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sexta-feira, setembro 08, 2017

Depoimentos de Emilio e Marcelo Odebrecht confirmam a maior parte do que disse Palocci a Moro

O Jornal Nacional mostra o confronto entre o que diz a defesa de Lula e as declarações de Palocci e dos donos da Odebrecht. Há uma contradição: se Emilio falou ou não em valores.


Por Jornal Nacional
Depoimentos têm contradição em relação a valor para PT e Lula
Depoimentos têm contradição em relação a valor para PT e Lula
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recorrido à estratégia de citar depoimentos de outras testemunhas para rebater as acusações contra ele. 

Mas os depoimentos de Emilio Odebrecht e de Marcelo Odebrecht corroboram a maior parte do que disse nesta quarta-feira (6) o ex-ministro Antonio Palocci em depoimento ao juiz Sérgio Moro.

Mas há uma contradição. 
Logo na abertura do depoimento, o Ministério Público esclareceu que Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, não fechou acordo de delação premiada. 
MINISTÉRIO PÚBLICO - Nós não temos acordo de colaboração firmado com o réu aqui presente. 

Ele nos procurou, nós estamos conversando, mas nós não temos nada prometido, nem assegurado, garantido e nem ele nos trouxe elementos de prova que estão sendo utilizados em qualquer momento. 

Era o que eu poderia esclarecer”.
 
Palocci disse ao juiz Sérgio Moro que a eleição de Dilma em 2010 gerou apreensão na Odebrecht. 

E chamou de pacto de sangue um acordo que a empresa fechou com o ex-presidente Lula. 
PALOCCI - Então quando a presidente Dilma foi tomar posse, a empresa entrou num certo pânico e foi nesse momento que o doutor Emilio Odebrecht fez uma espécie de pacto de sangue com o presidente Lula. 

Ele procurou o presidente Lula nos últimos dias do seu mandato e levou um pacote de propinas pro presidente Lula que envolvia esse terreno do Instituto, que já estava comprado, e o senhor Emilio apresentou ao presidente Lula. 

O sítio pra uso da família do presidente Lula que ele já tava fazendo a reforma em fase final e ele disse ao presidente Lula que o sítio já estava pronto e também disse ao presidente Lula que ele tinha, à disposição dele, pro próximo período, pra ele fazer as atividades políticas dele, R$ 300 milhões de reais. 
 
O ex-ministro disse que Lula contou a ele que havia combinado com Emilio Odebrecht repasses de dinheiro - lícito e ilícito. 
E que Dilma sabia. 
PALOCCI - Numa reunião no dia 30 de dezembro de 2010, nessa reunião, o presidente Lula leva a presidente Dilma, presidente eleita, pra que ele diga a ela das relações que ele tinha com a Odebrecht e que ele queria que ela preservasse o conjunto daquelas relações em todos os seus aspectos, lícitos e ilícitos.
 
Palocci relatou que pediu, a Marcelo Odebrecht, R$ 4 milhões para o Instituto Lula.
PALOCCI - Pedi 4 milhões pra ele que é o que o Paulo precisava. 

O Marcelo ficou de dar, ele concordou em dar esse recurso, ele falou que tinha disponibilidade e eu disse ao Brani pra transmitir ao Paulo Okamoto que seria dado os 4 milhões que tinha sido pedido. 
 
A defesa de Lula afirmou que Palocci está preso e sob pressão e negocia com o Ministério Público um acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula. 
“O doutor Emilio Odebrecht prestou depoimento aqui há poucos dias e disse que jamais tratou com o presidente Lula de qualquer valor e de qualquer vantagem indevida. 

O depoimento de Emilio foi prestado com o compromisso da verdade e colide frontalmente com o depoimento hoje prestado pelo ex-ministro Palocci na condição de co-réu”, disse Cristiano Zanin, advogado de Lula. 
A defesa vem usando a estratégia de contestar o conteúdo de depoimentos de pessoas ligadas a Lula, usando depoimentos de outros delatores - como Marcelo Odebrecht e o pai dele, Emilio Odebrecht. 
Os depoimentos, porém, confirmam, grande parte do que Palocci disse, embora apresentem uma contradição. 
Em depoimento prestado à Procuradoria Geral da República em dezembro do ano passado, o empresário confirmou que recebia pedidos de dinheiro de Lula para ajudar nas campanhas. 
EMILIO ODEBRECHT - O pedido de ajuda para as campanhas era feito pelo Lula a mim. 
Esse era o i zero. 

Eu chegava na época do Novis para o Novis, na época o Marcelo pra o Marcelo, dizia que perguntava para Lula: quem é que vai tratar desse assunto? 

Da minha parte vai ser o Novis ou é Marcelo. 

Ele me dizia; é o Palocci. 

Eu dizia: você me faça um favor: avisa ele q ele pode procurar o Novis ou o Marcelo. 
 
PERGUNTA - Isso ainda nas campanhas do Lula presidente?
EMILIO ODEBRECHT - Nas campanhas de Lula presidente. Exatamente isso. 

Aí no caso de Marcelo, ele desenvolveu uma conta corrente que ele dava pra esse pessoal. 

Porque as pessoas queriam valores para efeito do seu planejamento na área de campanhas, as informações que eu tinha, e Marcelo contabilizava tudo e estava querendo sempre reduzir o negócio.
 
Emilio também citou que soube pelo filho Marcelo Odebrecht da existência de uma conta corrente no valor de R$ 300 milhões – mesmo valor citado por Palocci nesta quarta. 
EMILIO ODEBRECHT - Eu sei que ele me deu uma vez, entre quando ele iniciou e até recentemente, antes dele ser preso, era um valor em torno de 300 milhões... era a conta corrente que já tinha dado em uma série de coisas, claro. 

Não é que isso foi o saldo, é que o movimento da conta corrente tinha dado isso.
 
Em junho desse ano, já em depoimento ao juiz Sergio Moro, Emilio disse também que era ele que mantinha contatos com Lula. 
MPF - Especificamente em relação ao período a partir de 2002, em que o senhor esteva no conselho de administração da Odebrecht SA, o senhor realizou reuniões com o então presidente da república Luís Inácio Lula da Silva?
EMILIO ODEBRECHT - Sim, várias reuniões.
MPF - Quem o acompanhava nestas reuniões?
EMILIO ODEBRECHT - De um modo geral era sozinho. Na época que ele era presidente, era sozinho.


No mesmo depoimento a Moro, Emilio afirma porém que, embora recebesse pedidos de ajuda de Lula, não falava em valores com ele. 
Eram intermediários, indicados por ambos, que acertavam as cifras:
EMILIO ODEBRECHT - Existia uma relação cerimoniosa, apesar da relação de confiança, apesar da relação que eu diria até de amizade por longa data que nos conhecíamos, não existia efetivamente algo onde a gente conversasse sobre valores. 

Tanto assim que ele indicava quem seria a pessoa dele, eu indicava quem seria a minha pessoa pra ver como nós ajudávamos. 

E eu orientava o meu responsável, que numa época foi Novis e numa época foi Marcelo, Pedro Novis e na época foi Marcelo, que era pra eles encontrarem uma forma de atender e procurassem compatibilizar alguns fatores.
 
No mesmo depoimento a Moro, Emilio voltou a confirmar o que dissera em dezembro: sabia da existência da conta corrente de 300 milhões, mencionada nesta quarta por Palocci. 

Mas, como disse o advogado de Lula, Emilio negou que tenha informado esse valor a Lula:
MPF - O senhor tem conhecimento de uma movimentação de 300 milhões... 

A favor de Palocci nessa interlocução com seu filho Marcelo?


EMILIO ODEBRECHT - Eu tive conhecimento que Marcelo me trouxe pra eu informar o presidente Lula e eu não levei pro presidente Lula. 
Não levei, porque não levava números pra ele. 
O que eu perguntei é o seguinte, você e o seu interlocutor, o interlocutor indicado pelo presidente acertaram? 

Vocês estão de acordo? 
Pronto. 
Eu não levei. 

Mas esse número, ele me falou que foi o número que ele tinha acertado para o partido. 

Isso foi o que ficou, vamos dizer, acertado. 

Foi o que ele me falou.
 
Emilio Odebrecht, porém, é contraditado pelo seu próprio filho, Marcelo Odebrecht, que no depoimento em dezembro do ano passado à Procuradoria Geral da República, confirmou exatamente o que disse nesta quarta Palocci:
MARCELO ODEBRECHT - Lembra que meu contato era com Palocci. 

Eu não sabia a que ponto o Lula conhecia toda essa nossa dinâmica. 

Na campanha de 2010, nós íamos aparecer doando relativamente pouco. 

Porque lembre que desde 2008 eu vinha fazendo pagamentos a pedido de Palocci. 

Que seriam abatidos então do valor que eu doaria em 2010. 

Então a preocupação que eu tinha é que o Lula soubesse, ora, eu não tô doando só o que tá aparecendo. 

Pra depois ele não vir cobrar mais. 

Então eu pedi a meu pai pra avisar o seguinte: "meu pai, avisa o presidente Lula que a gente tá doando pra campanha da Dilma isso, mas na verdade desde 2008 nós doamos, já efetivamos". 

Aí na época eu falei pra ele, "R$ 200 milhões". 

R$ 100 milhões que eu fechei com Palocci e aí eu estimei que R$ 100 milhões foram fechados pelos meus executivos com os candidatos do PT, eu fiz uma estimativa. 

E eu disse a meu pai, "meu pai, avisa a ele então que a gente já doou 200. 100 via Palocci, 100 meus executivos". 

E aí Palocci veio pra mim, por isso que é uma maneira de eu saber que o Lula sabia, porque o Palocci veio pra mim e disse: "Ó, doutor Marcelo", ele não teria como saber disso se não estivesse escutado de Lula. 

Ele veio pra mim e falou: "Marcelo, seu pai falou pra Lula que vocês já acertaram 300. 100 seus executivos e 200 nosso". 

Aí eu falei: "Peraí, peraí peraí. Foi 200, o que incluiu 100".
 
Diante dessa contradição, o advogado de Lula, Christiano Zanin, quis saber de Palocci nesta quarta se Emilio havia mentido:
CHRISTIANO ZANIN - Então o senhor Emilio teria mentido no depoimento que prestou perante esse juízo?
 

PALOCCI – Eu não acredito que ele tenha mentido. 

Ele pode ter esquecido, ter se confundido a reunião que não era... 

Isso que eu quero lhe dizer. 

Não era prática do doutor Emilio tratar de reservas de recursos com presidente Lula. 

Não era prática. 

Eu estive em dezenas de reuniões com ele, e esse assunto não era pauta das reuniões. 

Mas nessa foi. 

Esse foi o espanto do presidente Lula. 

Não esse bando de ter disponíveis os R$ 300 milhões. 

Ele gostou disso, tanto é que na segunda vez, falou que o doutor Emilio tinha confirmado os presentes. 

Que poderia ser mais. Pra eu cuidar disso. 
Não era para cuidar do espanto dele. 
Pra cuidar do dinheiro.
 
Os depoimentos esclarecem outros pontos citados por Palocci. 

No depoimento de dezembro a procuradores, Emilio Odebrecht disse que Lula deu a entender que sabia das obras no sítio de Atibaia.

EMILIO ODEBRECHT - No final do ano, penúltimo dia de mandato do Lula, do último mandato, eu tive com ele. 

Lá no Palácio do Planalto. E aí eu disse "olhe, chefe, você vai ter uma surpresa. 

Nós vamos garantir o prazo que nós tínhamos dado naquele programa lá do sítio. 

Ele não fez nenhum comentário, mas também não botou nenhuma surpresa, coisa que eu... eu entendi não ser mais surpresa.
 
Nesta quarta, Palocci falou sobre a insistência de Marcelo Odebrecht para aprovar uma medida provisória de interesse da empresa.

Disse que o ex-ministro Guido Mantega entrou na negociação e pediu R$ 50 milhões. 
PALOCCI - O Marcelo pede a mim, mas eu digo, “olha você tem que resolver com o Guido”, tal. 

Ele pede parcelamento do pagamento, porque ali, já era doutor. 

Diferente da MP 460, a MP 470 já era uma coisa muito mais amena. 

E me disse o Marcelo na época, ele me disse que o ministro Guido havia solicitado 50 milhões para ele.
 
Marcelo Odebrecht já havia falado no mesmo valor no depoimento aos procuradores. 
MARCELO ODEBRECHT- Uma vez que a gente chegou a negociar todo mundo uma medida provisória, o Lula vetou a medida provisória, porque o alinhamento com Guido ainda não estava pleno, e se evoluiu para um refis (...) Mas era muito importante, e decorrente disso veio esse compromisso de 50 milhões perante o Guido.
 
Marcelo também confirmou os R$ 4 milhões ao Instituto Lula, citados por Palocci. 
MARCELO ODEBRECHT - Teve uma doação ao Instituto em 2014, de R$ 4 milhões, que foi abatido também do saldo. 

Essa sim é uma prova que eu tenho que esse assunto foi pro Instituto, porque foi abatido do saldo Amigo.
 

O que dizem os citados

 

A defesa de Lula afirmou que o ex-presidente jamais tratou de vantagens indevidas com o ex-ministro Antonio Palocci ou com qualquer outra pessoa ou empresa, e que o depoimento de Palocci é mentiroso e foi fabricado para superar a ausência de provas contra Lula. 
A ex-presidente Dilma Rousseff declarou que jamais ocorreram reuniões para tratar de facilidades à Odebrecht, que os relatos de propina são mentira, que todas as supostas conversas descritas por Palocci, com a participação de Dilma, são ficção, e parte de uma estratégia de alguém que busca os benefícios de delação premiada. 
José Sérgio Gabrielli disse que a construção de sondas no Brasil era um projeto estratégico, que as condições econômicas desse projeto eram muito estritas e não havia, segundo ele, margem para outros pagamentos. 

Gabrielli também afirmou que não se recorda de referência a financiamento de campanha em reuniões com Lula ou Palocci.
O PT declarou que rechaça o depoimento de Antonio Palocci. 

Segundo partido, o depoimento se soma a outras tentativas da lava jato de incriminar o ex-presidente Lula, sem apresentar provas. 
O Jornal Nacional não conseguiu resposta do ex-ministro Guido Mantega.

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