do governo estiveram
em Mairiporã na semana passada para orientar o município sobre a
triagem e o manejo dos casos suspeitos e que a rede estadual está
capacitada pra diagnosticar pacientes com doenças infecciosas.
A reportagem pediu uma posição dos médicos que atenderam a vítima e aguarda posição.
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