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sábado, outubro 14, 2017

A simplicidade do evangelho




Sempre que leio o Novo Testamento, uma constatação é inevitável: a simplicidade do que Jesus ensinou. 


Sua mensagem, embora eloquente e arrebatadora, é tecida com o fio das coisas simples. 


Ele tem um acurado senso de observação da vida e, sobre ela, constrói uma ponte para nos falar do Céu.


Jesus viveu à margem da religião faustosa de seu tempo. 


Logo no início de seu ministério, escolheu a Galileia para morar. 


A Galileia ficava ao norte de Israel, uma terra simples, rural, onde havia uma boa convivência com a natureza e com estrangeiros. 


Ao sul, ficava a Judeia, lugar do imponente templo e ricos sacerdotes. 


Mas Jesus preferiu juntar-se àqueles “caipiras” de sua época, gente humilde, de sotaque arrastado, capaz de denunciar um Pedro medroso na noite da prisão de seu Mestre.


Desse cenário, Jesus extraiu ricas parábolas. 

Vivas.

Ele podia falar de ovelhas a um público acostumado à vida campestre. 


Podia dizer “Olhai os lírios do campo!”, tendo ao seu redor um manto de relva verde pontilhado dessas belas flores.


E sempre que leio Jesus, uma segunda constatação também é consequente: a grande diferença entre o que Ele ensinou sobre Deus e o nosso intrincado mundo religioso. 


Nesse intervalo de dois mil anos, a religião que se formou em torno dele é algo tão complexo! 


Dogmas. 


Rituais. 


Orações para todos os gostos. 


Mil intercessores. 


Teologias. 


Um exército de homens mercenários, comercializando abertamente o evangelho, construindo teias para complicar o que é simples, atalhos que escurecem o límpido caminho da salvação.


A simplicidade do evangelho contrasta com grandes catedrais. 


Tronos de ouro. 


Luxo. 


Religião-estado. 


Onde o poder não é mais uma virtude divina, e sim poder temporal, eclesiástico, político mesmo. 


Assim está o Brasil de hoje: retalhado em territórios religiosos. 


Vendo avançar esta ou aquela placa de igreja, mas não vendo regredir as mazelas do País.


Simplicidade para reduzir itens da vida. 


Nada dessa voraz teologia da prosperidade, através da qual igrejas ensinam a pecar. 


A pecar pela avareza, cobiça em querer mais e mais. 


No evangelho, Jesus continua dizendo que a vida de um homem não consiste na quantidade de bens que ele possui. 


Simplicidade.


Simplicidade para ser tolerante no trânsito. 


Se alguém quiser nos ultrapassar, que vá em frente, leve a capa e também a túnica. 


Se nos bater moralmente pela janela do volante, que xingue também pelo banco do carona. 


Simplicidade para não revidar. 


Mas até abençoar o perseguidor urbano: que siga em paz e na bênção de Deus!


Simplicidade na interação com o próximo, onde as nossas próprias leis se tornam manuais de amor para o outro. 


Simplicidade infalível, capaz de dispensar excelentes psicólogos e quebrar indústrias de remédio controlado. 


Pois agora o outro não é mais um estranho: ele sou eu mesmo, mais as dificuldades dele, menos os meus próprios erros. 


Simplicidade, na qual meu irmão é um espelho, capaz de refletir para mim exatamente o que eu sou.


Se Jesus aparecesse hoje por aqui, é bem provável que não procurasse algumas igrejas. 


E, se procurasse, expulsaria os modernos cambistas da fé. 


Derrubaria suas barracas de campanha e nos lembraria que a casa de Deus deve ser reconhecida como lugar de oração. 


Simplicidade de culto. 


Simplicidade de Deus.


Muita coisa em que hoje cremos foi construída pela história. 


Por isso, é indispensável uma boa leitura do evangelho. 


Nada de mergulhar cegamente no caudaloso rio da religião. 


É sempre bom olhar a nascente do cristianismo. 


Ouvir o que Jesus tem a dizer. 


Porque, passados dois mil anos, os homens estão complicando muito.



Rui Raiol é escritor

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