Magistrado afirmou nesta quarta (6) no STF que os dois delatores da Lava Jato 'ludibriaram' a PGR. Rodrigo Janot abriu investigação para apurar se executivos da J&F omitiram informações na delação.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta
quarta-feira (6) a prisão do empresário Joesley Batista – um dos donos
da holding J&F – e do diretor de Relações Institucionais da empresa,
Ricardo Saud, ambos delatores da Lava Jato.
Para Fux, os dois delatores "ludibriaram" a Procuradoria Geral da
República (PGR).
Na última segunda-feira (4), o procurador-geral, Rodrigo Janot, abriu investigação para apurar se Joesley e Saud omitiram informações dos investigadores nos depoimentos.
Na última segunda-feira (4), o procurador-geral, Rodrigo Janot, abriu investigação para apurar se Joesley e Saud omitiram informações dos investigadores nos depoimentos.
Dependendo do resultado da investigação, os benefícios concedidos pelo
Ministério Público aos executivos poderão ser anulados, entre os quais a
imunidade penal, que impede qualquer processo criminal contra eles.
"Acho que eles ludibriaram a Procuradoria, degradaram a imagem do
Brasil no plano internacional, atentaram contra a dignidade da Justiça,
mostraram a arrogância dos criminosos de colarinho branco.
Então, eu acho que a primeira providência que tem de ser tomada é prender eles”, afirmou Fux ao chegar nesta quarta-feira ao STF.
Então, eu acho que a primeira providência que tem de ser tomada é prender eles”, afirmou Fux ao chegar nesta quarta-feira ao STF.
No plenário (veja no vídeo abaixo),
o ministro também defendeu que os delatores deixem o "exílio
novaiorquino" para ir ao "exílio da Papuda", em uma referência ao
Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Trechos da gravação
No áudio entregue na semana passada à PGR, Joesley e Saud falam sobre
possível tentativa de gravarem o ex-ministro da Justiça José Eduardo
Cardozo (PT-SP) para o petista "entregar" ministros do Supremo.
O Jornal Nacional apurou que Joesley Batista tentou contratar o
ex-ministro como advogado, mas a proposta foi recusada.
Procurado, Cardozo disse que lamenta todo esse episódio, mas que não fará comentário.
Procurado, Cardozo disse que lamenta todo esse episódio, mas que não fará comentário.
A conversa foi gravada em 17 de março.
Os dois delatores também discutem uma forma de se aproximar de Janot por intermédio do ex-procurador da República Marcello Miller.
Os dois delatores também discutem uma forma de se aproximar de Janot por intermédio do ex-procurador da República Marcello Miller.
À época, eles ainda não haviam iniciado conversas para fechar o acordo de delação, e Miller ainda trabalhava na PGR.
Em nota, a procuradoria-geral da república declarou que Rodrigo Janot
jamais se encontrou com Joesley Batista e nem recebeu Marcello Miller na
condição de advogado do grupo J&F.
Reação de Cármen Lúcia.
Nesta terça (5), dia em que o conteúdo da conversa entre Joesley e
Ricardo Saud veio à tona, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia,
determinou que a PGR e a Polícia Federal investiguem as menções dos dois delatores a magistrados do tribunal.
Em um vídeo divulgado pela assessoria do Supremo, Cármen Lúcia disse
que o objetivo da medida é não deixar “qualquer sombra de dúvida sobre a
dignidade" da Corte e a "honorabilidade" de seus integrantes.
Magistrado mais antigo do STF, o ministro Celso de Mello também criticou o conteúdo da conversa entre Joesley e Saud.
“A necessidade de apuração dos fatos traduz uma exigência não só de
ordem jurídica, mas de caráter ético, eis que as graves insinuações que
transparecem nos diálogos mantidos por determinados agentes
colaboradores mostram-se impregnadas de elementos que, se não forem
cabalmente esclarecidos, culminarão por injustamente expor esta Corte e
os magistrados que a integram ao juízo severo, inapelável e ao juízo
negativo da própria cidadania”, disse Celso de Mello, no início da
sessão de julgamentos desta quarta.
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