Na nota, a ANPR rechaça “os ataques claramente pessoais” proferidos por Gilmar Mendes e afirma que é “estranho e espanta o país” assistir a um ministro da Suprema Corte “tecer considerações pessoais, com expressões rudes e juízos definitivos sobre um cidadão, um membro de outra instituição, autoridade que sequer tinha ou caberia ter qualquer conduta sob escrutínio da Corte neste momento ou neste processo”.
A associação enfatiza que nem o ministro e nem o país precisam se preocupar com a falta de apuração da validade do acordo de colaboração da JBS, “pois a situação já está sob investigação”.
A nota, assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, esclarece que a associação “repudia qualquer ataque aos membros do Ministério Público Federal, em especial, ao ex-procurador-geral da República que conduziu a instituição de forma exemplar nos últimos quatro anos, fazendo dela referência no combate à corrupção”.
Durante a sessão desta quarta-feira (20), o ministro Gilmar Mendes criticou Janot ao comentar o processo contra Michel Temer e declarou que “com esse tipo de denúncia, [Janot] vai conseguir superar o nosso clássico Dr. Cláudio Fonteles, em termos de inépcia de denúncia”.
O ministro comparou Janot ao também ex-PGR Cláudio Fonteles, que assumiu a chefia do Ministério Público entre os anos de 2003 e 2005.
Gilmar continuou dizendo que Janot não tem “nenhuma responsabilidade com o resultado” da denúncia e declarou que o ex-PGR deixou para sua sucessora uma “responsabilidade enorme”.
Veja a íntegra da nota da ANPR:
ANPR rechaça críticas pessoais de Gilmar Mendes ao exprocurador-geral da República Rodrigo Janot
Brasília (20/09/2017) - A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) vem a público rechaçar, uma vez mais, os ataques claramente pessoais proferidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes na sessão desta quarta-feira, 20, em relação ao ex procurador-geral da República Rodrigo Janot.
A avaliação jurídica de fatos por um magistrado é livre e base de sua função jurisdicional. Mas é estranho e espanta o País – mais uma vez – assistir a um Juiz, a um Ministro da Corte Suprema, usar o sagrado assento que ocupa, e suas prerrogativas, para tecer considerações pessoais, com expressões rudes e juízos definitivos sobre um cidadão, um membro de outra instituição, autoridade que sequer tinha ou caberia ter qualquer conduta sob escrutínio da Corte neste momento ou neste processo.
Com objetivo de criar o pano de fundo para críticas gratuitas e sem nexo jurídico a Janot, o ministro Gilmar Mendes tomou como verdades informações oriundas de gravações ainda sob investigação e declarações na imprensa de investigados sobre os quais manifesta a opinião de serem envolvidos com crime.
Também irresponsável e lamentável de parte do Ministro Gilmar foi tentar lançar na lama nomes de outros membros do MPF – o Procurador da República Anselmo Lopes e o Procurador Regional da República Eduardo Pelella –, sem qualquer elemento para tanto.
Não precisa, de toda a forma, preocupar-se o ministro ou o País com falta de apuração, pois a situação já está sob investigação.
A ANPR repudia qualquer ataque aos membros do Ministério Público Federal, em especial, ao ex-procurador-geral da República que conduziu a instituição de forma exemplar nos últimos quatro anos, fazendo dela referência no combate à corrupção.
José Robalinho Cavalcanti
Procurador Regional da República
Presidente da ANPR
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